Louças, vidros de tinteiros, cravos de ferro e até mesmo cachimbos de cerâmica - muito utilizados por escravos no início da ocupação da cidade de Mariana, no século 18 - foram encontrados por arqueólogos na Praça Gomes Freire, cartão postal do município da Região Central de Minas.
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De acordo com a estudiosa, os fragmentos descobertos contam um pouco mais sobre comportamentos, costumes, religiões e as relações sociais e econômicas da população dos séculos passados.
Além dos objetos usados no cotidiano, também foram recuperadas moedas de vários períodos, provavelmente depositadas no chafariz do local.
Outros objetos, como fragmentos de garrafas de vidro e pingentes de metais, além de bolinhas de gude e cabecinhas de bonecas de porcelana, mostram a ocupação do jardim pelas crianças desde sempre como espaço de lazer.
E, mesmo antes do local ser transformado em praça, a população de Mariana já o usava com intensidade para o lazer, explicou o arqueólogo coordenador-geral das pesquisas arqueológicas na requalificação da Praça Gomes Freire, Angelo Lima.
“Fragmentos de vasilhas de pedra sabão, louça e cerâmica, por exemplo, mostram que desde o século 18 as pessoas utilizavam a praça em momentos festivos para se alimentarem. Além das vasilhas quebradas que ficaram como testemunho dessa prática, ossos de porco, boi e frango também sobreviveram ao tempo", inicia.
"Cada pedaço deixado, perdido ou esquecido na praça pode agora reconstruir uma parte da história de Mariana e de Minas Gerais”, complementa.
Os objetos descobertos serão devidamente catalogados, identificados e entregues ao Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, em Belo Horizonte, onde ficarão guardados e disponíveis para futuras pesquisas.
Os trabalhos de prospecção e monitoramento arqueológico tiveram aprovação e monitoramento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).