A aplicação de vacinas da Pfizer com frascos cuja validade data de dezembro de 2021 gerou dúvidas e até apreensão nos belo-horizontinos na campanha contra a COVID-19. Na segunda-feira (3/1), a prefeitura da capital divulgou nota informando que esses imunizantes serão aplicadas até março porque a validade foi estendida. A Secretaria Municipal de Saúde voltou a atestar a segurança e eficácia das doses. A prefeitura de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, também passou a seguir a mesma orientação, que veio do Ministério da Saúde.
Nesta quarta-feira (5/1), o Estado de Minas conversou com o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica da capital, Paulo Roberto Corrêa, que detalhou como essa prorrogação da validade dos imunizantes ocorreu.
“Essa mudança na questão da validade desses lotes da vacina da Pfizer foi uma orientação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) com o Ministério da Saúde. Então, eles fizeram uma avaliação viram que elas podem ter a validade estendida de seis para nove meses. No caso, três meses a mais. Isso tudo foi fundamentado em estudos que eles fizeram. Inclusive, eles até já iam mudar isso na bula da própria vacina indicando que o prazo estava estendido”, informou. "Desde o momento em que é fabricada, a vacina fica em temperaturas entre -60 e -90 graus. A partir desse momento, começa a contar o prazo de seis meses, o que eles fizeram foi estender para nove meses”, diz.
O diretor explica que as vacinas da Pfizer ficam congeladas nas centrais específicas da capital antes de serem enviadas aos postos. “A gente tira elas do ultrafreezer, espera chegar na temperatura em que vai ficar, e encaminha para as unidades de saúde. (Uma vez descongelada) Ela tem que ser consumida em 30 dias”, detalha.
“A Secretaria Municipal de Saúde recebeu dois comunicados do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis e da Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações, informando sobre a prorrogação da validade do lote de Pfizer”, diz o informe da PBH divulgado no início desta semana. “O primeiro comunicado foi enviado no dia 29 de outubro de 2021 (SEI/MS – 0023548540), e o segundo em 3 de novembro de 2021 (SEI/MS – 0023591215). Ambos trataram da ampliação do prazo de armazenamento da vacina COVID-19”.
A secretaria encaminhou os documentos à reportagem. “A Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI) esclarece que as condições de armazenamento em temperatura ultra baixa (ULT), aprovadas pela ANVISA no dia 27 de setembro de 2021, já se encontram atualizadas na bula do produto.
O novo prazo de armazenamento para o frasco fechado da vacina foi estendido de 6 meses para 9 meses se mantido na faixa de temperatura entre -90°C e -60°C, podendo ser exposto à temperatura de -25°C a -15°C por uma única vez de até 14 dias com retorno à ULT (conforme bula). Os produtos com data de validade impressa de agosto/2021 a janeiro/2022 podem ser mantidos em uso por mais três meses além da validade impressa, quando as condições de armazenamento forem mantidas (…)”, diz o texto.
O novo prazo de armazenamento para o frasco fechado da vacina foi estendido de 6 meses para 9 meses se mantido na faixa de temperatura entre -90°C e -60°C, podendo ser exposto à temperatura de -25°C a -15°C por uma única vez de até 14 dias com retorno à ULT (conforme bula). Os produtos com data de validade impressa de agosto/2021 a janeiro/2022 podem ser mantidos em uso por mais três meses além da validade impressa, quando as condições de armazenamento forem mantidas (…)”, diz o texto.
Abaixo, há uma tabela com uma coluna referente à “data gravada no cartucho” e uma outra com a “data de validade atualizada”. No primeiro comunicado, o SEI/MS – 0023548540, de outubro, houve um erro na digitação da tabela, onde foi usado 2021 ao invés de 2022 na segunda coluna. A retificação foi feita no SEI/MS – 0023591215 de 3 de novembro, que também fala da conclusão do processo de entrega de 30 unidades de freezers ULT.
Dessa forma, as vacinas com validade até outubro, com validade ampliada em três meses, podem ser aplicadas agora em janeiro, as de novembro, em fevereiro, dezembro até março e janeiro de 2022 até abril. Confira os documentos abaixo:
Segurança
Paulo Roberto Corrêa reconhece que os rótulos com o prazo de validade anterior podem confundir os usuários dos postos. Nos últimos dias, houve questionamentos de pessoas que pensaram que estavam tomando vacinas da Pfizer vencidas.
"Ficamos meio preocupados, porque a pessoa que está aplicando a vacina mostra para o usuário, ‘esta vacina que você está recebendo é da Pfizer, e aqui está escrito 31 de dezembro’, mas, hoje é 5 de janeiro. Então a pessoa fala 'estão me dando uma vacina que já venceu’. Nós estamos orientando a explicar que os frascos de dezembro tiveram a validade prorrogada por mais três meses. Nós temos orientado que as equipes mostrem esse documento do Ministério da Saúde para o cidadão ficar tranquilo", explica. Segundo ele, a orientação é de que o comunicado do Ministério da Saúde seja afixado nos postos de vacinação de Belo Horizonte.
"Ficamos meio preocupados, porque a pessoa que está aplicando a vacina mostra para o usuário, ‘esta vacina que você está recebendo é da Pfizer, e aqui está escrito 31 de dezembro’, mas, hoje é 5 de janeiro. Então a pessoa fala 'estão me dando uma vacina que já venceu’. Nós estamos orientando a explicar que os frascos de dezembro tiveram a validade prorrogada por mais três meses. Nós temos orientado que as equipes mostrem esse documento do Ministério da Saúde para o cidadão ficar tranquilo", explica. Segundo ele, a orientação é de que o comunicado do Ministério da Saúde seja afixado nos postos de vacinação de Belo Horizonte.
Atualmente, a vacina da Pfizer é aplicada como dose de reforço (terceira dose) para quem completou o esquema vacinal há quatro meses. As vacinas para crianças de 5 a 11 anos, que já foram liberadas pela Anvisa e, agora, pelo Ministério da Saúde, que devem ser divulgadas nesta quarta-feira, também serão a Pfizer, mas de um tipo específico para essa idade. Ou seja, não têm relação com as aplicadas atualmente.
Uberlândia também confirma extensão da validade
Também nesta quarta-feira (5), a prefeitura de Uberlândia divulgou em seu site e nas redes sociais um comunicado sobre a extensão da validade dos frascos congelados da Pfizer no município. “A Prefeitura esclarece que o Ministério da Saúde ampliou as datas de validade dos imunizantes Pfizer, com deferimento da Anvisa. A Secretaria Municipal de Saúde reforça o compromisso com toda a população da cidade, no minucioso monitoramento em relação à logística, armazenamento e administração das vacinas aplicadas”, diz o Executivo municipal.
O que diz a Anvisa
Em dezembro, a prefeitura de São Paulo enviou um ofício à Anvisa solicitando a prorrogação do prazo de validade de mais de 8,9 mil frascos do imunizante da Pfizer, mas elas haviam expirado após o tempo de descongelamento. No último dia 20, a agência negou o pedido.
Pela manhã, o Estado de Minas entrou em contato com a Anvisa a respeito da prorrogação da validade das doses da Pfizer na capital, questionando porque isso foi possível nem Belo Horizonte e não em São Paulo, e quais os critérios para a prorrogação. Pouco antes das 19h, a agência enviou uma nota sem citar as situações específicas dos municípios. Confira na íntegra abaixo.
"As condições de conservação e validade de uma vacina são definidas a partir de estudos de estabilidade conduzidos pelo laboratório desenvolvedor da vacina.
Vacinas fora das condições de conservação ou prazo de validade definidos em bula não podem ser utilizadas em pessoas.
É importante destacar que vacinas são produtos biológicos e que por isso o cumprimento das condições de conservação deve ser estritamente seguido.
Somente a partir de um estudo desenvolvido pelo fabricante e que comprove que a vacina mantém sua qualidade em condições de conservação diferentes das atualmente aprovadas é que a Anvisa autoriza a mudança de prazos de validade condições de conservação.
A responsabilidade pela logística e garantia das condições de conservação das vacinas é do Programa Nacional de Vacinação em conjunto com as autoridades locais de saúde."
A reportagem também procurou o Ministério da Saúde mais cedo, por e-mail, mas até o momento da publicação não obteve resposta.
Pfizer confirma prazo por armazenamento
Na quinta-feira (06/01), também procurada pelo EM, a Pfizer confirmou que, armazenadas nas temperaturas citadas anteriormente, a vacina se mantém estável por até nove meses. "Vacinas armazenadas em condições diferentes do que está recomendado em bula não podem ter sua qualidade atestada, portanto não é recomendada a utilização", destaca a farmacêutica. Confira, abaixo, as diretrizes enviadas pela empresa:
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