Depois do adiamento, crianças de cinco a 11 anos de idade puderam retomar as atividades presenciais em instituições de ensino privadas nesta terça-feira (08/02) em Belo Horizonte e dar início ao ano letivo de 2022 - a volta na rede pública acontece nesta quarta (9). Inicialmente, a suspensão, oficializada em 28 de janeiro, seria até 13 de fevereiro, mas decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) anulou o ato da prefeitura.
O retorno, contudo, ainda demanda cuidado, mesmo com quase dois anos de pandemia de COVID-19. A prefeitura tomou a decisão de adiar as aulas porque as crianças de cinco a 11 anos ainda não tinham sido vacinadas contra o coronavírus, mas ainda há uma boa parcela sem o imunizante. BH, por exemplo, tem imunização deste grupo em 51%, sendo que, até esta terça-feira (8), a cidade imunizou crianças de seis a 11 anos - nesta quarta, as de cinco serão contempladas com a primeira dose.
Adelino de Melo Freire Júnior, infectologista e diretor-médico da Target Medicina de Precisão, acredita que mães, pais ou responsáveis devem tomar alguns cuidados básicos neste momento de retorno às atividades presenciais. O doutor é claro em dizer que a observação para possíveis sintomas deve ser feita com muita atenção.
Um papel dos responsáveis é estar atento aos sintomas dos filhos, vacinados ou não. Se apresentar algum sintoma, principalmente gripal, não deve ir à escola. Se todos tiverem esse compromisso, a escola fica mais segura para todo mundo. Esse é um ponto essencial, que é a questão de se a criança estar doente, ficar em casa, fazer o teste, por exemplo. Isso é importante quando se fala em escola infantil, pois é muito comum, até antes da pandemia, crianças com quadro gripal irem para as escolas e elevarem o risco de transmissão a todos", afirma, ao Estado de Minas.
Outro ponto diz respeito aos cuidados das crianças nas escolas. Adelino de Melo Freire Júnior aponta que o quase "mantra" rotineiro a respeito da COVID-19 deve ser seguido nas instituições, mas com um adendo especial por se tratar de crianças. O médico também pondera que é essencial a vacinação, algo que os responsáveis precisam se atentar.
"É importante avisos sobre uso de máscaras, higienização e certo respeito, não tocar a máscara do coleguinha, por exemplo, realizar essas ações que viraram parte do nosso cotidiano. Claro, as crianças devem estar vacinadas, e as que ainda não têm vacinação a gente espera que tenha condição de se vacinar. Para quem está abaixo de cinco anos tem o risco menor, mas o ponto é: quem está vacinado acaba protegendo quem não está, isso é importante. Quanto maior a chance de não circular o vírus em um grupo, a gente consegue controlar em certo ponto", afirmou.
O doutor viu o adiamento da volta às aulas presenciais como uma decisão equivocada, ao considerar que a escola é um local seguro e que crianças tendem a respeitar as normas. A medida, inclusive, gerou uma série de manifestações, com a última acontecendo no sábado (5), na porta da casa do prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), pedindo a liberação para a atividade presencial.
"A escola não é o ambiente mais inseguro do dia a dia, pelo contrário, a escola tem sido um lugar onde as regras são cumpridas, há um cuidado quanto aos contatos, muito mais até do que fora. Achei uma incoerência impedir esse retorno à aula, mesmo com esse cenário atual de alta, sendo que outros locais estão abertos sem impedir que crianças entrem, podem ir a jogo de futebol, restaurante, shopping. nesse ponto, pensando nisso, penso que o não retorno prejudicaria mais, tem é que voltar mesmo. Mas com os cuidados necessários, de preferência com todos vacinados, é sempre bom lembrar, a escola é um local melhor para todas as crianças", afirmou.
Por fim, para tentar aumentar o índice de imunização infantil em BH, Adelino de Melo Freire Júnior considera que as ações feitas pelas escolas seriam importantes. "Acho que a escola tem o papel de educação não só do aluno, como da sociedade. Ações capitaneadas pelas escolas seriam ótimas para a gente poder conscientizar cada vez mais as pessoas, mostrar que as escolas prezam pela segurança e que são responsáveis".