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Estado de Minas PROTESTO

Manifestantes são flagrados com armas na Praça da Estação

O porte de arma por manifestantes é proibido; agentes de segurança pública cobram reajuste prometido pelo governo Zema


21/02/2022 09:54 - atualizado 21/02/2022 12:25

Pistola em coldre de policial
Policial armado em concentração de policiais e bombeiros na Praça da Estação para manifestação contra o governo Zema (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Bombas ecoam por todos os lados entre a multidão de camisas pretas e faixas de protesto. Famílias de policiais com carrinhos de bebês, que trariam um ar de leveza, contrastam com policiais civis, penais e militares com porte ostensivo de armas (pistolas à mostra nos coldres).

É vedado aos policiais na manifestação portar armas, usar farda, perturbar a ordem pública, invadir qualquer local, interromper o trânsito, proferir insultos, queimar objetos e congêneres, deflagrar greve a partir da manifestação.

Segundo o Artigo 5º da Constituição, "todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente".


A insatisfação está por toda parte na manifestação da segurança pública nesta segunda-feira (21/07), na Praça da Estação, Centro de BH. 

De todas as passagens, das vielas internas da praça Rui Barbosa, das passarelas de pedestres e até do metrô chegam cada vez mais policiais e bombeiros usando camisas pretas e exigindo a recomposição salarial que lhes foi prometida em 2019 pelo estado, sendo que só receberam uma parcela de 13% das três que totalizariam 41%.

LEIA TAMBÉM: Secretário diz que MG estuda como recompor salário dos policiais

 

Cerca de 30 minutos depois do início oficial do movimento, programado para 9h, mais da metade da praça já estava tomada, reunindo, de acordo com organizadores, cerca de 8 mil servidores e suas famílias. As bombas são o único ruído a interromper o apitaço e os cantos de protesto.

Ver galeria . 29 Fotos Policiais e bombeiros se reuniram na manhã desta segunda-feira (21/2) no Centro de BH em uma manifestação contra o governo Zema, que ainda não cumpriu promessa de conceder 41% de reajuste salarialEdésio Ferreira/EM/DA Press
Policiais e bombeiros se reuniram na manhã desta segunda-feira (21/2) no Centro de BH em uma manifestação contra o governo Zema, que ainda não cumpriu promessa de conceder 41% de reajuste salarial (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press )

 

A tensão é alta e mesmo depois das exigências feitas por vários integrantes da categoria para manter o clima de paz, não utilizando fardamento e armas de fogo, para não permitir punições disciplinares, esse pedido acabou não sendo atendido.

 

O porte das armas de fogo está aberto. E reforça esse clima de tensão. A reportagem encontrou vários membros das forças policiais com o porte ostensivo. Um deles, policial civil de roupas comuns, traz no peito a insígnia da corporação em uma corrente e um coldre na cintura, com uma pistola.

Também um policial civil com camisa da corporação perambula com sua pistola à mostra presa à calça jeans abaixo da camisa preta. Dois policiais penais também tinham pistolas visíveis entre a calça e as camisas, esses certamente não em serviço por estarem fora do trabalho.

 

Caixões com o nome do governador Romeu Zema foram empilhados engrossam a insatisfação. Do alto dos carros de som, das árvores e no chão, faixas trazem exigências e críticas pesadas ao governo estadual. “Zema caloteiro, devolve meu dinheiro”, entoam a toda hora.

 

“Polícia militar, polícia civil, polícia penal, bombeiro militar e sistema sócio educativo. Zema; chega de mentiras! Respeito à segurança pública! Recomposição já!”, diz uma das placas.

 

O Monumento à Terra Mineira, alicerçado em placas de bronze com a imagem de Tiradentes, patrono das polícias, na Praça da Estação, em BH, recebeu bandeiras com emblemas dos bombeiros e das polícias Militar, Civil e Penal.

Sobre o monumento e por todo o espaço público se espalham também faixas criticando o governo estadual e exigindo a prometida recomposição inflacionária do salário, defasado já há sete anos.

 

O casal de policiais penais da ativa, M.D.A. de 47 anos, e K.R., de 39, vieram de ônibus de Uberaba com seus dois filhos de 2 anos e 4 meses e 7 anos para reforçar a luta pela sobrevivência familiar como uma das bandeiras da manifestação.

“Desde grávida trago sempre meus filhos para a manifestação porque é justa e é por eles. Não viemos armados. Mas vai imperar a paz e vamos conseguir”, espera a mulher.

“A gente tem custos para trabalhar que tira da família. Para ir até à penitenciária, rodo 20 km de segunda a sexta. WhatsApp é do meu telefone para resolver questões do trabalho. A gente faz de tudo e só quer a recomposição da inflação e não aumento”, disse ele. 

O que diz o governo de Minas

 

Por meio de nota enviada no fim da manhã desta segunda-feira, o governo do estado diz que o plano de recuperação fiscal, que é discutido na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deve permitir uma nova recomposição no salário dos servidores. Confira o posicionamento na íntegra abaixo: 


“Desde o início da gestão atual, o Governo de Minas vem equilibrando as contas e recuperando a capacidade financeira do Estado, o que permitiu realizar o pagamento dos salários dos servidores públicos de Minas Gerais de forma integral, no quinto dia útil do mês, além da quitação do 13º salário sem parcelamentos.


O Governo de Minas sabe da necessidade da recomposição salarial do funcionalismo público e tem feito todo o esforço para que a correção da inflação seja possível para todos os servidores estaduais. A atual gestão reconhece a importância dos profissionais das Forças da Segurança para o Estado. Por isso, eles receberam reajuste de 13% em 2020. Além disso, foram os primeiros profissionais a receberem o salário em dia. Continuamos em amplo processo de negociação com os representantes dessas categorias na busca de uma nova recomposição, porque sabemos que ela é necessária.


A renegociação da dívida bilionária com a União, por meio do plano de recuperação fiscal, permitirá uma nova recomposição dos salários dos profissionais de segurança. Continuamos em busca de outras alternativas para fazer a reposição das perdas inflacionárias.”


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