Jornal Estado de Minas

OPERAÇÃO DA PF

Grupo desvia R$ 50 milhões em mensalidades de unidade de ensino mineira

A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (8/3) 28 mandados judicias em Minas Gerais para combater crimes de desvio e lavagem de dinheiro em instituição de ensino e da mantenedora, em Três Corações, no Sul de Minas. A operação J’Adoube apurou que a fundação possuía cerca de 92 milhões em débitos tributários e previdenciários com a União, e grupo desviou R$ 50 milhões.




 
De acordo com a Polícia Federal, a operação J’Adoube combate crimes de desvio e lavagem de dinheiro da Universidade Vale do Rio Verde (Unincor) e de sua mantenedora, a Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE), com sede em Três Corações.
 
“As investigações começaram em 2017 e seguiram até 2021. Constatou-se que as empresas de cobranças não direcionavam os valores para a fundação, mas migravam para conta de outras empresas e pessoas dessas empresas. Estima-se que o valor desviado da Unicor chegou a 50 milhões nesse período da investigação”, afirma João Carlos Girotto, delegado da Polícia Federal.
 
O nome da operação é referência ao termo utilizado no jogo do xadrez que significa "eu arrumo", para indicar que os investigados, segundo a polícia, criavam empresas para desvio de valores e consequente lavagem de ativos. O grupo teria movimentado R$ 92 milhões.




 

Esquema

 
A polícia informou que os crimes foram cometidos ao longo de mais de três anos de forma premeditada e de acordo com empresas criadas para tal finalidade. Na prática, os responsáveis desviavam valores das mensalidades dos cursos oferecidos, os quais deveriam ingressar nas contas da FCTE para o pagamento de encargos correntes e dívidas.
 
“A Polícia Federal apurou que a FCTE possuía grande volume de débitos tributários e previdenciários com a União, já vencidos, na monta de cerca de R$ 92 milhões. Além disso, havia também dívidas trabalhistas de processos judiciais com trânsito em julgado, que não foram pagos”, informa João Carlos Girotto. 
 
O delegado da Polícia Federal João Carlos Girotto detalha a operação (foto: Reprodução/TV Alterosa Sul de Minas)
 
 
Segundo a PF, os investigados devem responder por crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa, cujas penas, somadas, podem chegar a 22 anos de reclusão, se condenados.




 
“O panorama geral detectou que um grupo criminoso, na modalidade empresarial,  assumiu o comando da Unincor em 2017 e, com a utilização de empresas de fachadas, desviou quantia de recursos, que deveriam migrar para os cofres da Unincor, para beneficio próprio. Utilizando operações complexas e sucessivas de remessas de dinheiro a inúmeras contas com o objetivo de apagar a rastreabilidade”, ressalta.
 
"Essas empresas, duas delas, constataram ser de fachada. A terceira havia sociedade comercial com um dos dirigentes. Foram realizadas diversas diligências, análises documentais e movimentações financeiras”, complementa.
 

Continua...

 
Ainda segundo o delegado, as investigações continuam. “Foi constituída uma empresa específica, cujo os dirigentes eram integrantes da fundação, que se revezavam na gerência e diretoria. Essa pessoa recebia uma quantia significativa e depois direcionava valores para outras pessoas investigadas. Na operação de hoje não encontramos a sede dessa empresa, ou seja, trata-se de mais uma empresa criada para recepcionar valores desviados”, finaliza. 




  
Ao todo, 28 mandados judicias foram cumpridos hoje (8/3), sendo 16 mandados de busca e apreensão nas cidades mineiras de Varginha, Três Corações, Conceição do Rio Verde, Contagem, Nova Lima e Belo Horizonte, além outras ordens judiciais de apreensão específicas em desfavor de pessoas físicas e jurídicas.  
 

'Gestões anteriores'

 
A Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE) afirmou que a "visita da Polícia Federal" ocorreu "devido a débitos trabalhistas e tributários deixados pelas gestões anteriores, os quais a gestão atual vem, há mais de 10 anos, buscando sanar”, disse, por nota (leia a íntegra abaixo).
 
"Gostaríamos de tranquilizar toda a comunicado acadêmica e a comunidade em geral. As matrículas neste início de 2022 estão sendo um sucesso, já somamos quase mil novos alunos e nos orgulhamos de continuar a nossa história e nossa missão", complementou, em trechos do posicionamento.
 

Nota da FCTE: 

 
"A FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA TRICORDIANA DE EDUCAÇÃO - FCTE, MANTENEDORA DA UNINCOR RECEBEU NESTA MANHÃ A VISITA DA POLÍCIA FEDERAL, CONFORME DIVULGADO NA MÍDIA LOCAL.




 
A OPERAÇÃO OCORRE DEVIDO A DÉBITOS TRABALHISTAS E TRIBUTÁRIOS DEIXADOS PELAS GESTÕES ANTERIORES, OS QUAIS A GESTÃO ATUAL VEM, HÁ MAIS DE 10 ANOS, BUSCANDO SANAR.
 
GOSTARÍAMOS DE TRANQUILIZAR TODA A COMUNIDADE ACADÊMICA E A COMUNIDADE EM GERAL, E DIZER QUE A PRESIDÊNCIA DA FCTE E A DIREÇÃO DA UNINCOR ESTÃO À DISPOSIÇÃO DA SOCIEDADE E DA MÍDIA PARA COLABORAR COM QUAISQUER ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS, POIS PREZAMOS PELA TRANSPARÊNCIA SEMPRE.
 
A FCTE, UNINCOR E COLÉGIO DE APLICAÇÃO ESTÃO EM EXCELENTE MOMENTO, AS MATRÍCULAS NESTE INÍCIO DE 2022 ESTÃO SENDO UM SUCESSO, JÁ SOMAMOS QUASE MIL NOVOS ALUNOS E NOS ORGULHAMOS DE CONTINUAR A NOSSA HISTÓRIA E NOSSA MISSÃO, QUE SEMPRE FOI REALIZAR SONHOS E FORMAR CONQUISTAS".