O ônibus que tombou após perder o eixo na Avenida Vilarinho, na manhã de hoje (20/1), apresentou três estalos antes do acidente. É o que afirmam passageiros do Move Metropolitano da linha 521 (Terminal Justinópolis/Belo Horizonte). Ao todo, o coletivo levava 93 passageiros, segundo os bombeiros, dos quais 29 ficaram feridos.
Leia Mais
Vídeo flagra ônibus balançando antes de tombar na Avenida Vilarinho, em BHÔnibus que tombou tinha mais de 90 passageiros: 29 ficaram feridosEixo se solta e ônibus tomba na Avenida Vilarinho e fere passageirosSuperlotação e até falta de freio: usuários reclamam de ônibus na Grande BHVilarinho: após o susto, bebê sorria ao ser resgatado pelo teto do ônibusEmpresa responsável por ônibus que tombou na Vilarinho pode ser punidaÔnibus que tombou na Vilarinho estava com mais passageiros que o permitido"Ele acelerou e aí o onibus capotou", complementa.
O Estado de Minas tentou falar com o motorista, mas o profissional se recusou, assim como a empresa responsável pelo coletivo. Segundo os bombeiros, o condutor afirmou apenas que "estava na velocidade normal na via, percebeu alteração na direção puxando pra esquerda, logo depois escutou um estalo e a direção travou, puxando o ônibus para a esquerda e depois pra direita".
"Momento no qual o veículo acabou tombando. Aparentemente houve a quebra do facão e consequente colapso do eixo traseiro, trabalhos sendo realizados pela perícia técnica que poderá atestar a causa", afirma a corporação, por nota.
Denise ainda afirmou que o ônibus estava atrasado "Tinha dois ônibus atrasados na estação, ele veio muito cheio".
Alívio
Wanderson Rodrigues dos Santos foi até o local do acidente após a ligação da esposa. Além da companheira, o filho e a mãe também estavam no veículo. "Agradecer a Deus que deu outra oportunidade para todo mundo começar de novo. Dar mais valor às vidas, aos familiares, pessoas próximas, porque a vida da gente é um sopro", desabafa.
"Agradecer a Deus pela vida do meu filho novamente, que tá só começando, nesse mundo, que a gente não sabe o que tem pela frente para nos oferecer. Meu filho, graças a Deus teve uma segunda chance. Meu filho poderia estar vitimado dentro do carro uma hora dessa", complementa.
Ajuda
Nelson Ivan, de 64 anos, trabalha em uma loja de granitos próxima ao acidente e ajudou a socorrer os passageiros na hora que o ônibus tombou. “Eu trabalho ao lado. Escutei o barulho e vim correndo para ajudar porque nessa hora não tem como não ajudar. É muita gente chorando, muita gente machucada e tem que fazer o possível para ajudar as pessoas”.
Nelson afirmou que assim que ouviu o baralho foi logo fazer o que podia e que se sente bem em poder fazer algo. "A gente se sente bem de ajudar os outros porque às vezes você está em uma dessa e a pessoa pode ajudar você também. Uma criancinha saiu rindo, ali que eu emocionei porque o menino saiu rindo, sem saber o que estava acontecendo. Saber que saiu todo mundo vivo dali é bom demais, só é ruim quando as pessoas se machucam".
Transportes precários
Nelson também reclamou das situações que se encontram muitos dos ônibus que rodam diariamente. “Fico sentido de ter acontecido isso, não pode deixar acontecer isso. Hoje o 62 estava atravessando a avenida de manhã. Tem que olhar a manutenção desses ônibus porque é negligência das pessoas. A gente está pagando uma passagem muito cara e sem condições nenhuma. Tinha mais de 50 pessoas dentro do ônibus”.
A passageira Denisa aponta o comportamento do motorista diante da situação. Para ela, o motorista devia ter feito todos os passageiros descerem no primeiro estalo do veículo.
“A culpa é da empresa que não presta boa assistência para os carros, manutenção correta, mas a culpa também é do motorista. Ele devia ter parado, feito todo mundo descer e não prosseguir a viagem. A responsabilidade é do motorista também, porque o motorista que é motorista conhece o carro, ele sabe se tá com defeito não”.
Ferimentos leves
O sentimento foi de pânico e desespero logo após o acidente. "Uma pessoa pisando na outra, todo mundo gritando querendo sair, com medo de explodir, ônibus mto cheio", afirma a passageira.
Apesar do susto e de quase 100 pessoas envolvidas, apenas ferimentos considerados leves, segundo os bombeiros. "Das 93 pessoas envolvidas, 29 pessoas foram conduzidas, sendo 2 para o HPS Risoleta Neves e 27 para UPA’s da região. Demais recusaram ou não necessitavam de atendimento médico (sem escoriações ou lesões)", afirmam os bombeiros.
"Algumas quebraram braço, torceram braço, o pé", relata Denise de Fátima.
Prejuízo
Com a queda do ônibus, a loja de Patrícia de Paula foi atingida pelo veículo. Segundo ela, o local estava em reforma no momento, para futuramente ser alugado. O filho dela, que passava pelo local no momento do acidente, a informou sobre a situação. Ela ainda afirma que a empresa se responsabilizou por pagar ressarcimento dos danos, a contenção e a reconstrução do muro atingido.
O acidente ocorreu por volta das 7h30 na Avenida Vilarinho. Após os trabalhos das autoridades, foi destombado por volta das 10h40 e retirado do local às 11h10.
Confira a nota da Polícia Civil na íntegra:
"Sobre o acidente envolvendo um ônibus Move Metropolitano, ocorrido na Avenida Vilarinho, na manhã desta quinta-feira (20/1), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que o condutor do veículo, envolvido no fato, foi conduzido pela Polícia Militar e será ouvido na Central Estadual de Plantão Digital.
As investigações para determinar as circunstâncias e causas do fato serão de responsabilidade da Divisão Especializada em Prevenção e Investigação de Crimes de Trânsito (DEPICT). Uma equipe de investigadores compareceu ao local e já iniciaram os trabalhos para levantamento de possíveis imagens do acidente, assim como, coletar nomes das testemunhas que possam auxiliar na elucidação dos fatos.
A perícia compareceu ao local para os trabalhos iniciais, e um laudo será produzido e anexado ao inquérito.
A ocorrência do fato ainda não foi finalizada pela Polícia Militar."
* Estagiário sob a supervisão do subeditor Thiago Ricci