Jornal Estado de Minas

ESTRAGOS

Chuvas causam deslizamentos e deixam 55 desalojados em Pitangui

“Graças a Deus estamos bem e vamos superar”. A declaração otimista e que carrega esperança é da dona de casa Patrícia Barcelos, de 29 anos. Ela é uma das 55 pessoas que ficaram desalojadas em Pitangui, no Centro-Oeste de Minas, por causa das chuvas que assolaram o município no final de semana. 





Sete pessoas estão alojadas, temporariamente, em um hotel e as demais foram levadas para casas de parentes e amigos. A Defesa Civil ainda calcula os estragos gerados. 

As primeiras ocorrências foram registradas ainda na sexta-feira (31/12). 18 pessoas passaram a virada do ano fora de casa. O balanço foi divulgado nesta segunda-feira (3/1).

O escorregamento de um barranco atingiu três residências deixando as estruturas comprometidas, segundo o Corpo de Bombeiros. Com o deslizamento, os destrosos atingiram parte de uma cozinha. O cachorro e o gato que estavam no local morreram. Nenhuma pessoa ficou ferida. Os imóveis ficam às margens da BR-352, próximo ao Bairro Santo Antônio. 

Já na madrugada de domingo (2/1), outros 37 moradores de um prédio precisaram sair. O imóvel de três andares fica na Rua Maravilhas, no Bairro Chapadão. “No local, os bombeiros militares verificaram sinais de danos estruturais em dois pilares da edificação, constatando uma situação de risco iminente”, informou os bombeiros.





Patrícia, os filhos de dois e 10 anos, e o marido estão entre estes moradores. “Quando ouvimos o primeiro estralo eu e meu marido não nos levantamos. No segundo fomos até a cozinha para ver o que era. Chegamos na janela e não vimos nada. Quando íamos para a rua ver o que era, teve o terceiro estralo e vimos a área externa no primeiro pavimento desabar”, relembra. No local ficara uma lavanderia.

Ela mora do apartamento há seis anos, assim como as outras 12 famílias. Abrigada na casa da mãe provisoriamente, hoje, embora tenha o medo de não poder voltar mais, ela agradece por estarem a salvos. 

“É muito triste, não sei nem explicar. Está tudo preso dentro de casa. Saímos só com a roupa do corpo, praticamente, porque não tinha como tirar nada. É ver a casa da gente e não saber se poderemos voltar. Nem sei se quero ou alguém vai querer voltar. Mas graças a Deus estamos bem e vamos superar”, afirma.

O primeiro pavimento de um prédio desmoronou e foi interditado em Pitangui (foto: Divulgação/Gave G3)


Levantamento


O setor de engenharia da prefeitura ainda está avaliando parte dos imóveis interditados. Outros 15 chamados foram registrados. Em alguns casos, os moradores continuam nos imóveis aguardando o relatório dos engenheiros.





Esta é a situação, por exemplo, de uma casa no Bairro Chapadão. Parte da estrutura de um muro desabou. “Seis pessoas continuam na residência. Pedi ao engenheiro e ao desenvolvimento social para avaliarem e eles ainda não foram levados, pois a engenharia vai me dizer se há perigo ou não, continuando a chuva até domingo como está previsto, de parte do imóvel, próximo ao barranco, ser levado”, explicou o secretário de Meio Ambiente e Assessor de Segurança Pública e Trânsito, Coronal Alberto Luiz Alves.

Caso haja risco de um novo desmoronamento, os moradores serão retirados do imóvel. A Defesa Civil também acompanha o nível do Rio Pará. Monitoramento diário é feito junto a coordenadoria do órgão estadual.
Três casas foram interditadas com risco de desmoronamento em Pitangui (foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)


Previsão


As chuvas intensas devem dar uma trégua até quarta-feira (6/1) nos municípios do Centro-Oeste de Minas. Para os próximos dias a previsão é de pancadas isoladas e trovoadas. Entretanto, o cenário de estabilidade deve alterar na quinta-feira (7/1).

“A previsão é de redução do volume da chuva até quarta e intensificação a partir de quinta-feira com o avanço de uma nova frente para o litoral da região sudeste”, explicou a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Anete Fernandes.
 
*Amanda Quintiliano especial para o EM