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Estado de Minas EM MINAS GERAIS

Polícia apreende 230 toneladas e descobre esquema de falsificação de sabão

É a maior apreensão da história do país, afirma a Polícia Civil mineira; a estimativa é de que o esquema gerava um lucro de R$ 3 milhões por mês


15/02/2022 14:12 - atualizado 15/02/2022 15:02

Duas caixas de sabão em pó, uma verdadeira e outra falsa, com os respectivos efeitos dos produtos em contato com a água
O sabão vinha da Bahia e era embalado e distribuído em Divinópolis e São Gonçalo do Pará (foto: Amanda Quintiliano)
Com a apreensão de 230 toneladas de sabão em pó falsificado em Divinópolis e São Gonçalo do Pará, ambos no Centro-Oeste mineiro, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) trabalha agora para identificar os membros da quadrilha. Os delegados divulgaram detalhes sobre o crime nesta terça-feira (15/2) e falam em pelo menos 30 pessoas envolvidas no esquema milionário.

A operação foi desencadeada ontem (14/2) após os policiais receberem informação de que um caminhão seria descarregado em um galpão em Divinópolis. No local, foram encontrados seis veículos, entre caminhões e carretadas, carregados com o produto. Essa é a maior apreensão da história do país.

Para tentar desviar a atenção da polícia, os suspeitos dividiram o esquema em duas cidades. Em Divinópolis, ficava apenas o galpão de estoque. Toda a carga que vinha da Bahia era descarregada nele. Na sequência, eram transportados cerca de dois caminhões por dia para outros dois galpões, ambos em São Gonçalo do Pará, á menos de 30 km de distância, onde o produto falsificado era embalado e distribuído.

Durante a operação, além do sabão, foram apreendidos:

  • dois caminhões
  • seis carretas
  • três empilhadeiras
  • três betoneiras
  • três esteiras de produção
  • 13 balanças digitais
  • milhares de lacres e caixas de papelão falsificados com a marca OMO para a embalagem do produto
  • dois aparelhos celulares
  • diversos livros com anotações contábeis e de colaboradores

Uma pessoa, gerente no galpão em Divinópolis, foi presa. O jovem de 27 anos foi levado para o presídio Floramar e deverá responder por falsificação de produto destinado a saneamento, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
 
 

A Vigilância Sanitária e a Receita Estadual estiveram nos galpões. Foram lavradas autuações por sonegação fiscal. A empresa responsável pela marca tomou conhecimento dos fatos e tem prestado o apoio técnico e logístico necessário.


A investigação


As investigações começaram em junho do ano passado quando foram apreendidas 50 toneladas de sabão em pó falsificado em Nova Serrana. No mês seguinte, mais 25 toneladas do produto foram apreendidas na mesma cidade.

“Parte desta quadrilha migrou para Divinópolis na tentativa de ocultar da Polícia Civil, das instituições de segurança a continuidade da prática de falsificação de sabão em pó”, explica o chefe do 7º Departamento da Polícia Civil, o delegado Flávio Tadeu Destro.

A operação de ontem é o primeiro passo. “Vamos avançar para que possamos identificar os receptadores, as empresas, redes, eventualmente envolvidas com a exposição destes materiais para aquisição do consumidor”, afirma. 
 
Montagem com sabão em pó OMO falsificado e deposito onde era feita a produção do produto ilegal
(foto: Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação)
 

Pela grande quantidade de material apreendido, acredita-se que a distribuição não se concentra apenas no Centro-Oeste de Minas. “É muito provável que ele tenha destinação para outros estados”, completa o delegado. 

Por dia, a produção girava em torno 30 toneladas. Considerando uma embalagem de 800 gramas, seriam 37,5 mil caixas por dia. Ao mês, estima-se que a quadrilha lucrava cerca de R$ 3 milhões com a comercialização. O sabão em pó era comprado de uma empresa na Bahia a R$ 1,30 o quilo para embalagem.

“Uma terceira parte da investigação é a financeira para se verificar esses lucros obtidos a partir desta prática, rastrear este dinheiro, os responsáveis pela lavagem de capitais, que alguns já foram até identificados, para se obter aí também o bloqueio e sequestro destes bens e valores da prática delitiva”, explica o delegado Wesley Castro.

Para tentar camuflar o esquema de falsificação, apurou-se que os líderes trabalhavam na legalização de uma empresa de fachada de produção própria.

*Amanda Quintiliano especial para o EM


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