(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas NA MIRA DO MP

'Cultura de morte e antifamília': Colégio repudia imagens como arco-íris

Em cartilha encaminhada aos pais, escola diz que símbolo do arco-íris foi 'raptado pela militância LGBT' e que unicórnio é 'contrário aos planos de Deus'


19/01/2022 13:07 - atualizado 19/01/2022 13:32

Colégio Recanto do Espírito Santo, em Itaúna
O colégio foi criado em 2018 e tem como mantedora uma associação católica (foto: Reprodução/Instagram)
O Colégio Recanto do Espírito Santo, localizado em Itaúna, no Centro-Oeste de Minas, voltou a polemizar nas redes sociais após repudiar imagens de arco-íris, unicórnio, caveiras e do Che Guevara em materiais escolares. A instituição com orientação católica tratou os símbolos como "antifamília". O caso foi parar no Ministério Público.

A promotoria informou, por meio da assessoria, que tomou conhecimento e “está colhendo informações para avaliar a abertura de um procedimento investigatório”. A denúncia foi feita por um grupo de moradores de Itaúna. 

Intitulado como “Desenhos ingênuos no material escolar?”, a escola com perfil conservador - de ensino infantil e fundamental – critica os itens “da moda” em cadernos, estojos, e sinaliza “risco” aos valores da família.

“As principais ideologia antifamília têm feito de tudo para instalar em nosso meio e utilizam, principalmente, os materiais infantis e com estampas que parecem ingênuas”, afirma na cartilha com data de 12 de janeiro.

Assinado pela direção, o comunicado cita símbolos antigos como o do revolucionário argentino Che Guevara. Trata a imagem de caveira como “cultura de morte”. 

“Há anos era comum ver jovens estampando o “A” de anarquia, que é a ruptura com toda e qualquer organização e hierarquia. Ou seja, uma rebeldia completa. Os cadernos e camisetas com caveiras (cultura de morte), foice e martelo e com o rosto de Che Guevara (grande assassino e revolucionário comunista) estão na moda há décadas. Mas hoje, vejo também outros riscos”, consta na cartilha.
 
Comunicados do Colégio Recanto do Espírito Santo
Comunicados do Colégio Recanto do Espírito Santo (foto: Colégio Recanto do Espírito Santo/Divulgação)
 

A instituição diz que o arco-íris “é um símbolo de aliança de Deus com seu povo” e que “foi raptado pela militância LGBT”. As críticas se estenderam às imagens de unicórnios, segundo a direção, apresentadas como figuras “doce e encantadora”.

“O perigo é o que ele representa atualmente, pois também é utilizado por personalidades para identificar alguém de gênero não binário, que não se identifica como homem, como mulher e nem mesmo como um transexual”, afirma.

A escola também classifica o unicórnio como “mais um símbolo contrário à lei natural, contrário aos planos de Deus”.
 
Ilustração de unicórnio com arco-íris atrás
Para a escola o arco-íris e o unicórnio são símbolos LGBTQIA+ (foto: Vecteezy/Google Imagens)

“Homofobia”


Nas redes sociais, internauta chegou a classificar o ato como “homofóbico”.

“Mais uma vez o Colégio Recanto do Espírito Santo aqui em Itaúna- MG ensinando como besteira. Será que eles sabem que homofobia é crime?”, indagou um internauta.

A escola


O Colégio Recanto do Espírito Santo é mantido pela Associação Recanto do Espírito Santo. No site, a instituição se apresenta com o slogan “educar na verdade e no caminho para a vida”.

Criada no final de 2018, a escola diz que o fundador foi “provocado pelas mudanças sociais e educacionais; pelas perdas dos valores religiosos, espirituais, éticos, morais, e principalmente, por consequência, a fragilização das famílias”.

Afirma ainda que o intuito é “contribuir com a educação das crianças e jovens, proporcionando um ensino sem ideologias e sem relativismos levando os educandos à busca e ao conhecimento da verdade perene”.

Até o fechamento desta matéria, a direção do colégio não havia se manifestado. Em contato telefônico foi solicitado que um e-mail fosse enviado com a demanda. Porém, não houve retorno. Tão logo a demanda seja respondida, esta reportagem será atualizada.
 

Outra polêmica

 
Em junho do ano passado, o colégio também provocou reação de internautas ao responsabilizar as mulheres por serem estupradas em uma postagem feita no Instagram.
 
"Quando a mulher decide expor partes do corpo que deveriam estar cobertas se torna uma sedutora, partilhando assim a culpa do homem. De fato, os teólogos ensinam que o pecado da sedutora é muito maior que o da pessoa seduzida", postou na época.
 
A postagem foi apagada e os comentários desativados em todos os posts. Um pedido de desculpas também foi publicado dizendo que foi uma publicação "indevida" por quem administra as redes sociais e que apesar de concordar com a "modéstia de se vestir", a questão deixou margem para interpretações que não são do colégio.
 
*Amanda Quintiliano especial para o EM


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)