Jornal Estado de Minas

CELEBRAÇÃO

Dia de Reis: tradição e costumes são lembrados pela população mineira

Nunca se desejou tanto “Saúde” como nesses tempos de pandemia. E nesta quinta-feira (6/1), Dia de Reis, quando se encerra o ciclo natalino, é hora de renovar os votos associados a muita paz, fraternidade, prosperidade e vacina contra o coronavírus. Independentemente da crença, vale reverenciar as tradições e fazer a simpatia das romãs a fim de garantir um dinheiro extra no bolso, sorte e “saúde para dar e vender”, como diz a famosa canção de feliz ano-novo.




 
Então, mãos à obra, leitor. Faça o seguinte: engolir três caroços, jogar o mesmo número de caroços para trás e guardar mais três na carteira. E ir repetindo a frase “Gaspar, Belquior e Baltazar, que o dinheiro não venha me faltar”. Há ainda quem dobre a contagem, fazendo com seis sementes, numa referência ao dia 6, quando os reis magos visitaram o Menino Jesus.
 
No Mercado Central, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, há romãs de todos os tamanhos e procedência. Na Magno Frutas, a importada custa R$ 25, com 700 gramas, “bem grande”, diz o vendedor José Vitor. Já a nacional sai por R$ 10, com meio quilo. Entre uma e outra, vale a fé, acrescenta José Vitor. Na Patureba, só tem a romã espanhola, com R$ 400 gramas, e preço de R$ 20. “Vendeu bem no fim de ano e agora vamos esperar o movimento hoje, dia 6”, diz um vendedor.

Caminhando pelos corredores do Mercado Central, é possível encontrar romãs de até R$ 30, mas a atriz -  e agora benzedeira - Cynthia Paulino, de 52 anos, comprou uma de R$ 10. "Passei na banca de frutas e parecia que a romã estava me chamando", brincou Cynthia,  que recupera, em 2022, um costume da sua adolescência. "Minha avó Catarina, que era benzedeira, nunca deixava de fazer. Aprendi muito com ela, nascida em família italiana", disse a atriz. Nesta pandemia, ela se iniciou no ofício de benzedeira, com a valorização da ancestralidade e do sagrado.



Cynthia Paulino, de 52 anos, é benzedeira e conta que o costume de comprar romãs vem do tempo de sua avó (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press. Brasil)

VISITAÇÃO


Em Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o período natalino chegou com novidades para moradores de visitantes. O presépio gigantesco foi montado no salão paroquial da Matriz Nossa da Conceição, com novas imagens dos reis magos com 1,20 metro de altura, feitas artesanalmente em São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes, e custeadas com recursos da comunidade. 
 
Nesta quinta-feira, 6, a partir das 18h, haverá apresentação da Folia de Reis de Jaboticatubas na igreja matriz, informa o titular da paróquia, padre Diovane Morelli. “Nestes tempos, o Dia de Reis fortalece nossa busca por Deus, principalmente por segurança, saúde e paz”, diz o pároco. O presépio ficará aberto até 2 de fevereiro, Dia de Nossa Senhora da Luz, de segunda a sexta-feira das 9h às 17h, e nos fins de semana também à noite.
 
No Santuário Basílica Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (RMBH), haverá missas às 9h e às 15h e terço às 18h15. Segundo a Arquidiocese de Belo Horizonte, não é mais necessário fazer agendamento para participar das celebrações. Já em Santa Luzia (RMBH), haverá, ao longo do domingo, 9, a 3ª Jornada dos Santos Reis, incluindo oficina com a artista plástica Bernardete Fiorini e ação celebrativa com a Folia de Santos Reis do Bairro Paulo VI, de BH. A promoção é da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia.



PATRIMÔNIO


Nesta quinta, as folias de reis de Minas celebram o quinto ano de seu reconhecimento como Patrimônio Cultural do estado, com mais 1,6 mil grupos cadastrados em todas as regiões mineiras. Os estudos foram feitos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) em parceria com as prefeituras. Em 2017, após um ano de  pesquisa e identificação por meio de cadastro virtual disponível no portal do Iepha, o Conselho Estadual de Patrimônio Cultural de Minas Gerais aprovou por unanimidade o registro das folias como patrimônio cultural de natureza imaterial. 
 
Os grupos cadastrados estão presentes em mais de 400 municípios, com destaque para Uberaba com 133, João Pinheiro (34), Uberlândia (32), Presidente Olegário (30) e Sete Lagoas (29). Uma das práticas culturais mais antigas e difundidas no estado, as folias, também denominadas ternos, companhias, caravanas, entre outros, foram se tornando, ao longo dos anos, um componente de considerável importância na construção do imaginário, identidade e memória do povo mineiro. 
 
Como ação de salvaguarda das Folias de Minas, o Iepha-MG promove desde 2016 o Circuito de Presépios e Lapinhas. A edição de 2021, integrou de forma especial a programação dos 50 anos do instituto, e contou com mais de 500 presépios residenciais e comunitários de 302 municípios de todas as regiões do estado. 

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