Jornal Estado de Minas

VANDALISMO

Vídeo flagra militar vandalizando banner escrito 'Fora, Bolsonaro' na UFJF

Um militar da reserva do Exército, de 59 anos, foi detido por um vigilante da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) após pichar um banner da Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes), no qual estava escrito “Fora Bolsonaro”. O ato de vandalismo aconteceu na noite de segunda-feira (14/2) e foi flagrado por um homem de 39 anos que passava pelo local, decidiu registrar a ação em vídeo e acionar a segurança do campus.




 
Conforme as imagens, o autor servia de apoio para outro indivíduo, que estava em pé sobre seus ombros para alcançar os dizeres e apagar o nome do presidente do cartaz com tinta spray preta. Diante da abordagem inesperada, o militar se exaltou e respondeu com ataques homofóbicos.
 
Embora o banner em protesto contra o presidente da República esteja afixado próximo ao Pórtico Norte da universidade, a assessoria da UFJF disse à reportagem que não tem vínculo com a Apes, tendo em vista que aquele espaço foi cedido à entidade.
 
 
 
A associação enfatiza que o cartaz colocado na sede está em conformidade com o “exercício do direito constitucional à livre manifestação política” e “se solidariza com a vítima da agressão”. "Reiteramos o nosso repúdio a esses ataques que demonstram a intolerância e o desejo de oprimir a livre manifestação de pensamento. Tais ações não nos intimidarão", diz a Apes, em nota (leia a íntegra abaixo).




 
De acordo com a ocorrência registrada pela Polícia Militar (PM), o vigilante confirmou que tomou ciência do fato pela testemunha que filmou o ato de vandalismo. Segundo o relato, ao chegar ao local, ele se deparou com dois indivíduos cobrindo o nome do presidente com tinta preta. Logo, o funcionário da segurança do campus conseguiu deter o militar, mas o comparsa dele fugiu.
 
Indagado pela PM, o militar disse que não concordava com os dizeres do banner e, por isso, decidiu manifestar a sua opinião ao apagar o nome do presidente Bolsonaro. Ainda segundo o registro policial, ele alegou que, por se tratar de um local público, não deveria haver ali manifestações “denegrindo ou afrontando a imagem do presidente da República”.
 
O caso foi encaminhado à Polícia Federal, que recebeu a ocorrência da PM nessa terça-feira (15/2) e liberou o militar. A lata de spray preta utilizada na ação foi apreendida.
 

Leia a nota da Apes na íntegra

 
“Novamente, a sede APES – Associação dos Professores de Ensino Superior – foi vítima de vandalismo pelo exercício do direito constitucional à livre manifestação política. Manifestação esta que se apoia em decisão de assembleia da categoria de se incorporar à luta pelo Fora Bolsonaro, como resposta aos imensos ataques do governo à educação e à toda classe trabalhadora. As instituições públicas de ensino têm sido sucateadas, sua autonomia desrespeitada e a liberdade de ensinar reiteradamente cerceada. A população está desempregada, milhares de brasileiros e de brasileiras voltaram à miséria, e a fome já atinge a maioria da população. Soma-se ainda a esse cenário devastador, as milhares de mortes que deveriam ter sido evitadas por meio de políticas públicas adequadas ao combate à pandemia.




 
Cabe explicar, mais uma vez, que a APES constitui-se como sociedade sem fins lucrativos, de natureza civil, autônoma e com personalidade jurídica. Portanto, o banner exposto na frente da sede da APES é de propriedade e responsabilidade da entidade, não havendo qualquer relação com a Universidade Federal de Juiz de Fora.
 
Aproveitamos também para informar que os responsáveis pelo dano ao banner instalado em nossa sede foram denunciados à segurança do campus por cidadãos que passavam no momento da ação, o que possibilitou a autuação de um deles pelas autoridades competentes. Adicionalmente, as imagens veiculadas nas redes sociais chocam ainda mais pela agressão e ataques homofóbicos direcionados ao cidadão que filmava a ação. A diretoria da APES se solidariza com a vítima da agressão, se colocando à disposição para o que for necessário. Tomaremos todas as medidas legais cabíveis para responsabilização dos envolvidos.
 
Reiteramos o nosso repúdio a esses ataques que demonstram a intolerância e o desejo de oprimir a livre manifestação de pensamento. Tais ações não nos intimidarão. Assim, em respeito à história da entidade e à categoria, nos manteremos firmes na luta em defesa da educação pública, pela liberdade de manifestação, contra a opressão e pelo Fora Bolsonaro.”