Um dia para matar a saudade dos amigos e retomar os estudos, prejudicados em virtude da pandemia. Em clima chuvoso, crianças de 5 a 11 anos iniciaram nesta quarta-feira (9/2) o ano letivo nas diversas escolas municipais de Belo Horizonte, num ambiente totalmente diferente. No lugar dos abraços, um simples aceno com as mãos ou com a cabeça marcou a saudação dos colegas nas salas de aula.
De maneira geral, as instituições têm feito rodízio para que as crianças possam ir para o intervalo, além de demarcações nas cantinas e distribuição de álcool em gel. A prefeitura contratou vários monitores que ajudam a organizar melhor as filas e evitar tumultos.
“Matei a saudade dos meus amigos”, vibrou Laura, de 10 anos, filha do marceneiro Wanderlei Lourenço Pereira, 44, que foi buscá-la no primeiro dia de aula na Escola Municipal Santos Dumont, no Bairro Santa Efigênia.
O pai também se mostrou satisfeito por ela ter a chance de finalmente frequentar a escola sem pausas. “O retorno ocorreu no tempo certo, porque ela tomou a vacina na semana passada. Sem vacina, não tinha como ela voltar. Foram dois anos perdidos. Ela ficou um pouco ansiosa para retornar”, afirmou.
Wanderlei lembrou que Laura teve dificuldades para frequentar o ensino remoto no ano passado. “É muito difícil. A criança fica alterada, mesmo tendo tudo dentro de casa com o acompanhamento dos pais. Tem que ter escola e continuidade. Estudo é a base de tudo para seguir a vida e educar essa geração”.
Justiça determina retorno
O retorno às aulas dos alunos de 5 a 11 anos só foi possível em virtude da liminar obtida pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) junto à Justiça, já que a prefeitura de Belo Horizonte desejava que o ano letivo tivesse início a partir da próxima segunda-feira (14/2). A ideia do município era que todas as crianças conseguissem tomar ao menos a primeira dose da vacina. Porém, a própria prefeitura acabou aderindo à liminar e antecipou o retorno das aulas.
Pai das gêmeas Rute e Raquel, o autônomo Dorival Francisco Costa, de 53 anos, disse que ambas foram imunizadas com a primeira dose contra a COVID-19. Ele “Aprovo a liminar. Não concordo com a prefeitura querer ter adiado as aulas em apenas uma semana. As crianças tomaram apenas uma dose e não estão totalmente imunes. Para que elas ficassem protegidas, seria necessário mais 28 dias. Uma semana não adianta nada. Logo, melhor voltar agora com o protocolo de segurança”.
Segundo ele, será preciso investir em reforço escolar para que as gêmeas tenham desenvolvimento daqui para a frente. “Pela escola, acho difícil elas recuperarem o ano letivo e se desenvolver. Elas estão no 3º ano e têm dificuldade para ler e escrever. A escola fica muito pesada para o aluno. É preciso que a gente invista por fora em reforço escolar”.
Na visão da dona de casa Érica Silva, de 41, a retomada das aulas presenciais é uma esperança de que a filha Gabriella, de 7, possa aprender mais. “Ela rendeu mais em casa porque eu acompanhei, mas não é o aproveitamento ideal como na escola. Este ano, a expectativa é que ela desenvolva mais e tenha aula o ano inteiro”.