Jornal Estado de Minas

POLÊMICA

Ministério Público tenta impedir demolição de 27 casas do Beco dos Fagundes

Uma reunião da Mesa de Diálogo Estadual que está ocorrendo desde às 10h desta terça-feira (4/1), realizada com autoridades de Betim, tenta mediar o impasse entre a Prefeitura da cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e representantes dos moradores do Beco dos Fagundes, do Bairro Jardim Teresópolis, para que haja o adiamento do despejo e demolição de 27 casas no local.




 
Duas defensoras públicas, dois promotores do Ministério Público que atuam em Betim e o procurador do Ministério Público, Afonso Henrique de Miranda, apontam uma série de ilegalidades e arbitrariedades que constam na decisão judicial da demolição, realizada por um juiz de plantão.
 
A defensoria pública de Minas Gerais, o Ministério Público de Minas Gerais, e advogados populares entrarão com recurso no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ao término desta reunião, ainda nesta terça-feira (4/1), com o juiz de plantão na Comarca de Betim, exigindo a suspensão de despejo e o envio do processo para a mesa de negociação estadual.
 
“Todas as autoridades que estão nesta reunião estão reivindicando o adiamento do despejo destas 27 famílias e a abertura de negociação, mas como absurdo, o prefeito de Betim, Vittorio Medioli, enviou mensagem, exigindo o despejo amanhã, quarta-feira, conforme anunciado. É uma covardia a falta de abertura para o diálogo para evitar derramamento de sangue, tragédias”, disse o representante da Comissão Pastoral da Terra, presente na reunião, Frei Gilvander.




 
“Se a polícia insistir em demolir as casas amanhã, estará fazendo uma ilegalidade. Seguimos com a esperança de que um juiz ou um desembargador derrube esta decisão insana, brutal, desumana, ilegal e inconstitucional”, pontuou o representante da Comissão Pastoral da Terra.
 
Lista de arbitrariedades apontadas pelas autoridades sobre a decisão judicial de despejo e demolição dos imóveis do Beco dos Fagundes:
 
  •  O juiz de plantão decidiu sem laudo de perito judicial que dissesse que de fato existe risco geológico nas 27 casas. O perito judicial precisaria de 90 dias para realizar o laudo. O juiz titular do caso foi contra a demolição das casas há dois anos.

  • A decisão judicial foi feita sem avaliar o valor econômico das casas, sem avaliar a necessidade da demolição. 

  • Prefeitura realizou ação sem alternativa digna e prévia, segundo as famílias: há a promessa de R$ 450 de auxílio de aluguel e cassas populares de 36m² ainda sem ligação de água e luz, o que não está sendo aceito pelos moradores.

  • Não teve laudo imparcial de geólogos. O laudo apresentado foi o da Defesa Civil de Betim. Na reunião estão participando dois geólogos que se dispuseram a realizar gratuitamente um laudo geológico imparcial e idôneo. Para isso precisam de 30 dias.

  • As 27 casas na mira da demolição estão no plano, longe do barranco cerca de 300 a 400 metros de distância do local apontado como fator de risco. Casas sem nenhuma rachadura ou danos visíveis de estrutura, segundo representantes dos moradores.
 





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