“É surreal. A sensação que dá é de que está vindo tudo, que todo o morro desceria naquele momento”. O depoimento é de Luciana Santos Roberto, que trabalha como auxiliar administrativa na Secretaria Municipal de Educação de Ouro Preto, na Região Central de Minas. Na manhã desta quinta-feira (13/1), ela estava em um ônibus que saiu pouco antes do deslizamento de terra no Morro da Forca que destruiu dois imóveis históricos na Praça da Estação, no centro da cidade.
Leia Mais
Deslizamento de terra destrói imóveis históricos em Ouro PretoDeslizamento mata homem e Ouro Preto decreta situação de emergênciaRisco de deslizamentos assusta moradores de Ouro PretoAssociações de moradores querem fim da 'barulhada' em BHOuro Preto: terceiro imóvel atingido por deslizamento desaba durante obrasBar em BH desaba, carro é engolido e três são soterradosMorador de Ouro Preto conta por que filmou sinais da tragédia minutos antes'Difícil dormir esta noite', diz sócio de hotel evacuado em Ouro PretoOuro Preto: MP investiga causas do deslizamento no Morro da ForcaOuro Preto: local onde ficavam casarões destruídos tem risco desde 1979Deslizamento em Outro Preto: 'Estamos em segurança', diz prefeitoEstudo aponta que chuva excessiva diminui o crescimento econômicoBH-Ouro Preto: crateras no asfalto interditam dois sentidos da BR-356Patos de Minas: sobe para 307 total de pessoas desalojadas pelas enchentesO veículo no qual Luciana e a amiga embarcaram saiu na frente do micro-ônibus de onde passageiros filmaram o momento exato do deslizamento de terra. Além dos casarões, postes e a fiação de energia foram danificados, gerando faíscas e explosões.
"Uma pessoa que estava do meu lado já ligou para a Defesa Civil. O ônibus andou um pouquinho e a gente só ouviu o barulho. Graças a Deus, a Defesa Civil foi e está sendo rápida, e evitou (um desastre maior). É uma via que tem tráfego de carros e gente o tempo todo. O barulho foi ensurdecedor, tremeu tudo”, contou.
Ônibus de Luciana estava na frente do que aparece no vídeo abaixo
A funcionária da secretaria disse que, quando o desabamento ocorreu, o ônibus dela já estava descendo sentido Saramenha, de forma que eles não viram a terra descendo. “A Defesa Civil foi muito rápida, as pessoas que estavam na rua sinalizando, ninguém passava. Todo mundo pensou rápido e da forma correta. Porque eu peguei o ônibus descendo, o que sobe passa bem embaixo (do morro) ali. Se estivesse passando um ônibus, ele seria automaticamente soterrado”, destacou.
Ainda de acordo com Luciana, o sobrado e o imóvel amarelo ao lado, assim como outra casa branca que resistiu ao desabamento, já estavam desocupados pela prefeitura há algum tempo por conta dos riscos. Segundo ela, a Secretaria de Agropecuária de Ouro Preto já funcionou no sobrado que não existe mais.
A moradora contou que a sensação de ter escapado do incidente foi de “alívio e gratidão”, ao mesmo tempo em que todos ficaram preocupados no primeiro momento, antes de receberem as informações de que não havia vítimas. Como o entorno da Praça da Estação foi interditado, o secretário da pasta onde trabalha disponibilizou um transporte para que os funcionários voltassem para casa passando por fora da cidade.
Por fim, Luciana agradeceu novamente à Defesa Civil pela atuação e também aconselhou. “Que todos fiquem em casa. A gente adora receber turistas, mas tem que passar esse momento para eles vieram à nossa cidade”, pontuou.
Ouro Preto é um dos 347 municípios em situação de emergência por conta das chuvas em Minas Gerais, segundo o boletim da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). No último dia 8, um homem de 55 anos morreu na cidade após a casa dele ser atingida por um deslizamento de terra no Bairro Santa Cruz. O número de mortos durante o período chuvoso no estado já chega a 25.