Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Infectologista de BH: 'Temos de barrar eventos superespalhadores de COVID'

Com o aumento dos casos da variante Ômicron da COVID-19, o médico infectologista Unaí Tupinambás, integrante do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), chama a atenção da população para as medidas de proteção e sugere o cancelamento de eventos com maior potencial de contaminação durante os meses de janeiro e fevereiro.



Em entrevista ao Estado de Minas, nesta quinta-feira (13/1), ele classificou a situação atual como preocupante e delicada. "A população tem que entender que não podemos relaxar tanto", disse. Segundo ele, a variante Ômicron já é a predominante na cidade.

"Temos visto um aumento absurdo de casos. Ela tem uma capacidade de disseminação muito maior do que a variante delta e, também, pode causar reinfeção e escapar da resposta da vacina", alerta.

Os dados epidemiológicos divulgados pela administração municipal nesta quinta mostram dois indicadores no vermelho. A ocupação dos leitos de enfermaria está em 80,2% e a de UTI em 73,6%. A taxa média de transmissão por infectados está no amarelo: 1,13, ou seja cada 100 pessoas com COVID transmitem para outras 113. 

Por isso, na visão do infectologista, este é o momento de recuar. "Neste momento, eventos superespalhadores deveriam ser cancelados. São eles: festas, shows, jogo de futebol, eventos de pré-carnaval e carnaval... Eventos em que não há controle. Estamos falando de eventos de 1 mil a 5 mil pessoas que estão acontecendo. Logo, o campeonato mineiro (com venda de ingressos para o público) vai começar", aponta.



Ele observa que, a partir dos dados internacionais, BH pode sofrer ainda mais com aumento dos casos até o mês que vem. "A projeção que observamos na Africa do Sul foi um pico de 4 a seis semanas. Subiu e desceu em quatro semanas. Na Inglaterra, subiu em uma mês e está começando a cair. Ou seja, vamos ficar com essa crise até o final de fevereiro talvez. Os casos podem subir ate meados de fevereiro", disse.

Nesta quinta, o o secretário de Estado de Saúde, Fábio Bacchereti, informou, em coletiva, que Minas Gerais deve atingir o pico de casos confirmados de COVID-19 em duas semanas.

''Nossa expectativa continua de que nas próximas duas semanas a gente atinja o pico, duas, três semanas, então vamos continuar subindo, com casos novos, uma contaminação muito aguda como estamos vendo", disse.

Vacinação de crianças


O infectologista Unaí afirma ainda que é necessário avançar na vacinação das crianças. A prefeitura informou que será realizada nesta sexta-feira uma reunião para definir a data da vacinação contra a COVID-19 de crianças com idade entre 5 e 11 anos. Em Belo Horizonte, há 193 mil crianças nessa faixa etária. "A previsão é que as doses sejam repassadas ao município ainda nesta sexta, dia 14", disse a PBH em nota.



"A vacina entregou o que ela prometeu. Ela está protegendo a população contra formas graves e mortes. Isso é fato. A maioria das pessoas com quadros graves são aquelas não vacinadas ou com vacinas incompletas", disse o médico. Ele destaca, porém, que a vacina sozinha não segura essa pandemia.

"Temos que achatar essa curva da Ômciron. Por isso, temos que seguir as recomendações que já conhecemos: fazer o uso da máscara - e eu falo de máscara de boa qualidade, acima do nariz, embaixo do queixo -, manter o distanciamento físico de 1,5 a 2 metros, frequentar ambientes arejados, sem aglomerações e higienização das mãos. Com essas medidas, junto com a vacina, a gente consegue fazer frente a infecção pelo Omicron", finalizou.

O que diz a prefeitura


Em coletiva de imprensa no início da semana, o prefeito Alexandre Kalil abordou a restrição de eventos com públicos. "Eu estive com o pessoal do comitê da Secretaria de Saúde e, a princípio, continua na mesma 'toada' que estamos hoje. Mas não tenha duvidas de que, se acontecer situação da saúde publica, alguma atitude vai ser tomada", disse o prefeito.

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