Nos últimos dias, laboratórios e farmácias registraram uma explosão de procura por testes de COVID-19 e, consequentemente, de resultados positivos para a doença. De novembro para dezembro, a demanda dobrou e pode ter um crescimento ainda maior agora, após as festas de fim de ano. A explicação para isso está associada à chegada da variante Ômicron e, também, ao aumento de casos de gripe, já que os sintomas são parecidos.
No laboratório Lustosa, em Belo Horizonte, por exemplo, depois de uma queda de 22% na semana de 6 a 11 de dezembro, houve um aumento de 65% na procura por teste entre os dias 13 a 18, quando 3,1% deles foram positivos para o novo coronavírus. Depois do Natal (27/12 a 31/12), o número de testagem teve um salto de 22%, assim como o de confirmados com a doença, que foi para 10,8%.
Já na Drogaria Araújo, os dados mais recentes mostram que entre novembro e dezembro, houve um aumento de 25% na procura. Na semana de 13 a 19 de dezembro, foram realizados 6.597 testes e 2,21% foram reagentes. Na semana seguinte, ente os dias 20 e 26, foram 11.335 testes realizados, com 6,64% casos positivos.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto, o setor não estava preparado para todo esse aumento na demanda.
“O pico de testes foi entre março e maio de 2021. Chegamos a fazer cerca de 450 mil testes por semana. Esse número foi caindo, se estabilizando, e no final de novembro estávamos fazendo em torno de 80 mil testes semanalmente. O que aconteceu em dezembro, com a chegada da síndrome gripal e essa nova variante ômicron, a gente viu uma explosão pela procura por testes”, explicou.
“O pico de testes foi entre março e maio de 2021. Chegamos a fazer cerca de 450 mil testes por semana. Esse número foi caindo, se estabilizando, e no final de novembro estávamos fazendo em torno de 80 mil testes semanalmente. O que aconteceu em dezembro, com a chegada da síndrome gripal e essa nova variante ômicron, a gente viu uma explosão pela procura por testes”, explicou.
Nesta terça-feira (4/1), ele informou que um sistema utilizado pelas farmácias do país registrou mais de 45 mil laudos. “Estamos hoje na faixa de 180 mil testes nas últimas semanas, mas acredito que nessa última semana de 2021 e começo de 2022, deve ter dobrado a quantidade”, afirmou. Por isso, ele contou ainda que toda rede do país foi pega de surpresa, já que no final de novembro estavam sendo feitos cerca de 80 mil testes por semana e agora eles vão ter que reabastecer.
“Nas nossas grandes redes, em Belo Horizonte, por exemplo, temos a Araújo, eles têm centro de distribuição próprio. Compram na indústria e funcionam como um auto regulador, à medida que vão fazendo, eles vão liberando no estoque. Mas outras farmácias, a maioria, não tem esse sistema”, disse.
Para solicitar mais testes, existe uma logística que demanda tempo. “Tem um determinado delay. Você faz o pedido para o fabricante, ele leva um tempo para liberar o pedido, tem ainda a operação logística, vai para o centro de distribuição da rede e de lá que vai para a loja”, acrescentou.
Para solicitar mais testes, existe uma logística que demanda tempo. “Tem um determinado delay. Você faz o pedido para o fabricante, ele leva um tempo para liberar o pedido, tem ainda a operação logística, vai para o centro de distribuição da rede e de lá que vai para a loja”, acrescentou.
Falta de insumos
Por isso, as farmácias estão com um sistema de agendamento para cerca de dois a três dias depois do solicitado e, em algumas, até mesmo a falta de kits para testagem. “Coincidiu ainda com o período de recesso dos fabricantes. A indústria farmacêutica normalmente entra em férias coletivas de 20 de dezembro até 17 de janeiro. Você faz o pedido até 15 de dezembro e vão chegando no sistema de logística, mas depois dessa data não se faz mais pedido”, ressaltou Sérgio.
No entanto, ele garantiu que nas próximas semanas é possível voltar a normalizar. “Fizemos novos pedidos e o que tinha de logística, agora que passou esse período de festas, algumas empresas já voltaram ao normal. A tendência é se estabilizar em um outro patamar, mais alto”, afirmou. Ele ainda destacou que não são somente kits de testes que estão em falta nas drogarias.
“Estamos vivendo uma síndrome gripal, não é só teste que está em falta, os antibióticos também estão. Essa gripe é mais forte que a H1N1 e tem muito médico prescrevendo antibiótico e essa não é uma época que tem muita demanda deste tipo de medicamento, a previsão era em março, abril e maio, época da síndrome gripal do inverno”, informou dizendo que muitas farmácias estão precisando reabastecer a Amoxicilina, por exemplo.
Segurança dos testes
No início da pandemia, os primeiros testes para detectar o novo coronavírus foram desenvolvidos pela China, local onde foram confirmados os primeiros casos da doença. Com poucas informações sobre o comportamento do vírus e da doença na época, muitas dúvidas surgiram, já que a maioria dos testes no início foram submetidos a uma aprovação emergencial pelos órgãos reguladores.
Hoje, Sérgio garante que são todos seguros e confiáveis. “Hoje o teste que se faz em farmácia é o mesmo de um laboratório de análises clínicas. São de grandes fabricantes. No começo da pandemia os testes eram ruins, de qualidade muito baixa”, disse.
Hoje, Sérgio garante que são todos seguros e confiáveis. “Hoje o teste que se faz em farmácia é o mesmo de um laboratório de análises clínicas. São de grandes fabricantes. No começo da pandemia os testes eram ruins, de qualidade muito baixa”, disse.
“Ao longo do tempo, os grandes fabricantes entraram nessa produção. O Brasil mesmo, tem a CBDL – Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial - criou um programa de acreditação. Todos os testes que foram colocados no mercado desde maio e junho de 2020, já passaram por um programa de acreditação e são 98% de credibilidade e muito fiéis”, acrescentou.
“O que importa não é a qualidade do teste porque ela é altíssima. Importante é o protocolo correto. O teste de antígeno, por exemplo, precisa ter de 3 a 5 dias de sintomas.”