Chuva de granizo e temporal provocam estragos em BH
Segundo especialista, granizo é resultado de forte calor e alta umidade
Por
Jéssica Mayara - Especial para o EM
28/12/2021 18:40 - Atualizado em 29/12/2021 07:22
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Nesta terça-feira (28/12), conforme alerta emitido pela Defesa Civil de Belo Horizonte, uma forte chuva atingiu a capital mineira, com ocorrência de granizo. Nas últimas horas - entre 17h09 e 19h40 -, a Região do Barreiro foi a mais afetada, tendo um acumulado de chuva de 41 mm.
Na Região Centro-Sul, esse acumulado chegou aos 39,8 mm. Logo em seguida, aparecem as regionais Nordeste (18,4 mm), Leste (13 mm), Norte (11,6 mm), Oeste (11,4 mm), Noroeste (7,6 mm), Venda Nova (4,4 mm) e Pampulha (2,4 mm).
No que corresponde ao acumulado no mês de dezembro, a Região Centro-Sul já superou o esperado para o último mês do ano. Os ventos também foram fortes, com a Região Oeste registrando rajadas de vento de 70,56 km/h. Já a regional Pampulha registrou ventos em torno de 60,48 km/h. No Barreiro/Ibirité, as rajadas de vento chegaram a 54,72km/h.
Segundo o meteorologista da Climatempo, Ruibran dos Reis, os temporais e as pedras de gelo desta terça-feira muito tem a ver com as altas temperaturas registradas em BH ao longo do dia, além, claro, da alta umidade.
Ainda conforme o especialista, apesar do granizo, o mais preocupante são os fortes temporais e raios. “A temperatura máxima na capital nesta terça-feira foi de 32,1°C. A umidade relativa do ar mínima foi de 39%, uma alta umidade relativa do ar, o que favorece a formação de temporais para essa época do ano, formando nuvens cumulonimbus, nuvens que causam raios e no interior delas têm muito granizos.”
“Como a temperatura está muito elevada e tem muita umidade, se formaram vários aglomerados de nuvens nas regiões Oeste e Sul do estado, que estão se deslocando para a Região Central. Então, essa possibilidade de chuva de granizo existe, mas seriam pedrinhas de pequena intensidade, nada significativo. O comum nessa época do ano são temporais isolados com muitos raios”, explica.
E os belo-horizontinhos sentiram o impacto dos temporais já na primeira hora de chuva. É que em determinados pontos da cidade algumas pessoas encontraram dificuldades para transitar. Foi o caso de uma van que ficou presa em um alagamento na Rua Joaquim Murtinho, no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
O motorista da van, Daniel Henrique de Almeida, voltava para a casa com o filho quando a van apagou no meio da rua, que se encontrava já alagada no momento. Os dois, então, abandonaram o veículo com a água abaixo da cintura. Somente algum tempo depois, após a água baixar, um jipe que passava pelo local rebocou a van.
E falando em riscos e locais alagados, a comerciante Maria Rita de Moraes, de 69 anos, começou a noite tirando água do seu comércio familiar, previsto para ser inaugurado nesta quinta-feira (30/12). Ela conta que a sua loja, que fica na esquina da Rua Joaquim Mutinho com Marques de Marica, com menos de 30 minutos de chuva, teve o piso encoberto de água. Conforme os relatos da senhora, com mais 10 minutos, o estrago seria grande.
"A rua lotou de água em pouco tempo. Virou um rio de água. E a nossa loja é de esquina e começou a entrar água. E, graças a Deus, quando começou a entrar, a chuva já estava parando, porque ia entrar muito. Não tivemos muitos prejuízos porque a água estava muito intensa na rua, mas a chuva já estava parando. Mas, mais dez minutos, ia ter perda. Ainda bem que estávamos todos na loja, limpando."
Mesmo sem perdas momentâneas, Maria Rita de Moraes destaca que, agora, ela e sua família aguardam para ver se o comércio conseguirá ser inaugurado a tempo. Além disso, estão torcendo para que os freezers onde os peixes congelados são armazenados não tenham queimado com água que passou por baixo. Por fim, a comerciante desabafa que ficou desapontada, já que não sabia que o local era ponto recorrente de casos como esse.
"Os moradores vieram nos ajudar com dicas do que fazer, e nos contaram que é sempre assim, que já teve até casal que morreu naquela rua, arrastado pela rua. Ficamos com medo, porque não sabíamos disso."
Inclusive, devido ao risco de inundação, a Rua Joaquim Murtinho com a Avenida Prudente de Morais já se encontrava interditada pela Defesa Civil de BH por risco de transbobrdamento do córrego do Leitão. Outras ruas da capital também foram fechadas pelas autoridades, como a Avenida Francisco Sá com Avenida Amazonas e a Avenida Teresa Cristina, sob risco de inundação do Córrego Ferrugem e Ribeirão Arrudas, ambas desobstruídas em seguida.
Em outro ponto da capital, na Avenida do Contorno, um tronco de árvore interditou o trânsito por alguns minutos. A própria BHTrans precisou fazer o serviço e retirar os galhos do caminho.
CUIDADOS
A Defesa Civil orienta que as pessoas procurem um lugar seguro para se alojarem e que não permaneçam em áreas abertas como campos de futebol, quadras de tênis e estacionamentos.
Também pede para que as pessoas não fiquem no alto de morros, topo de prédios, torres de linhas telefônicas e de energia elétrica. Não é recomendável estacionar debaixo de árvores.
Os moradores de Belo Horizonte podem receber os alertas de risco de chuvas fortes, granizo, tempestades, vendavais, alagamentos, risco de deslizamentos de terra e outros fenômenos meteorológicos por SMS.
Para se cadastrar, basta enviar uma mensagem de texto com o CEP da sua rua para o número 40199 e uma mensagem de confirmação será enviada na sequência. O serviço não tem custo.
A população também pode acompanhar os alertas e as recomendações da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil por meio do Instagram, Twitter, Facebook e pelo canal público do Telegram no endereço: defesacivilbh.