O engenheiro mineiro David Abu-Gharbil publicou um desabafo e criticou a embaixada brasileira, enquanto detalhou a luta que empreende para deixar Kiev, capital da Ucrânia. Ele vem tentando sair do país desde o dia 24 de fevereiro, um dia após o início dos ataques russos. David tem contado toda a situação que vem enfrentando na Ucrânia por meio de vídeos divulgados em seu Instagram; nesta segunda-feira (28/02), em novo vídeo, o mineiro afirmou que conseguiu comprar passagem para quarta-feira (2/3).
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“Mais um dia cansativo. Seguimos as informações da embaixada brasileira, eles disseram: ‘Cheguem até a estação de trem que aqui a gente ajuda vocês”. Bom, fizemos isso, fomos a pé até a estação de trem, andamos um bocado, mas chegamos lá e cadê a embaixada?”, criticou ele, completando que uma pessoa da embaixada brasileira afirmou que não tinha como ajudar, que estava lá apenas para contribuir com questões do idioma. “Porém a gente não precisa do idioma, o idioma a gente sabe falar aqui. Então, infelizmente, não ajudaram em nada, pra variar”, completou ele.
Ele contou ainda que por já estarem lá, na estação de Universytet, no Centro de Kiev, tentaram entrar em algum trem. Mas, eles encontraram o local cheio e não conseguiram fugir novamente. Em Kiev, o toque de recolher é entre 17h e 8h da manhã do dia seguinte. O fuso horário na capital ucraniana é de 5 horas a mais do que no Brasil.
“Tentamos de todas as direções possíveis, em todos os trens que apareceram e infelizmente em nenhum a gente conseguiu. Tentamos 4 a 5 trens, o que aparecesse a gente estava entrando pra ficar longe de Kiev. Infelizmente, lotado, você precisa ter uma passagem e eles dão preferência pra ucranianos quando é gratuito e além disso quando os ucranianos entravam, eles davam prioridade para senhores, senhoras e crianças, ou seja, ficamos na mesma”, relatou David.
O mineiro ainda afirmou que ele e dois amigos que estão com ele na mesma luta para deixar o país, os jogadores de futsal Jonatan Bruno Santiago, de 30 anos, de Santa Catarina e Matheus Ramires, do Rio Grande do Sul, retornaram para o bunker onde estão escondidos. Ele afirma que o local é um pouco mais seguro, pois fica próximo da embaixada de Belarus, aliada da Rússia no conflito, ou seja, o local não deve ser bombardeado. Eles conseguiram passagens para deixar o país na quarta-feira (02/03).
“Então estamos aqui, conseguimos comprar quatro passagens para quarta-feira (2/3), porque o resto está lotado. Então a gente vai com a passagem, se eles impedirem dessa vez, a gente está com a passagem, é o que tinha. Mas a gente vai tentar amanhã novamente, se a gente conseguir, a gente vai embora, porque é muito tenso ficar aqui”, disse.
David chegou a Ucrânia há dois meses
David Abu-Gharbil é natural de Coqueiral, no Sul de Minas e esta morando no país europeu há dois meses. Formado em engenharia elétrica pela Universidade Metodista de Piracicaba (SP), ele foi estudar e trabalhar no mercado financeiro.
Logo no início do dia 24 de fevereiro, o mineiro relatou que os ucranianos estavam com medo e em choque e que não era mais possível sair da capital, uma vez que o espaço aéreo estava fechado e a saída para Polônia, por terra, estava congestionada. Desde então, ele vem tentando deixar o solo europeu. (Iago Almeida / especial ao EM).