Os casos de infecção de coronavírus têm aumentado cada vez mais no estado de Minas Gerais. A nova variante, ômicron, modificou totalmente o cenário que tínhamos anteriormente onde observamos a incidência de casos de COVID-19 diminuindo cada vez mais. Com cada vez menos medidas de proteção e mais aglomerações, os mineiros podem atingir o pico de infecção nos próximos dias.
Leia Mais
PBH publica decreto sobre adiamento da voltas às aulas nas escolas de BH Casos de COVID em Uberaba passam de 900 para mais de 10 mil em janeiroA cada mil infectados com COVID em Minas, apenas um precisa de UTIAfastamentos pressionam a rede hospitalar da capitalBH tem mais de 1 mil profissionais de saúde afastados em menos de um mêsNova Lima cancela eventos a partir de 1º de fevereiro e adia volta às aulasDe janeiro a dezembro de 2021, o estado registrou um total de 660.155 casos de infecção de COVID-19. Em janeiro de 2022, até esta sexta-feira (28/1), o estado teve 426.024 casos. Este número já é equivalente a 64,5% de todos os casos registrados no ano passado.
Em dezembro de 2021, a situação era totalmente diferente. Os números de infecção em todo o mês de dezembro somavam 1.043 casos. Para o médico infectologista Leandro Curi, esse aumento de transmissão tem relação não só com as férias, mas também com a ômicron e com o abandono do uso de máscaras.
"Acredito que é um conjunto de fatores. A primeira, as festas do fim de ano, as viagens de janeiro. Isso com certeza aumentou a transmissão. O segundo fator é ômicron por si só. A ômicron é uma infectante que aumenta muito isso . E o uso de máscaras, a gente tem visto cada vez com menor frequência o uso de máscaras, a máscara foi nossa primeira vacina nesta pandemia e a gente largou mão desse EPI de extrema importância", pontuou Leandro.
O infectologista pontua que o esquema de vacinação completo e a dose de reforço ajudam a frear essa alta no número de casos. "Além de aliviar os sintomas e evitar grandes chances de hospitalização, a vacina também diminui a transmissão e a contaminação. Com o avanço da imunização, a gente pode conseguir diminuir a taxa da ômicron, mas é difícil prever como ela vai reagir quando a maior parte da população estiver com as três doses", explica.
O estudioso acredita que se a população continuar com o uso efetivo de máscaras e evitar aglomerações, há chances desse nível de transmissão se estabilizar até que possa diminuir; caso isso não ocorra, há chances de o índice continuar aumentando cada vez mais.
"É difícil prever. A ômicron atua de modo diferente. A ômicron tem uma espécie de chance infecção setenta vezes maior que a COVID-19 original. É uma variante que surgiu a pouquíssimo tempo e já é a dominante no mundo, assim tão rapidamente."
O infectologista alerta a população sobre a possibilidade de reinfecção da variante ômicron, mesmo que a pessoa esteja imunizada. "Mesmo com a vacinação, que nós não tínhamos no início de 2021, nós estamos com números mais alarmantes que em 2021, e isso se deve muito ao nosso comportamento como cidadão, como sociedade. A gente também está fazendo a nossa parte?", questiona. "A vacina sozinha não vai fazer o serviço dela."
"É entender a gravidade de que a gente ainda está em uma pandemia, que começou no início de 2020 e a gente não saiu dela ainda. E agora o vírus está jogando com uma nova arma e uma arma potente, de contaminação em massa", diz.
* Estagiário sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.