Exposição a chuvas, frio, calor, radiação solar e altos níveis de lama, o que facilita a penetração de bactérias pelas partes mucosas. Esse foi o cenário identificado após trabalho técnico veterinário onde vivem cerca de 1.050 cabeças de gado - alguns com risco de morrer - na zona rural de Uberaba, no Triângulo Mineiro. A Polícia Militar Ambiental classificou a prática como maus-tratos e conduziu a proprietária do sítio à delegacia nessa quarta (9/2).
Os policiais ambientais constataram, ainda, que o local onde os animais estavam confinados está em área de preservação permanente e reserva legal e, além disso, a propriedade não está devidamente licenciada para a criação de gado em regime de confinamento.
A atividade desenvolvida, segundo a PM, impede e dificulta a regeneração de florestas e demais formas de vegetação em 0,8 hectares de área de preservação permanente (margens do córrego dos Linos e do rio Uberaba), um hectare de reserva legal e 2,5 hectares de área comum.
A proprietária foi multada em R$ 2.385 e se comprometeu a prestar auxílio médico veterinário imediato a 40 bovinos que, devido aos maus-tratos, correm risco de morte. Tendo em vista a dificuldade na logística para o transporte e acondicionamento, os animais ficaram sob custódia da autuada.
Magros, com doenças e estressados
De acordo com o registro policial, após a realização dos trabalhos técnicos de uma médica veterinária, juntamente com um auxiliar, foi constatado que o ambiente que os animais estavam inseridos é inadequado, já que apresenta níveis preocupantes de lama, o que propicia a aparição de doenças.
Também foram detectados animais com baixo escore corporal, claudicação severa (quando o animal não possui circulação sanguínea suficiente nos membros de locomoção), hiperplasia interdigital (enfermidade que acomete o espaço entre os dígitos dos bovinos, com proliferação de tecido) e cochos secos.
Os animais estavam expostos a chuvas, frio, calor e sol, o que situação de estresse em vários deles. Diante de todo esse cenário, o laudo do médico veterinário apontou o crime de maus-tratos contra os animais.
Desdobramento de denúncia
Na última quinta-feira (3/2), a PM Ambiental já havia recebido a denúncia de maus-tratos no local. Segundo o registro policial, feito naquela data, haviam sido constatadas aproximadamente 1.000 cabeças de gados confinados em pasto de terra molhada e pastosa, mas com alimentos e água.
Desta forma, o gerente do sítio teria que apresentar a documentação ambiental da propriedade nesta semana, quando seria efetuada nova fiscalização, sendo que desta vez acompanhada de médico veterinário que verificaria a real situação da saúde dos animais.