Jornal Estado de Minas

CHUVA

'Nunca tinha visto', diz morador de Mateus Leme sobre cheia na cidade

Moradores de Mateus Leme, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, amanheceram nesta terça-feira (15/02) praticamente "ilhados". Fortes chuvas atingiram o município e arredores durante a madrugada e, uma cabeça d'água elevou consideravelmente o nível de um ribeirão do mesmo nome da cidade. A água invadiu casas e causou danos estruturais na cidade.





A região do distrito de Azurita, a dois quilômetros do Centro de Mateus Leme, foi a mais afetada. A própria equipe da Defesa Civil municipal chegou a ficar ilhada no local, pois a ponte que dá acesso ao distrito ficou submersa por causa do transbordamento.

Morador de Mateus Leme há cerca de 30 anos, Hélio Batista Vieira relatou ao Estado de Minas a água chegou a uma altura de dois metros na sua casa, onde mora com mais sete pessoas.

"Na parte mais baixa, foi uns dois metros de altura, dentro da casa deve ter entrado mais ou menos um metro. Começamos a correr, colocamos os 'trem' para cima, salvamos um bocado de coisas, mas guarda-roupa perdeu", lamentou.

Hélio conseguiu salvar imagem da Nossa Senhora da Aparecida que tem em casa (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
O morador também relata que não via uma chuva tão forte há, pelo menos, 20 anos.





"Aqui, pela terceira vez, subiu água rápido demais, chegou a entrar dentro de casa, e é essa situação aí. É um córrego, o córrego aqui de Mateus Leme transborda muito. Foi a terceira vez só este ano, ficou até uns 20 anos sem acontecer, mas de um tempo para cá tem acontecido. Moro aqui há 30 anos, mas nunca tinha visto, choveu mais dessa vez", diz.

Além da Defesa Civil Municipal, equipes do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar ajudaram no resgate de algumas famílias em situação mais trágica. Um barco precisou ser usado para otimizar as ações.

Parte da ponte que dá acesso a Azurita cedeu por com a força da água (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
A siuação era mais crítica para Cíntia Graziela da Silva. A moradora testou positivo para COVID-19 e, com dores no corpo, não conseguia retornar para casa por causa do bloqueio na ponte. Quando a água baixou, foi possível perceber que parte considerável da ponte caiu.





"Às 10h já não podia passar aqui (na ponte). Estão tentando ver se conseguem me levar, mas até agora não deu. Dá para passar pela mata, mas estou esperando a resposta para ver se tem como passar sem ser pela matinha", afirmou já no meio da tarde.

Cíntia buscava ajuda para voltar para casa; ela testou positivo para COVID-19 e apresentava sintomas (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Junto de Cíntia, outras pessoas também tentavam uma forma de tentar passar pelo local. A Defesa Civil Municipal ainda não contabilizou os desabrigados e desalojados, mas assegurou que todos foram removidos em segurança. O destino das famílias não foi informado.

Segundo o órgão, a cheia causou pelo menos uma dezena de pontos alagados no distrito de Azurita. A água em Mateus Leme também chegou aos bairros João Paulo II, Central, Campo Guarani e Santa Cruz. A cidade permanece em alerta, pois há previsão de chuvas de até 90 milímetros até a manhã desta quarta-feira (16).