O último sonho de Romilda Raimundo Pereira, de 58 anos, foi realizado com as doações de cinco de seus órgãos. Ela foi atropelada por uma charrete no domingo (16/1), ao atravessar a Avenida Levino Ribeiro do Couto, em frente à rodoviária de Pouso Alegre, no Sul de Minas.
A filha da mulher, Francisca Pereira Camargo, contou que a mãe falava que queria que os órgãos dela ajudassem outras pessoas a viver. Em novembro, Romilda fez nova carteira de identidade para retirar a citação “não doadora de órgãos”. A família autorizou a doação, feita nesta quinta-feira (20/1).
Romilda era casada, tinha três filhos e quatros netos. A filha caçula descobriu a gravidez, do quinto neto, nesta semana. Conhecida por ser uma mulher corajosa, amável e que sempre ajudava o próximo, ela terá a vida propagada em outras pessoas.
A retirada dos órgãos foi feita em cirurgia nesta manhã, no Hospital das Clínicas Samuel Libânio. Eles foram levados de avião, sendo, “o fígado pra Montes Claros, um rim para Passos e o outro para Itajubá, as córneas para Belo Horizonte. Cinco pessoas são salvas pela atitude de amor e caridade de nossa rainha”, cita Francisca.
Para a filha, é importante respeitar o último desejo da mãe e também mostrar às pessoas a importância da doação de órgãos. Francisca é técnica de enfermagem e acompanhou o último exame que constatou a morte encefálica da mãe para que a doação fosse realizada.
Ela lembra, com carinho, o exemplo que Romilda deixa de sempre ajudar o próximo, mesmo após a morte.
Ela lembra, com carinho, o exemplo que Romilda deixa de sempre ajudar o próximo, mesmo após a morte.
“A vida toda a minha mãe sempre falava a palavra doar e colocava em prática. No final do ano, nós ajudamos famílias que deixaram cartas com pedidos de Natal”, e recentemente fez mais doações.
Romilda também amava estar em família. Em dezembro, ela pediu que os filhos tirassem uma foto juntos para colocar na parede de casa. A foto será colocada no caixão, para homenagear a mãe que gostava de ter os filhos sempre juntos dela e do marido.
Romilda também amava estar em família. Em dezembro, ela pediu que os filhos tirassem uma foto juntos para colocar na parede de casa. A foto será colocada no caixão, para homenagear a mãe que gostava de ter os filhos sempre juntos dela e do marido.
A forma que Romilda morreu chocou a família
Romilda atravessava a rua quando foi atropelada pela charrete e depois ficou internada, até a morte encefálica. Segundo a filha, um técnico de enfermagem e um médico passavam pelo local e prestaram os primeiros socorros.
O técnico ligou para Francisca e contou que a mãe queria levantar e, instantes depois, começou a passar mal e o quadro de saúde mudou rapidamente.
“A pancada na cabeça foi tão forte que o quadro dela evoluiu muito rápido”, detalha a filha. Para ela, a forma que a mãe morreu chocou toda a família.
O técnico ligou para Francisca e contou que a mãe queria levantar e, instantes depois, começou a passar mal e o quadro de saúde mudou rapidamente.
“A pancada na cabeça foi tão forte que o quadro dela evoluiu muito rápido”, detalha a filha. Para ela, a forma que a mãe morreu chocou toda a família.
Testemunhas contaram à ela que a charrete tinha duas pessoas e o condutor ficou no local até a chegada do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) e se ofereceu para ajudar no que fosse preciso.
Francisca não sabe quem foram essas pessoas e fez boletim de ocorrência do acidente. O caso está sob investigação da Polícia Civil.
“Não quero achar culpados, quero entender o que aconteceu, pois parece que falta algo, uma peça desse quebra-cabeça.”
O enterro acontecerá no Cemitério Municipal de Borda da Mata, cidade natal de Romilda. O velório e enterro ainda não tinham sido informados à família, até o final desta reportagem.
Nayara Andery - Especial para o Estado de Minas
Nayara Andery - Especial para o Estado de Minas