Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

Infectologista de BH: 'Sistema não suportaria Ômicron sem vacinação'



A vacinação é o colete salva-vidas para a nova onda de casos de coronavírus que atinge o Brasil. Em Belo Horizonte, o médico infectologista Estevão Urbano, um dos conselheiros do prefeito Alexandre Kalil (PSD) no Comitê de Enfrentamento à COVID-19, afirmou, nesta quarta-feira (26/1), que o sistema de saúde não suportaria tantos casos da nova variante se a maior parte da população não estivesse vacinada.





“A observação de cada um de nós é que essa onda nunca foi tão violenta em termos de transmissibilidade desde o início da pandemia até agora. Por outro lado, isso mostra também a importância e relevância da vacina, e como a vacina tem mudado o curso dessa pandemia”, introduz.

“Por essa cepa ter sido capaz de se disseminar de forma tão rápida e tão agressiva, nós não conseguiríamos suportar, no sistema público, muito provavelmente, se essa onda chegasse antes do início da vacinação”, pressupõe.

Urbano, que também é presidente da Sociedade Mineira de Infectologia e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que não há maiores gravidades na infecção pois a população está protegida com os imunizantes.






“Sabe-se que essa Ômicron não é tão 'leve' como se imaginava. Ela é 'leve' não para todos, mas para os vacinados. Isso reflete como a vacinação tem sido fundamental”, conclui.

Pacientes sem vacina

Na mesma ocasião, Kalil confirmou que os leitos dos hospitais em Belo Horizonte têm, em sua maioria, ocupação de pacientes que não tomaram a vacina contra a COVID-19.

“Recebemos hoje um dado, com isso não se pode brincar: 85% dos internados na rede controlada pela Secretaria de Saúde são de não vacinados”, declarou. “Os 15% restantes são pessoas com comorbidades”, acrescentou.





Na semana passada, o Estado de Minas mostrou que autoridades, especialistas e dados mostram que a maior parte dos internados não completou o esquema vacinal ou são pessoas acima de 75 anos, ou ainda, têm comorbidades associadas..

Pandemia em BH

O aumento de casos de COVID-19 e a pressão nos leitos de internações fazem a Prefeitura de Belo Horizonte pensar na possibilidade de novas restrições na cidade.

Nesta quarta-feira (26/1), o prefeito Alexandre Kalil (PSD), o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, e os infectologistas membros do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 se reuniram e concederam entrevista coletiva à imprensa para falar sobre o cenário da pandemia na capital.




Situação da pandemia

Em meio ao avanço da vacinação, a pandemia do coronavírus atinge sua fase mais crítica quanto à explosão de infectados. Nesta quarta-feira (26/1), Minas registrou novo recorde de casos em 24 horas e salto nas mortes. O estado superou, pela primeira vez na pandemia, a casa de 30 mil novos casos em 24h, com 36.383 ocorrências e o número de mortes mortes saltou de 11 na segunda-feira, para 62 ontem.
 
O panorama também é assustador em Belo Horizonte, que registrou 776 novos testes positivos em 24 horas em seu último balanço, divulgado ontem, evidenciando a expansão da doença na cidade.

Apesar da escalada de casos, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) foi às redes sociais ontem para descartar um novo fechamento do comércio não essencial na capital mineira. "Não haverá fechamento da cidade amanhã (hoje), mas a pandemia ainda não acabou", disse.



Porém, ele se reuniu nos últimos dias com o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, e com os infectologistas voluntários da prefeitura para discutir o avanço da pandemia na cidade.
 
Na semana passada, o secretário admitiu que a prefeitura poderia adotar medidas mais restritivas para tentar frear o avanço da doença, inclusive com o cancelamento de eventos de carnaval e vetar a presença de público em jogos de futebol. 

Conselheiro integrante do Comitê, o médico infectologista Unaí Tupinambás, já fez um apelo para que a população repense a postura de frequentar eventos com muita aglomeração, considerados como 'superespalhadores' de coronavírus.

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