O carnaval não ficou em silêncio no Bairro Pompéia, Região Leste de Belo Horizonte. Na Rua Lara, um bloco reuniu a bateria no início da tarde deste domingo (27/2) e aos poucos foi conquistando o público.
Leia Mais
Segunda-feira de carnaval pode ter calor e chuva em Minas e no litoralIgreja evangélica de BH se reúne para pedir fim da guerra e do carnavalKalil sobre feriado no comércio e escala de ônibus: 'Sabotagem explícita'Kalil sobre blocos: 'Já pensou se eu prendesse quem sai de abadá na rua?'Carnaval em BH: multidões ocupam Bairro Lagoinha e Rua SapucaíSem feriado, poucos foliões vão às ruas de BH na segunda-feira de carnavalCalor intenso e possibilidade de chuvas isoladas continuam em MinasDois nomões do carnaval de rua de BH contam como se adaptaram a 2022Leandro Vieira, todo-poderoso da Mangueira, é entrevistado no 'Roda viva'Uberaba: dois cães são queimados vivos por homem que está foragidoUm quarteirão foi tomado por foliões que se divertem ao som de músicas de carnaval.
Uma mulher, que não quis se identificar, disse que não deixaria de participar da festa de rua. “Já que pode haver festa privada também pode haver festa na rua. Não existe isso de ter um carnaval só”, afirmou.
“O carnaval faz parte de Belo Horizonte e não tem como não ser de outra forma. A gente precisa aproveitar sem confusão. Principalmente porque já estamos todos vacinados”, disse.
A reportagem conversou com dois ambulantes que também preferem não se identificar. Um deles afirmou que já sabia que BH não ficaria sem carnaval. "A cidade é movida a isso, a festa, a vibração. Então eu já comprei tudo e me preparei. Moro aqui perto e quando vi o movimento vim correndo", disse.
O outro reclamou da proibição da festa e disse que a data é fundamental para os trabalhadores de rua. Com o carrinho carregado de água, cerveja e outras bebidas, ele diz que a alegria dos foliões significa também o sustento de sua família. "A gente que trabalha aqui na rua depende disso. A pandemia já ferrou com a gente. Não pode proibir uma festa do povo", disse.
Sem apoio ou oficialização do bloco – neste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu desestimular a festa, ao anunciar que não ofereceria ajuda financeira nem logística às agremiações – , os participantes foram às ruas na cara e na coragem: sem trio elétrico, carro ou caixa de som. Apenas músicos acostumados com o carnaval levaram seus instrumentos para agitar a folia e arrastar quem chegasse com axé.
Não houve qualquer estrutura, como banheiros químicos e desvio de trânsito pela BHTrans, já que, oficialmente, o carnaval foi cancelado.
Mesmo concordando com a atitude da Prefeitura de proibir as organizações de rua, Flávio Almeida disse que preferiu vir para rua. “Eu sinto que Belo Horizonte está resgatando aquele espírito de Carnaval de antigamente. Quando a cidade começou a viver o Carnaval intensamente”, conta.
Vacinados
Apesar de concordar com a atitude da Prefeitura de proibir as organizações de rua, Flávio Almeida disse que preferiu vir para rua. “Eu sinto que Belo Horizonte está resgatando aquele espírito de Carnaval de antigamente. Quando a cidade começou a viver o Carnaval intensamente”, conta.
Ao falar sobre a festa, Flávio disse ter sentido muita saudade da comemoração. “Desde 2020 sem poder aproveitar. Se não fosse a vacina, eu não estaria aqui. Então se vacine”, disse.
Fantasiado e em clima de festança, Matheus Jung, de 31 anos, disse que o Carnaval ainda respira nas ruas de BH. “Era um fato que ia ter Carnaval. É o que a gente precisava. Estou adorando. Estamos dois anos longe da multidão e eu acho importante a gente voltar a ter esse contato humano. Eu tomei três doses de vacina. Não tem porque eu não estar aqui”, afirmou.
Sem a festa de rua desde 2020, Flávio disse ter sentido muita saudade da comemoração e se sente mais tranquilo em ir para a folia por estar imunizado . “Desde 2020 sem poder aproveitar. Se não fosse a vacina, eu não estaria aqui. Então se vacine”, disse.
Fantasiado e em clima de festança, Matheus Jung, de 31 anos, disse que o Carnaval ainda respira nas ruas de BH. “Era um fato que ia ter Carnaval. É o que a gente precisava. Estou adorando. Estamos dois anos longe da multidão e eu acho importante a gente voltar a ter esse contato humano. Eu tomei três doses de vacina. Não tem porque eu não estar aqui”, afirmou.
Lucas Murilo, de 25 anos, disse que o Carnaval de rua iria acontecer de qualquer forma. “Eu me sinto indo para o trabalho. Eu saio de ônibus todo dia. Vou para aglomeração. Não faz sentindo eu não poder vir para cá”, afirmou.
De acordo com Jhessy Vilas, 26 anos, os eventos privados acabam elitizando o Carnaval. “O Carnaval de rua é importante porque ele atinge qualquer classe”, disse.
Já Rene Arthur, de 24, disse que estava “morrendo de saudades” do Carnaval de BH. “Eu amo isso aqui”, brincou.
Em nota, a prefeitura informou que "para a fiscalização no período de carnaval, a Prefeitura de Belo Horizonte instituiu 96 equipes de fiscalização Integrada, que contam com fiscais de posturas, guardas civis e agentes de fiscalização sanitária". E completou: "essas equipe atuam em apoio as demandas do Centro Integrado de Operações, no atendimento de denúncias e na verificação de áreas de comércio e o uso de espaços públicos". Em 26 de janeiro, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou que não haveria carnaval oficial em Belo Horizonte.
A PBH não proibiu expressamente o carnaval de rua na cidade, mas também não ofereceu apoio financeiro ou liberou alvará para as festas ocorrerem. Por outro lado, autorizou a realização de festas privadas, contando que sejam cumpridas medidas de segurança – como a exigência de documentos que comprovem o teste negativo de COVID-19 ou a vacinação contra a doença.
Na sexta-feira, o Ministério Público chegou a obter uma liminar, concedida pelo juiz Wauner Machado, proibindo as festas, mas a PBH recorreu e a decisão foi derrubada. O pedido do MP foi feito depois de o órgão questionar o município sobre as medidas a serem adotadas nas festas. A prefeitura informou, segundo o MP, que não iria apoiar financeiramente qualquer evento nem impediria que eles ocorressem.
"A prefeitura é obrigada a recorrer, não podemos ter interferência assim. Vamos ao Tribunal de Justiça. É uma decisão, temos que respeitar, mas vamos tentar derrubar", afirmou o prefeito Alexandre Kalil (PSD), ao comentar a liminar em entrevista coletiva durante visita às obras de contenção de enchentes na Avenida Vilarinho. Logo depois, a Justiça acatou o recurso da PBH e suspendeu a decisão, voltando a valer os protocolos definidos pela prefeitura.