Com um saxofone e muita esperança, o senhor Leopoldino Ribeiro, de 89 anos, animava o Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte. Desde os primeiros dias, o idoso tocava suas músicas favoritas em seu quarto como uma forma de deixar o tratamento mais alegre.
“A música é a minha vida”, afirma Leopoldino, que é grande fã de artistas brasileiros, principalmente do rei Roberto Carlos. Mas sua canção favorita de tocar é Meus Tempos De Criança (A Professorinha), de Miltinho Rodrigues.
Em novembro do ano passado, o senhor Leopoldino foi internado com Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e recebeu alta nesta terça-feira (4/1). E sua música já deixou saudade nos corredores do hospital.
“É uma honra ver ele tocando. Isso o deixa mais tranquilo e ameniza o sofrimento da internação prolongada. É gratificante para nós e para ele trazer alegria aos demais pacientes internados”, contou Nahara Ribeiro, filha do músico. Ela o acompanhou durante todo o processo do tratamento.
Nativo de Caraí, no Norte de Minas, Nahara conta que o senhor Leopoldino é bastante conhecido na cidade por causa dos talentos com saxofone. Há cerca de 40 anos, o instrumento vem sendo um companheiro para ele. Mas o saxofone e os corredores do Madre Teresa se encontram por “coincidência”.
Segundo Nahara, o instrumento estava em BH para ser consertado antes de Leopoldino entrar no Hospital. Assim que ficou pronto, a família pediu para deixá-lo com o idoso, que tinha acabado de dar entrada no Madre Teresa para começar o tratamento.
“Falaram que o saxofone podia entrar, mas não poderia ser tocado. E assim a gente fez. Mas como é uma coisa que ele gosta e faz parte da rotina dele, ele começou a limpar o instrumento. Um dia, uma enfermeira enfermeira autorizou tocar e, desde então, não parou”, afirmou a filha.
Os médicos também autorizaram o idoso a tocar o saxofone pois ajudaria no tratamento da DPOC como um “exercício para o pulmão”.
Além de ajudar em seu tratamento, a música também era uma graça para outros pacientes. “Quando meu pai tocava, o quarto ficava cheio de gente. Às vezes, eles até cobravam: ‘cadê o tocador?’. Só alegria”, conta Nahara.
Na noite de natal do ano passado, vários pacientes saíram dos seus quartos para ir ver o tocador.
* Estagiária sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira