A Defesa Civil de Belo Horizonte acionou alerta de risco geológico com validade até amanhã, diante do fato de que todas as nove regionais da capital sofreram com níveis de chuva superiores, em mais do dobro, à média de precipitação histórica para fevereiro, a apenas cinco diante do fim do mês. O aviso foi dado também devido à previsão de mais temporais para os próximos dias. “Recomenda-se atenção no grau de saturação do solo, sinais construtivos e cuidados com quedas de muros, deslizamentos e desabamentos”, adverte o órgão municipal.
Ontem, nenhuma regional da cidade encontrava-se em alto risco devido à trégua dada pelas chuvas ao longo do dia, embora as áreas Noroeste, Leste e Centro-Sul estejam sob alerta máximo. Essas regiões acumularam mais de 300 milímetros de chuva em apenas 22 dias. Em Venda Nova, choveu 277% mais que volume esperado. A precipitação média do mês é estimada em 181,4 milímetros.
Na capital mineira, segundo a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), apesar de o risco geológico consistir em indicador marcado por variações, as áreas de perigo, geralmente, estão localizadas na região do Taquaril, Sustenido e Teodomiro Cruz, no Aglomerado da Serra. Existem, hoje, mais de 2 mil moradias em situações de risco alto e em 2021 foram removidas, preventivamente, 126 famílias. Só neste ano, a Defesa Civil já atendeu 361 chamados referentes a deslizamento e escorregamentos.
Na avaliação do especialista em infraestrutura e logística social Paulo César Alves Rocha, as chuvas que têm atingido Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia seguem um ciclo de precipitações já conhecido. “Você tem uma chuva maior de 2 em 2 anos, de 5 em 5, de 20 em 20 e de 100 em 100 anos. Só que esses ciclos estão diminuindo muito. O que está ocorrendo são muitos fatores da mudança climática que tem feito as chuvas serem muito maiores. O volume de chuva é algo muito grande”, observa.
A primeira quinzena do ano, principalmente, foi marcada por fortes chuvas, que castigaram municípios de Minas e provocaram grandes estragos. O número de municípios em situação de emergência, desde o início do período chuvoso, atingiu 341, segundo o boletim da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec). Em decorrência dos temporais, 24 pessoas morreram, 3.992 ficaram desabrigadas e 24.610 desalojadas.
Em Petrópolis (RJ), as chuvas da semana passada provocaram alagamentos, deslizamentos e desmoronamentos, que devastaram a cidade, deixando ao menos 195 mortos, de acordo com o Corpo de Bombeiros. Ontem, 69 pessoas estavam desaparecidas.
Paulo César Rocha defende a necessidade de planejamento preventivo de desastres. “Para minimizar os efeitos das chuvas, quer sejam alagamentos, desmoronamentos ou outros impactos, os governos federal, estadual e municipal têm que ter uma ação de fazer planejamento de risco em cada microrregião”, alerta. “Em BH, por exemplo, algumas ruas aguentam determinado volume de precipitação e todas elas convergem para um vale e é preciso ser monitorado”, comenta.
Pelo celular
A Defesa Civil de BH frisa que os moradores da capital podem receber os alertas de risco de chuvas fortes, granizo, tempestades, vendavais, alagamentos, de deslizamentos de terra e outros fenômenos meteorológicos por mensagem de texto enviada ao aparelho celular. Para se cadastrar, basta enviar uma mensagem de texto com o CEP da rua para o número 40199 e uma mensagem de confirmação será enviada na sequência. O serviço é gratuito. A população também pode acompanhar os alertas e as recomendações da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil por meio das redes sociais Instagram, Twitter, Facebook e pelo canal público do Telegram no endereço: defesacivilbh.