A aceleração dos casos de COVID-19 tem preocupado e superlotado os hospitais. Autoridades, especialistas e dados mostram que a maior parte dos internados não completou o esquema vacinal ou são pessoas acima de 75 anos, ou ainda, têm comorbidades associadas.
“São pacientes que, na maioria, não estão com a vacinação completa. Ou então está completa, mas muitos são idosos ou com muitas comorbidades”, explica o médico infectologista Estevão Urbano, integrante do Comitê COVID da Prefeitura de Belo Horizonte.
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Levantamento mais recente da Prefeitura de Belo Horizonte apontou que 81% dos internados pela COVID-19 em hospitais da Rede SUS e Suplementar (rede particular) não haviam se imunizado contra a doença. Entre os internados vacinados, cerca de 60% tomaram apenas uma dose.
A análise foi feita cruzando duas bases de dados, onde são registrados casos confirmados, pessoas vacinadas e internações. Foram considerados os dados de janeiro, quando se iniciou a vacinação na capital, até o final de novembro.
Os dados também apontam que a eficácia das vacinas se reflete na redução global do número de internações. Considerando os meses de março e abril de 2021 – período mais crítico da pandemia – eram 8.202 internados pela doença. Já nos meses de setembro e outubro, eram 835 internados. À medida que faixas etárias e grupos prioritários foram concluindo o esquema vacinal, as internações reduziram.
No período entre março e abril, a faixa etária com maior número de internados era a de 60 a 69 anos, com 1.953 pacientes. Já em setembro e outubro, quando as pessoas dessa faixa etária já haviam recebido a segunda dose, eram 193 internados.
A Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais (SES/MG) não informou o perfil dos atuais pacientes de COVID-19, mas afirmou que está fazendo um levantamento e deve divulgar em breve.
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Taxa de mortalidade caiu
Segundo observações de Estêvão Urbano, o tempo de internação dos infectados tem sido menor se comparado com os outros picos de contaminação, como em março e abril do ano passado e no início da pandemia, entre abril e junho de 2020.
“A gente tem notado que a taxa de mortalidade está menor. A gente está conseguindo salvar mais pessoas do que na primeira onda. Isso pode ser efeito de algum resquício de vacinação ou de um melhor tratamento que aprendemos a fazer com o tempo, mas também eventualmente porque talvez a cepa seja um pouco mais branda”, observa Urbano.
O médico reforça que os cuidados contra a proliferação do coronavírus e outros vírus respiratórios devem permanecer. “O que temos que fazer para evitar aumento de internações é reduzir a exposição. Isso significa não aglomerar e usar máscara sempre”, enfatiza.
Internados na Santa Casa
Ontem, a ocupação de leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na Santa Casa BH, no Bairro Santa Efigênia, ultrapassou o percentual de 97% em virtude do aumento das internações para tratamento de casos respiratórios graves.
Nesta quarta-feira (19/1), a taxa só caiu devido ao aumento de leitos que foi feito para dar conta dos pacientes com sintomas respiratórios. A enfermaria ficou em 92% num total de 111 leitos (ontem eram 84) e 95% de taxa de ocupação no Centro de Terapia Intensiva (CTI), que dispõe de 40 vagas. A unidade informou que até o fim do dia de hoje mais 10 camas de enfermaria serão disponibilizadas.
De acordo com a Santa Casa BH, entre esses pacientes internados, alguns testaram negativo para a COVID-19, podendo ser vítimas de outros vírus, como a gripe influenza ou outros vírus respiratórios.
A média de idade global dos pacientes com síndrome respiratória é de 60 anos. Para as mulheres, a média é de 62 e 59 para os homens. Para os pacientes positivos para COVID, a média é de 60 anos entre homens e mulheres.
Além disso, o hospital informou que mais de 50% dos pacientes apresentam alguma comorbidade, como hipertensão, diabetes, pneumopatias (asma, dpoc), doenças vasculares, obesidade crônica (as mesmas que comumente apareciam nos meses anteriores).
O período de internação realmente diminuiu, como apontado pelo infectologista. Nas últimas semanas, o paciente tem ficado no hospital em média por 4 dias. Nos outros picos, o tempo passava de uma semana. A unidade reforçou que os assistidos têm se recuperado com mais facilidade. “Os tempos de internação e óbitos reduziram com o avançar da vacinação”, justificou em nota.
Questionada se os pacientes internados estão com a vacinação em dia, a Santa Casa BH se limitou a dizer que “não tem essa informação compilada, uma vez que ela não é importante para as decisões gerenciais da instituição, ficando reservada apenas à interação do médico com o paciente.”
Eduardo de Menezes
A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que administra o Hospital Eduardo de Menezes – hospital público especializado em infectologia e referência nos casos de coronavírus – não informou o perfil dos pacientes internados.
Nesta quarta-feira (19/1), a unidade chegou a registar 100% de ocupação de leitos de UTI COVID, repetindo o cenário de ontem (18/1). A enfermaria também tem alta taxa de ocupação: 82%.
Em Uberlândia
Levantamento feito pela Prefeitura de Uberlândia, considerando o boletim municipal de COVID-19 da última segunda-feira (17/1), mostra que a maior parte dos internados com sintomas moderados a graves por coronavírus da cidade do Triângulo Mineiro, tanto na rede pública quanto particular, encontra-se com esquema vacinal incompleto ou inexistente.
Conforme a apuração por meio de cruzamento de dados, dos 25 internados com a doença em UTIs, 83% não receberam nenhuma dose contra a COVID-19 ou estão com o esquema vacinal incompleto. Na enfermaria, a situação se repete, sendo 80% dos 107 pacientes internados nas mesmas condições.
Aumento de leitos
A Prefeitura de Belo Horizonte abriu, nesta quarta-feira (19/1), mais 83 leitos COVID na Rede SUS-BH. Foram ampliados 75 leitos de enfermaria e outros oito de UTI destinados à doença.
Ainda assim, a taxa de ocupação total, que inclui as redes SUS e Suplementar, segue no nível vermelho, com 74,5% e 89,1% respectivamente. A Secretaria Municipal de Saúde reforça que pacientes com quadros gripais, ainda sem resultado para a COVID-19, também podem estar internados nos leitos de UTI e Enfermaria dedicados à doença, já que os sintomas são semelhantes.
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