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Estado de Minas FILA NO AMBULATÓRIO

BH: Pessoas com sintoma respiratório lotam emergência de hospitais privados

Espera em prontos-socorros particulares da capital ultrapassa três horas; filas aglomeram mais de cem pacientes


05/01/2022 14:29 - atualizado 06/01/2022 08:40

Pronto-socorro do hospital Life Center
Fila no Life Center: 33 pacientes com sintomas respiratórios aguardavam atendimento no fim desta manhã (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
O convênio médico está longe de garantir assistência rápida nos prontos-socorros de Belo Horizonte nesta quarta-feira (5/1). Assim como as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da capital, os hospitais privados estão lotados de pacientes com sintomas respiratórios. Em diversas instituições, a espera por uma consulta ultrapassa três horas. 

Ao longo desta manhã, o Estado de Minas percorreu quatro estabelecimentos de saúde das regiões Centro-Sul e Leste. O hospital Felício Rocho, no Bairro Santo Agostinho, era o mais movimentado. A fila para o atendimento, com quase cem pessoas, transbordava para a calçada. O público, em sua maioria, usava uma pulseira azul que, segundo funcionários da instituição, identifica pacientes com quadro gripal. 

A técnica de enfermagem Heloiza Gomes diz que chegou ao local por volta de 9h. As 12h30, sequer tinha sido chamada para o preenchimento da ficha de triagem hospitalar. “E o pior é que não tenho para onde correr. Antes de vir para cá, tentei outros dois hospitais conveniados ao meu plano de saúde, que também estavam lotados. O jeito é aguardar”, conforma-se a jovem. 

Pronto-socorro do hospital Felício Rocho
Hospital Felicio Rocho: sala de espera do pronto-socorro reunia mais de 100 pessoas nesta quarta-feira (5/1) (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
O aposentado Erlande Ventura também reclama da demora. Ele conta que veio acompanhar a filha e a esposa. A primeira está com sintomas respiratórios e outra está com dores na coluna. “Mais de uma hora que estou aguardando e ainda nem fiz a ficha. Está ruim para todo canto, para quem tem plano de saúde e para quem não tem”, queixa-se.

Aglomeração

No Hospital da Unimed, no Bairro Santa Efigênia, a reportagem contou ao menos 70 pessoas à espera de atendimento no segundo andar, ala destinada exclusivamente aos casos leves de síndrome gripal. No setor destinado à realização de testes de COVID-19, o movimento também era intenso. 

Pronto-socorro do hospital da Unimed
Hospital da Unimed: fila também era grande no setor de testes para a COVID-19 (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
No Hospital Vera Cruz, situado no Barro Preto, cerca de 40 pacientes com sintomas gripais aguardavam assistência entre 11h e 11h30. O grupo era identificado por uma pulseira rosa, conforme informaram recepcionistas e seguranças.

A instituição chegou a reservar um espaço exclusivo a este público para evitar a propagação de viroses mas, diante da grande demanda desta manhã, a mistura foi inevitável. 

Quem recorreu ao ambulatório do hospital Life Center esta manhã também não escapou das filas. Por volta de 10h30, 33 conveniados com sintomas gripais esperavam por uma consulta médica do lado de fora do saguão, onde foram reunidos para evitar a contaminação de outros pacientes. “Estou gripado, cheguei faz mais de uma hora. Todo lugar está assim, é um inferno”, diz o assistente administrativo Fernando Santos. 

Pronto-socorro do hospital Vera Cruz
Hospital Vera Cruz: pacientes lotaram pronto-atendimento esta manhã (5/1) (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)


Reforço na emergência

O EM procurou os quatro hospitais percorridos esta manhã. A Unimed-BH informou que, desde segunda-feira (3/1), registrou 3.867 atendimentos presenciais, aumento de mais de 44% em relação a quatro semanas atrás. "Em relação ao perfil dos casos, a Unimed-BH vem percebendo um aumento dos casos positivos de COVID-19 e de casos respiratórios causados por outros vírus. O crescimento da demanda também tem ocorrido na rede prestadora", diz a nota enviada à reportagem. 

A empresa destacou ainda que tem adotado medidas para ampliar a capacidade de atendimento de suas unidade, tais como o reforço de suas esquipes e maior oferta de consultas on-line. 

O Hospital Vera Cruz esclareceu que o estabelecimento ampliou em 100% a sua capacidade de atendimento de emergência antecipando crescimento das demandas de síndromes gripais. "Apesar do crescimento no número de consultas, nas últimas semanas, não houve aumento nos casos internações relacionadas a síndromes respiratórias e nem óbitos", afirma o texto encaminhado pela Hapvida, detentora da Promed, que administra o hospital. 

O Life Center e o Felício Rocho não se manifestaram até a última atualização desta matéria. 

Gargalo nas internações

Pronto-socorro do hospital Vera Cruz
Hospital Vera Cruz: pacientes lotaram pronto-atendimento esta manhã (5/1) (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
A pressão sobre os serviços de saúde também se reflete na ocupação de leitos da capital mineira. Cerca de 75% de todas as enfermarias dedicadas ao tratamento de pacientes com a COVID-19 estão ocupadas. Todas as vagas disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) estão preenchidas.

Para evitar gargalo nos serviços, o Secretário Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado Pinto, anunciou que a Prefeitura vai abrir mais 70 leitos até este fim de semana.

Atendimento nas UPAs

Em 2021, as nove UPAs contabilizaram cerca de 122 mil atendimentos por doenças respiratórias, sendo 11 mil atendimentos realizados em novembro/21 e cerca de 10 mil atendimentos em dezembro/21. Já nos centros de saúde, em 2020 foram realizados cerca de 273 mil atendimentos por doenças respiratórias e, em 2021, 399 mil (dados até 26/12).

A cobertura vacinal contra influenza está em cerca de 75%. Desde 19 de julho, a vacina contra a gripe está sendo aplicada na população em geral, a partir dos 6 meses de idade. Em 2020, a cobertura vacinal da campanha contra a gripe foi de 96,5%. A meta estipulada pelo Ministério da Saúde é imunizar 90% dos grupos prioritários.

Em Minas, a Secretaria de Estado de Saúde já confirmou 305 infecções pela doença em todo o estado, ou seja, mais que o dobro dos episódios registrados até 26 de dezembro, quanto as estatísticas apontavam 147 contaminados. Em 79 municípios, há doentes infectados pela chamada cepa "Darwin". Recém-descoberto na Austrália, o subtipo contribuiu para um aumento de casos de gripe em um período atípico no Brasil, ou seja, no verão.

Os testes de detecção foram feitos na Fundação Ezequiel Dias (Funed). Até o momento, a instituição não acusou nenhuma morte pela doença. 

(Colaborou Bel Ferraz)


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