Em apenas 19 dias deste mês, os números de diagnósticos de COVID-19 em Minas Gerais alcançaram cinco recordes sucessivos de contaminações medidas em 24 horas desde o início da pandemia. Ontem, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) notificou 27.683 casos da doença respiratória. No Brasil, a triste marca da infecção viral foi batida ontem com 204.854 diagnósticos, agora, o maior número do histórico da doença respiratória, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e do Ministério da Saúde. Além da progressão dos casos, volta a preocupar a subnotificação de registros, devido à falta de testagem.
Adelino de Melo Freire Junior, infectologista do Hospital Felício Rocho, de Belo Horizonte, e do laboratório de biologia molecar Target, afirma que ´há muitas subnotificações, uma vez que vários pacientes deixaram de procurar atendimento e se orientam por meio de teleconsultas. “Com isso, a infecção não consta no sistema. A falta de acesso à testagem e a enorme quantidade de pessoas que apresentam sintomas gripais e não procuram atendimento ajudam a aumentar as subnotificações”, diz o médico.
Em BH, o Estado de Minas mostrou, esta semana, que faltou insumo para testes de COVID-19 em laboratórios. Redes prestadoras de serviços de diagnósticos informaram que estão enfrentando dificuldades para renovar os estoques e adotaram agendamento, diante da alta demanda de clientes. A procura tem provocado filas também em farmácias da capital.
A Prefeitura de BH anunciou reforço dos locais de testagem de COVID-19.
Dois novos endereços para realização de testes serão abertos, hoje, pela administração da cidade na Universidade Faminas e no Centro Universitário UNA. As marcações devem ser feitas, exclusivamente, por meio do Portal da prefeitura (www.pbh.gov.br) , e serão liberadas no PBH APP nos próximos dias. As pessoas terão atendimento das 8h às 17h. A PBH vai oferecer cerca de 100 testes rápidos de antígeno em cada uma das instituições e os resultados ficarão disponíveis ao usuário cerca de 20 minutos após a coleta, pessoalmente, com as devidas orientações.
Segundo o infectologista Adelino de Melo Freire Júnior, o prazo maior para entrega dos resultados dos testes é outro agravante que aumenta os casos sem registros nos boletins epidemiológicos. “Há uma demanda grande no mercado por testes rápidos, os antígenos. Vemos que muitos laboratórios e farmácias estão até em falta e atrasam a entrega dos resultados Os testes de PCR não estão em falta no momento, mas o prazo de entrega aumentou bastante Muitos laboratórios que entregavam em até 24 horas, tivemos que readaptar e entregam em 48 horas. E podem divulgar em 72 horas em virtude da demanda”, explica o infectologista.
Números em onda
Em Minas Gerais, os registros de contaminações pelo coronavírus em um único dia superaram, respectivamente, as contagens de terça-feira (20.810), sábado (19.153), da última sexta-feira (18.910) e do dia 12 (18.153). Especialistas creditam esse salto a comemorações de fim de ano e ao avanço da variante ômicron. Um dia após bater o recorde da pandemia pela quarta vez, com 20.810 infectados no período de 24 horas, o estado alcança novo recorde.
O avanço da transmissão vem ocorrendo com a ação da cepa Ômicron, considerada de alta capacidade de transmissão. Ainda de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, o número de mortes provocadas pelo coronavírus foi de 33 de terça-feira para ontem.
Para efeito de comparação, o dia em que Minas Gerais registrou o maior número de vidas perdidas para a COVID-19 foi 7 de abril do ano passado, quando o estado notificou 508 mortes. Antes dessa marca, o boletim de acompanhamento dos indicadores da infecção viral marcou 463 óbitos em 29 de março de 2021.
De março de 2020, quando os primeiros diagnósticos foram conhecidos no país, até o ontem, Minas registrou 2.410.724 casos de contaminação pelo vírus. Ao todo, houve 56.866 mortes provocadas pelo coronavírus no estado.
No Brasil, o recorde anterior de casos de COVID-19 havia sido registrado em 18 de setembro de 2021, com 150 mil diagnósticos. Desde então, a onda de infecções diminui, mas voltou a subir nas últimas semanas, após as festas de final de ano e o avanço do ômicron. Ontem, foram registrados 338 óbitos em decorrência da doença. Os números não contaram com dados do Rio de Janeiro, pois o estado apresentou problemas técnicos no acesso à base de dados de sistema e-SUS Notifica.
De acordo com o Conass, a taxa de letalidade do novo coronavírus no Brasil é de 2,7%, e a taxa de mortalidade por cada 100 mil habitantes é de 295,9. O Brasil registra, desde o início da pandemia, 621.855 óbitos e 23.416.748 diagnósticos. *Estagiária sob supervisão da subeditora Marta Vieira
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