
A empresa afirma que as chuvas intensas que assolaram a região provocaram diversos deslizamentos de terra, que causaram rompimento de adutoras e tubulações de distribuição de água, interrompendo o abastecimento da população.
A concessionária completa dizendo que essas chuvas também causaram inundação de algumas Estações de Tratamento de Água (ETA) e causaram o assoreamento de diversas captações, com acumulo de terra, pedras e entulhos carreados pela enxurrada.
A solução veio da própria chuva
Um morador gravou um vídeo mostrando como improvisou a solução, ao mesmo tempo que ironiza a falta de atendimento da empresa para solucionar o problema.
Um dos distritos mais afetados pela falta de abastecimento é Cachoeira do Campo. De acordo com a Saneouro, a adutora do Gouveia, responsável por encaminhar água para o distrito e também para Amarantina e Gouveia se rompeu nessa terça-feira e interrompeu o fluxo. A empresa garante que os reparos foram feitos e, tanto em Cachoeira do Campo quanto no Distrito de Amarantina, o sistema já foi restabelecido com a volta gradativa do abastecimento.
Mas segundo uma moradora do distrito, a falta de abastecimento em Cachoeira do Campo vem acontecendo desde o dia 24 de dezembro. Em um vídeo, ela conta que foi lavar as roupas, panelas e pegar água para fazer o feijão usando a água do açude, "como forma de protesto".
Na casa do comerciante Gionanne Cecílio moram cinco pessoas e, segundo ele, a família começou a captar a água da chuva com a ajuda de uma bomba que leva a água até a caixa d’agua. “Está sendo assim que estamos sobrevivendo desde o dia seis de janeiro”, conta.
Giovanne conta que, em alguns bairros do distrito, o abastecimento retornou na madrugada desta quarta-feira, mas foi preciso muita reclamação na empresa e respostas desencontradas.
“Uma hora dizem que a chuva está intensa e outra hora o acesso ao local para dar a manutenção está ruim, pelo menos deveriam enviar caminhão pipa até a solução do problema”.
Também na improvisação, a moradora do Bairro Morro de Santana, Fabiana Soares, tem feito de tudo para economizar a água e manter o pequeno negócio dela aberto. A comerciante conta que está sem o abastecimento de água desde o dia sete de janeiro e que ligou para a empresa no domingo, mas a atendente não soube informar quando o abastecimento seria normalizado.
“Tenho um delivery, a minha única fonte de renda, e hoje já não consegui abrir. Hoje fiquei praticamente a manhã toda tentando falar no canal de comunicação da Saneouro, mas a gravação dizia que os operadores estavam ocupados”.
A comerciante conta que deixou o resto da água potável da caixa d’água reservada para atender a demanda do seu negócio e começou a recorrer aos baldes para usar em casa. “Já estamos desesperados, hoje choveu pouco para pegarmos água da chuva”.
A Saneouro afirma que a Estação Elevatória de Água Tratada, ( EEAT), que atende a região, foi rompida devido às chuvas e mesmo com dificuldades de acesso ao local, a equipe já realizou os reparos nesta quarta-feira e o abastecimento será regularizado gradativamente.
Caminhão pipa
Em Miguel Burnier, a 51 quilômetros do Centro de Ouro Preto, a rede de abastecimento se rompeu e os moradores estão sem o fornecimento de água desde domingo (9/1). A presidente da associação dos moradores, Vania Vicente, conta que o distrito está sendo abastecido por caminhões pipas de uma mineradora que atua na região e que até o momento vários moradores tentaram contato com a Saneouro. “Pediram para ter paciência e até hoje ninguém apareceu”.
A empresa afirma que após o decreto da prefeitura, no dia 9 de janeiro, houve a interrupção de tráfego de veículos e pessoas nas vias públicas da cidade. Muitos locais ainda estão interditados pela Defesa Civil e, por isso, a empresa ainda não foi em muitas localidades.
A Saneouro afirma que os reparos estão sendo feitos continuamente desde que as chuvas se intensificaram no começo do mês. São quase 230 profissionais trabalhando 24 horas para normalizar o abastecimento de água em Ouro Preto.