Comoção e respeito tomaram conta do Lago de Furnas nesta quinta-feira (13/1). Marinheiros e trabalhadores do turismo prestaram homenagem às vítimas da tragédia ocorrida em Capitólio, no Sudoeste de Minas, no último sábado (8/1), quando uma rocha se desprendeu de um cânion matando 10 pessoas que estavam em uma lancha.
Os moradores se reuniram com roupas e balões brancos no local conhecido como Ilha da Fantasia, no fim da manhã. De lá, partiram para os cânions, onde a banda da Polícia Militar tocou a "Canção do Silêncio", em memória às vítimas.
A família do piloto Rodrigo Alves dos Anjos, que guiava a lancha Jesus, esteve no local e ficou emocionada. Após rezar o Pai Nosso e fazer um minuto de silêncio, os participantes soltaram os balões ao ar e rosas brancas no lago. No fim do ato, todos aplaudiram e se emocionaram.
Também participaram do momento políticos da região e representantes do Corpo de Bombeiros e da Marinha do Brasil.
Cristiano Ventura, um dos marinheiros da região, contou que divide um aperto no peito desde sábado. "Essa tragédia mudou completamente nossa vida. A homenagem tem esse intuito se lembrar as vítimas, lembrar do marinheiro que se foi e, também, para afirmar que Capitólio está aqui firme e forte", declarou.
A tristeza é geral na cidade, que vive de turismo. "A situação é muito difícil. Ninguém supera o que aconteceu", lamenta Ivone Zanesco, que chegou a trabalhar com o piloto da lancha Jesus há três anos. "Gente boa demais, gente fina, brincalhão, jamais ia colocar a vida de alguém alguém risco, mas a fatalidade acontece. Machuca e fere a gente", descreve.
Para Ivone, o sentimento é de que perderam um parente. "Somos uma família só, tudo que acontece com um atinge a gente. Perdemos 10 pessoas, mas se fosse um só, já estaríamos tristes", reforça Ivone, com medo de que o turismo seja afetado daqui pra frente. "Se isso aqui fechar, nós morremos de fome."
Investigação
Nesta quinta-feira (13/1), especialistas em geologia das polícias Civil e Federal foram à cidade para investigar as causas do deslizamento.
O delegado Marcos Pimenta explica que o trabalho dos geólogos é analisar se a queda da pedra teve ação de terceiros. "Haverá estudos técnicos para concluir se houve ação de terceiros que culminou na queda da pedra".
Na última terça-feira, a Polícia Civil ouviu o dono da lancha envolvida na tragédia e os prefeitos de Capitólio e São José da Barra.
A área do acidente continua sendo interditada pela Defesa Civil para investigações, mas o Corpo de Bombeiros suspendeu as atividades no ponto turístico. Entretanto, conforme o Delegado, os bombeiros estão “à disposição da Polícia Cívil” para possíveis demandas.