Jornal Estado de Minas

SAUDADE DOS BLOCOS?

E aí, como fica o carnaval em BH neste ano? Confira a programação

Pelo segundo ano consecutivo, o efervescente carnaval de rua de Belo Horizonte está cancelado por causa da pandemia da COVID-19. Com isso, as festas privadas, liberadas pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), são a opção do público que não quer deixar mais um ano passar sem comemorar a data. Para os blocos, é a oportunidade de arrecadar alguma verba - ainda mais que não contam com nenhum auxílio da administração municipal. 





 

Mesmo com a preocupação das autoridades em não vivenciar nova alta de contaminações, uma flexibilização tornou as festas e os eventos em BH mais acessíveis: o público pode escolher entre apresentar o teste negativo de COVID-19 ou o comprovante de vacinação contra a doença. Antes da decisão, publicada ontem (17/2), havia a necessidade de mostrar os dois documentos. 

 

A medida vale para as atividades de casas de shows e espetáculos, casas de festas, discotecas, danceterias, salões de dança e eventos esportivos. Portarias com a mudança já entraram em vigor. Quem optar pelos testes, entretanto, deve ficar atento. Se antes eles podiam ser feitos até 72 horas antes do evento, agora o prazo é mais curto: de 48 horas para o RT-PCR e de 24 horas para o teste rápido antígeno.

 

Havayanas Usadas vão se apresentar em festa fechada (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
 

 

Veja qual a programação de alguns blocos tradicionais de BH

 

Mamá na Vaca 

 

O Mamá na Vaca, o bloco de rua faz referência à vaquinha instalada na Leopoldina, no Bairro Santo Antônio, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e sai às ruas aos sábados e abriria a programação do pré-carnaval. Mas esse ano não vai acontecer. "Somos bloco de rua, não faz sentido fazer festa fechada", disse o representante do bloco. Sendo assim, o bloco não participará dos eventos de 2022.



 

Banda Mole

 

A tradicional Banda Mole, que também se apresentava no sábado anterior ao carnaval e levava uma grande multidão de pessoas pelas ruas da capital, vai completar o segundo ano longe das ruas. "A Banda Mole não tem programação", disse o Luiz Ladeira, filho do presidente da Banda Mole.

 

Como te Lhamas e Pisa na Fulô

 

Já o "Como te Lhamas", que nasceu do encontro entre artistas brasileiros e latino-americanos residentes em BH, também não sairá às ruas este ano. Mas os fãs do batuque latino poderão matar um pouquinho da saudade em um evento fechado hoje (18/2) no Quintal do Mamão, que fica na Região Leste de Belo Horizonte.

"Aceitamos algumas propostas e nossa banda fará eventos este ano. Os shows dão uma renda importante para os músicos, principalmente em tempos de pandemia", diz Carlos Jáuregui, responsável pelo bloco. Carlos também enfatizou que todos os músicos e pessoas envolvidas com a banda estarão usando máscaras de proteção e que todos os participantes do evento deverão apresentar carteira de vacinação na entrada.





 

O bloco "Pisa na Fulô", marcado pelo forró, também se apresentará na mesma data e local.

 

Baianas Ozadas e Funk You

 

Diante da pandemia, da falta de segurança sanitária, nem o Baianas Ozadas nem o Funk You têm realizado ensaios da bateria e da dança. "Entendemos que, enquanto não tivermos 100% de segurança para garantir a saúde das pessoas, não tem como nos movimentarmos para um carnaval de rua. Da mesma forma que a prefeitura entendeu que não é possível realizar o carnaval de rua, acatamos a decisão, que acreditamos ter sido tomada com base nos direcionamentos das autoridades sanitárias", explicou Polly Paixão, da Lá e Cá produções, que empresaria vários artistas - dentre eles os gigantes Baianas Ozadas e o Bloco Funk You.

 

Ela ainda aponta que é necessário tempo para executar o planejamento para realizar o maior evento do país que acontece simultaneamente em diversas cidades - e Belo Horizonte atrai um dos maiores números de foliões. "Não dá para arriscar, não dá para ser no 'vamos ver', pois envolve muito trabalho, investimento financeiro, custos e, sobretudo, a vida de muitas pessoas", apontou.

 

Os dois blocos se apresentarão nesta sexta-feira (18/2) no Pré-carnaval do Distrital, que fica no Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul, a partir das 20h. 

 

Samba do Queixinho 

 

No sábado (19/2), o Alpendre, no Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, vai receber a roda do bloco "Samba do Queixinho". O evento começa às 19h, na Rua Mármore, 70.  

 

Juventude Bronzeada 

 

O bloco "Juventude Bronzeada", que tomava conta do Bairro Floresta, na Região Leste, vai participar de dois eventos nos próximos fins de semana. No domingo (20/2), a partir das 13h, o bloco fará uma apresentação no Quintal do Mamão, que também fica na Região Leste. Na próxima sexta (25/2), participará do evento no Distrital, que fica no Bairro Cruzeiro, na Região Centro-Sul, a partir das 20h. 





 

Havayanas Usadas

 

No domingo de carnaval (27/2), terá show do Havayanas Usadas no Quintal do Mamão, que  também fica na Região Leste de Belo Horizonte. "O momento que estamos vivendo é cercado de incertezas com relação ao presente e ao futuro em torno das atividades de um bloco de carnaval - e para os profissionais da área cultural que estão há dois anos sem poder trabalhar e não têm nenhum auxílio de políticas públicas ou recursos diretos. A prefeitura vai mudar os protocolos e exigências de acordo com o avanço da contaminação do vírus e a gente vai acompanhando e se adaptando", diz Heleno Augusto, que é DJ, músico e compositor. Ele é vocalista e organizador do bloco Havayanas Usadas.

 

Ensaio do bloco Havayanas Usadas (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
 

 

O bloco está com as atividades suspensas desde março de 2020. O organizador falou que o bloco não vai para a rua este ano. "A gente tentou retomar as atividades recentemente, mas, devido ao avanço da contaminação da gripe e da COVID, resolvemos cancelar. A banda do bloco, que possui 10 integrantes, voltou a ensaiar em dezembro para montar um novo show que tem como tema a canção 'Coração de Batuqueiro', de autoria de Peu Cardoso e Heleno Augusto, que homenageia ritmos, tambores, batuques e a cultura carnavalesca e está fazendo apresentações em eventos fechados com controle de acesso", acrescenta. 

 

Chama o Síndico

 

O bloco Chama o Síndico também deve participar de festas privadas. Mas ainda não divulgou a programação. "Estamos fechando agenda ainda. Os produtores estão tentando lidar com as mudanças de exigências. Sempre atuamos em festas variadas para além das ruas. Carnaval na quadra, na rua, no salão... essa briga do que é mais carnaval só serve pra dividir quem deveria se unir", diz a produtora executiva do Chama o Síndico, Renata Chamilet. Ela ainda criticou a postura da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) por não auxiliar os blocos.



"Não houve diálogo (leia a resposta da PBH abaixo). E acho que tem um agravante: colocar os eventos culturais como propagadores do coronavírus. Deixar profissionais da Cultura impedidos de exercerem seus ofícios durante a pandemia sem auxílio chega a ser cruel", afirma. 

"Ficamos quase 20 meses parados. Não nos arrependemos. A pandemia realmente alterou a vida de grande parte da população. Mas tornou-se insustentável já que não há auxílio, plano ou alguma ação propositiva por parte do poder público", finaliza.  

 

Como ficou o comércio

 

Belo Horizonte não terá ponto facultativo e o prefeito Alexandre Kalil (PSD) chegou a pedir para o comércio funcionar normalmente na data que seria reservada para a folia. Mas, após uma reunião entre lojistas e trabalhadores nessa quarta (16/2) terminar sem acordo, as lojas ficarão fechadas em BH no domingo, segunda, terça e quarta, até 12h.

 

Mudança de planos 

 

A decisão de não ter ponto facultativo em BH impactou algumas folias que estavam previstas para acontecer na segunda (28/2) e terça-feira (1º/3). É o caso do carnaval do Mirante que, com a revogação do feriado na capital mineira, cancelou a folia nos dias 28 e 1º, mas manteve a festa na sexta-feira (25/2), sábado, (26/2) e domingo (27/2). 



Para acesso ao evento, serão cumpridos todos os protocolos exigidos pela PBH, como apresentação de comprovante de vacinação ou teste negativo para COVID-19, entre outros. Este ano as atrações passam pelo funk, axé, pagode, samba e sertanejo. Nomes como Wesley Safadão, Dennis, Pedro Sampaio, Belo, Menos é Mais, Leo Santana, João Gomes estão na programação.
 

O que diz a PBH 

 
A PBH, por meio da Belotur, informa que vem trabalhando permanentemente na elaboração de editais de estruturação à cadeia produtiva do carnaval.

"Para além das diversas ações de capacitação e dos diálogos e esforços empreendidos durante todo o ano de 2021, após reunião do prefeito Alexandre Kalil com representantes das escolas de samba, blocos caricatos e blocos de rua, realizada em dezembro de 2021, a construção de uma proposta em conjunto com esses representantes tem sido trabalhada como prioridade para a empresa municipal, levando em consideração as demandas e reais necessidades do setor", disse a gestão, por meio de nota. 




 
Segundo a administração municipal, o formato e valores desses editais estão sendo discutidos em reuniões com a Comissão do carnaval, mas ainda não foram definidos.

SERVIÇO* 


Como Te Lhamas e Pisa na Fulô 
Data: Sexta-feira 18/02
Horário: a partir das 17h 
Local: Quintal do Mamão -  Avenida Assis Chateaubriand, 577, Bairro Floresta

Baianas Ozadas e Funk You
Data: Sexta-feira 18/02
Horário: A partir das 20h

Samba do Queixinho
Data
: Sábado 19/02
Horário: A partir das 19h 
Local: Rua Mármore, 70, Bairro Santa Tereza   

Juventude Bronzeada
Data
: Domingo (20/2)
Horário: A partir das 13h
Local: Quintal do Mamão -  Avenida Assis Chateaubriand, 577, Bairro Floresta
 
Havayanas Usadas
Data: Domingo 27/02
Local: Quintal do Mamão -  Av. Assis Chateaubriand, 577 - Floresta

Carnaval do Mirante 
Datas: 25, 26 e 27 de fevereiro de 2022
Local: Mirante Beagá (Rua Henriqueto Cardinalle, 380, Olhos D'Água, Belo Horizonte)
Ingressos: sympla.com/carnavaldomirante

* Todos os eventos são pagos