Onde havia abandono, aridez e terra sem serventia, nasceu a esperança em forma de verduras, frutas, milho e mandioca. Hoje, há espigas, canteiros bem cuidados, vaivém da enxada e flores. Num terreno público de 9 mil metros quadrados no Bairro Jardim Vitória, na Região Nordeste de Belo Horizonte, trabalham 16 famílias dedicadas à preservação ambiental, produção de alimentos e geração de renda de forma sustentável.
Leia Mais
Governo eleva limite de venda da agricultura familiar ao PNAE para R$ 40 milCom estragos nas lavouras, preços de hortaliças sobem no atacado Movimento Gentileza: Kalil e primeira-dama entregam 5ª horta comunitáriaDefesa Civil atesta que não há risco depois de interdição de trincheiraAtenção! Veja as interdições e mudanças de itinerário de ônibus em BHTambém satisfeito da vida mostra-se José Ângelo da Silva, de 67. Para ele, a recuperação da área e o destino dado aos frutos da plantação “é formidável. Afinal, estamos cuidando do meio ambiente e produzindo frutas, legumes e verduras que ajudam no nosso sustento e, com a venda do excedente, geram renda”.
A atividade também tem cunho terapêutico, assegura Maria André da Silva Santos, de 63. “Estava muito depressiva, triste mesmo. Com o trabalho aqui, ganhei ânimo, vida nova. Venho cedo com a garrafa de café, e, se deixarem, fico sem almoço até tarde. Além disso, consigo o dinheiro para comprar o pão de cada dia”, contou Maria André, que tem três filhos.
Como muitas áreas ociosas, e presa fácil para violência, vandalismo e descarte de lixo, além dos incêndios no mato, o terreno no Bairro Jardim Vitória, de onde se avista parte da cidade, “tem valido a pena, a cada segundo”, nas palavras dos agricultores urbanos. “Ver o resultado nos deixa estimulados. Afinal, estamos aqui juntos plantando e colhendo”, destaca José Paulo da Silva.
Novos tempos
O prefeito de BH, Alexandre Kalil, já esteve no local e saboreou o almoço oferecido à época – “salada com produtos daqui mesmo e mandioca que plantamos e colhemos”, contou Maria André, cheia de orgulho. Na ocasião, Kalil fez a entrega de novos equipamentos e melhorias estruturais do projeto Agroflorestas e Hortas Urbanas, realizado no Jardim Vitória pelo Movimento Gentileza, em parceria com a PBH.
Os espaços de cultivo, voltados para a produção de alimentos saudáveis, a geração de renda e o desenvolvimento local sustentável, receberam ao longo do ano passado melhorias de infraestrutura e novos equipamentos de proteção e manejo para potencializar o trabalho das agricultoras e agricultores. De acordo com a PBH, o município tem mais de 91 mil metros quadrados de área cultivada e mais de 300 pessoas cadastradas para desempenhar a atividade.
A iniciativa parte do Movimento Gentileza Urbana, em parceria com a PBH por meio das secretarias de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania e de Meio Ambiente, além da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Segundo a diretora do Gentileza Urbana e primeira-dama de BH, Ana Laender, as entregas chegam para somar com um projeto que é exemplo de desenvolvimento sustentável e intersetorial. “Ocupar territórios outrora ociosos com ações que promovam a preservação ambiental, saúde, desenvolvimento social e econômico para as pessoas e para a cidade são atitudes que caminham ao lado dos princípios que carregamos em tudo que fazemos, sempre valorizando espaços e vidas.”
Pontos de apoio As ações começaram há um ano, quando a PBH recebeu quatro contêineres, disponibilizados para o município como forma de compensação ambiental, para serem usados como pontos de apoio aos trabalhadores de unidades produtivas coletivo-comunitárias.
As estruturas, com espaço para almoxarifado e banheiro, ganharam, por meio da iniciativa do Movimento Gentileza, uma varanda coberta e um alpendre, construídos com pilares de eucalipto e telhas ecológicas, equipados com pia e bancada para manejo, fogão a lenha, além de redes de descanso, mesas e bancos, que contribuem para estrutura de apoio à produção e à distribuição de alimentos saudáveis no município.