Jornal Estado de Minas

AUMENTO

Policiais rejeitam reajuste proposto por Zema e farão novo ato sexta (25)

Lideranças e sindicatos ligados às forças de segurança prometem não cessar o movimento de paralisação mesmo após o governador Romeu Zema (Novo) anunciar o reajuste de 10,06% a todos os servidores do estado. O índice foi considerado baixo pela categoria, que articula uma manifestação na manhã desta sexta-feira (24/2), na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. A ideia é endurecer a paralisação.





 

 


O governador fez o anúncio do reajuste nesta quinta-feira (24/2), pelas redes sociais. Depois, secretários de Estado concederam entrevista para detalhar o plano e asseguraram reajustar o auxílio fardamento das tropas. 

Apesar das promessas, os policiais e agentes não se dão por satisfeitos e querem o cumprimento de acordo firmado em 2019, que previa a recomposição inflacionária em três parcelas: 13% em julho de 2020, 12% em setembro do ano passado, mais 12% neste ano.

O sargento Marco Antônio Bahia, representante da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG) projetou o endurecimento do movimento

"Não tenho dúvida de que a partir de amanhã (sexta-feira) pode haver, sim, uma reação espontânea de todos os militares para aquartelamento. Isso não é descartado", disse, em entrevista coletiva na sede da entidade, na Região Leste de BH.





Segundo ele, a proposta apresentada por Zema nesta quinta não é fruto de diálogo. "Ele anunciou unilateralmente. Sem nenhuma discussão ampla com as entidades de classe, deputados ou comandos", falou. Essa notícia (o reajuste) caiu como uma bomba em nosso meio", completou.

O deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB) também teceu duras críticas a Zema e projetou momentos tensos em penitenciárias.
 
"Temos informações de que as cadeias vão 'virar' neste fim de semana. Os policiais penais não vão aceitar esse deboche, esse desafio, que o governo Zema fez com as equipes de segurança", bradou.

Governo diz que oferta está no limite das finanças


Além da bonificação aos policiais, o governo pretende aumentar de R$ 47 para 75, a ajuda de custo diária repassada ao funcionalismo civil. O rearranjo deve custar, anualmente, R$ 4,5 bilhões aos cofres públicos mineiros. Já nesta quinta, o governo enviou à Assembleia projeto de lei (PL) para regulamentar o reajuste de 10%.



"O cobertor das contas públicas é curto. Portanto, o compromisso que faço hoje com os servidores de Minas são conquistas que, neste momento, estão no limite da possibilidade do estado", afirmou Zema.

"Esse recurso virá do esforço de contenção das despesas e de arrecadação que o governo tem feito. Fazemos todos esse esforço agora e tem a segurança da capacidade de pagamento neste momento, o que não retira a necessidade de medidas que garantam a sustentabilidade fiscal. A médio e longo prazo, ainda temos situação fiscal delicada", falou a secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Luísa Barreto.

Acordo de 2019 foi vetado por causa de reajuste geral


A primeira parcela do acordo de 2019, de 13% no ano retrasado, foi paga pelo governo. As outras duas fatias, no entanto, foram vetadas por Zema.

Isso porque no início de 2020 o texto recebeu, na Assembleia, emenda para extensão do reajuste a todo o funcionalismo.

Aline Risi, presidente da Associação dos Escrivães da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (Aespol-MG) e diretora da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol), afirmou que só o retorno aos termos da negociação original será capaz de encerrar a crise. "A única solução é que ele cumpra a palavra e nos dê a nossa recomposição das perdas inflacionárias".

"Será natural uma reação que desencadeará, com certeza, uma paralisação nos serviços públicos prestados", corroborou o investigador Wemerson Oliveira, assessor do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG).

Jean Otoni, do Sindicato dos Policiais Penais de Minas (Sindppen/MG), chamou a oferta do governo de "acinte" e "afronta".