A terça-feira de Carnaval não foi silenciada por completo em Belo Horizonte. Pelas ruas dos bairros Floresta e Colégio Batista, na Região Leste da capital, foliões vestiram suas fantasias coloridas para acompanhar o cortejo de um bloco sem nome e sem documento – o que os integrantes têm chamado de movimento “espontâneo”.
A alegria que segue o axé foi meio improvisada neste ano porque a Prefeitura de BH decidiu desestimular a festa, ao anunciar que não ofereceria ajuda financeira nem logística aos blocos de rua. Os participantes então, decidiram ir às ruas na cara e na coragem: sem trio elétrico, carro ou caixa de som.
A advogada Samanta Marinho, 25 anos, aproveita seu segundo dia de carnaval no bloco do Colégio Batista. Ela conta que participou de um evento fechado na noite de ontem, mas prefere os blocos de rua. "É mais democrático e tem gente de todos os tipos”.
A Polícia Militar chegou ao local onde o bloco está concentrado, mas sem o intuito de dispersar, mas negociar com as lideranças dos blocos para não fechar as ruas, permitindo o acesso de veículos.
O bibliotecário Fabrício Penna, de 31 anos, e o arquivista Rafael Mattos, de 39, estão acompanhando o bloco desde às 13h e contam que até agora a polícia havia atuado para dispersar. Fabrício mora na Rua Sapucaí e conta que, na noite de ontem, a PM e a Guarda Municipal atuaram para dispersar os foliões.
Um ambulante que não quis ser identificado disse que a fiscalização já apreendeu a mercadoria de vários colegas. "Como esse ano não houve credenciamento, estamos sujeitos a perder nossa mercadoria". Ele conta que o movimento "já salvou o ano", e que já conseguiu dobrar seu investimento.
O que diz o prefeito
Em declaração à imprensa, nesta terça-feira (1º/3), o prefeito Alexandre Kalil (PSD), não se mostrou preocupado com as aglomerações. “Estamos em uma democracia”, afirmou.
“Já pensou se eu fosse prender quem sai de abadá e batendo tambor na rua?", completou o prefeito. Em Belo Horizonte, as regras para a realização dos eventos de rua foram endurecidas, no entanto, a fiscalização é branda.
“Não temos autoridade para proibir que ninguém saia na rua. O que não queríamos era 4 milhões de pessoas na rua e se aglomerando e isso foi evitado”, pontuou Kalil. “Nós fizemos o que tínhamos que fazer dentro de uma coerência técnica e sanitária”.
O que diz a PBH
Em nota, a prefeitura informou que "para a fiscalização no período de carnaval, a Prefeitura de Belo Horizonte instituiu 96 equipes de fiscalização Integrada, que contam com fiscais de posturas, guardas civis e agentes de fiscalização sanitária". E completou: "essas equipes atuam em apoio às demandas do Centro Integrado de Operações, no atendimento de denúncias e na verificação de áreas de comércio e o uso de espaços públicos". Em 26 de janeiro, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) anunciou que não haveria carnaval oficial em Belo Horizonte.
A PBH não proibiu expressamente o carnaval de rua na cidade, mas também não ofereceu apoio financeiro ou liberou alvará para as festas ocorrerem. Por outro lado, autorizou a realização de festas privadas, contando que sejam cumpridas medidas de segurança – como a exigência de documentos que comprovem o teste negativo de COVID-19 ou a vacinação contra a doença.