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Estado de Minas OPERAÇÃO DA PF

Grupo desvia R$ 50 milhões em mensalidades de unidade de ensino mineira

Operação J'Adoube, da PF, cumpriu 28 mandados judicias em Três Corações e Varginha, no Sul de Minas, além de outras cidades do estado


08/03/2022 14:24 - atualizado 08/03/2022 17:20

Instituição de ensino de Três Corações
Instituição de ensino de Três Corações é alvo de operação da PF (foto: Varginha 24Hrs/Divulgação )
A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (8/3) 28 mandados judicias em Minas Gerais para combater crimes de desvio e lavagem de dinheiro em instituição de ensino e da mantenedora, em Três Corações, no Sul de Minas. A operação J’Adoube apurou que a fundação possuía cerca de 92 milhões em débitos tributários e previdenciários com a União, e grupo desviou R$ 50 milhões.
 
De acordo com a Polícia Federal, a operação J’Adoube combate crimes de desvio e lavagem de dinheiro da Universidade Vale do Rio Verde (Unincor) e de sua mantenedora, a Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE), com sede em Três Corações.
 
“As investigações começaram em 2017 e seguiram até 2021. Constatou-se que as empresas de cobranças não direcionavam os valores para a fundação, mas migravam para conta de outras empresas e pessoas dessas empresas. Estima-se que o valor desviado da Unicor chegou a 50 milhões nesse período da investigação”, afirma João Carlos Girotto, delegado da Polícia Federal.
 
O nome da operação é referência ao termo utilizado no jogo do xadrez que significa "eu arrumo", para indicar que os investigados, segundo a polícia, criavam empresas para desvio de valores e consequente lavagem de ativos. O grupo teria movimentado R$ 92 milhões.
 

Esquema

 
A polícia informou que os crimes foram cometidos ao longo de mais de três anos de forma premeditada e de acordo com empresas criadas para tal finalidade. Na prática, os responsáveis desviavam valores das mensalidades dos cursos oferecidos, os quais deveriam ingressar nas contas da FCTE para o pagamento de encargos correntes e dívidas.
 
“A Polícia Federal apurou que a FCTE possuía grande volume de débitos tributários e previdenciários com a União, já vencidos, na monta de cerca de R$ 92 milhões. Além disso, havia também dívidas trabalhistas de processos judiciais com trânsito em julgado, que não foram pagos”, informa João Carlos Girotto. 
 
João Carlos Girotto, delegado da Polícia Federal, durante coletiva de imprensa
O delegado da Polícia Federal João Carlos Girotto detalha a operação (foto: Reprodução/TV Alterosa Sul de Minas)
 
 
Segundo a PF, os investigados devem responder por crimes de lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa, cujas penas, somadas, podem chegar a 22 anos de reclusão, se condenados.
 
“O panorama geral detectou que um grupo criminoso, na modalidade empresarial,  assumiu o comando da Unincor em 2017 e, com a utilização de empresas de fachadas, desviou quantia de recursos, que deveriam migrar para os cofres da Unincor, para beneficio próprio. Utilizando operações complexas e sucessivas de remessas de dinheiro a inúmeras contas com o objetivo de apagar a rastreabilidade”, ressalta.
 
"Essas empresas, duas delas, constataram ser de fachada. A terceira havia sociedade comercial com um dos dirigentes. Foram realizadas diversas diligências, análises documentais e movimentações financeiras”, complementa.
 

Continua...

 
Ainda segundo o delegado, as investigações continuam. “Foi constituída uma empresa específica, cujo os dirigentes eram integrantes da fundação, que se revezavam na gerência e diretoria. Essa pessoa recebia uma quantia significativa e depois direcionava valores para outras pessoas investigadas. Na operação de hoje não encontramos a sede dessa empresa, ou seja, trata-se de mais uma empresa criada para recepcionar valores desviados”, finaliza. 
  
Ao todo, 28 mandados judicias foram cumpridos hoje (8/3), sendo 16 mandados de busca e apreensão nas cidades mineiras de Varginha, Três Corações, Conceição do Rio Verde, Contagem, Nova Lima e Belo Horizonte, além outras ordens judiciais de apreensão específicas em desfavor de pessoas físicas e jurídicas.  
 

'Gestões anteriores'

 
A Fundação Comunitária Tricordiana de Educação (FCTE) afirmou que a "visita da Polícia Federal" ocorreu "devido a débitos trabalhistas e tributários deixados pelas gestões anteriores, os quais a gestão atual vem, há mais de 10 anos, buscando sanar”, disse, por nota (leia a íntegra abaixo).
 
"Gostaríamos de tranquilizar toda a comunicado acadêmica e a comunidade em geral. As matrículas neste início de 2022 estão sendo um sucesso, já somamos quase mil novos alunos e nos orgulhamos de continuar a nossa história e nossa missão", complementou, em trechos do posicionamento.
 

Nota da FCTE: 

 
"A FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA TRICORDIANA DE EDUCAÇÃO - FCTE, MANTENEDORA DA UNINCOR RECEBEU NESTA MANHÃ A VISITA DA POLÍCIA FEDERAL, CONFORME DIVULGADO NA MÍDIA LOCAL.
 
A OPERAÇÃO OCORRE DEVIDO A DÉBITOS TRABALHISTAS E TRIBUTÁRIOS DEIXADOS PELAS GESTÕES ANTERIORES, OS QUAIS A GESTÃO ATUAL VEM, HÁ MAIS DE 10 ANOS, BUSCANDO SANAR.
 
GOSTARÍAMOS DE TRANQUILIZAR TODA A COMUNIDADE ACADÊMICA E A COMUNIDADE EM GERAL, E DIZER QUE A PRESIDÊNCIA DA FCTE E A DIREÇÃO DA UNINCOR ESTÃO À DISPOSIÇÃO DA SOCIEDADE E DA MÍDIA PARA COLABORAR COM QUAISQUER ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS, POIS PREZAMOS PELA TRANSPARÊNCIA SEMPRE.
 
A FCTE, UNINCOR E COLÉGIO DE APLICAÇÃO ESTÃO EM EXCELENTE MOMENTO, AS MATRÍCULAS NESTE INÍCIO DE 2022 ESTÃO SENDO UM SUCESSO, JÁ SOMAMOS QUASE MIL NOVOS ALUNOS E NOS ORGULHAMOS DE CONTINUAR A NOSSA HISTÓRIA E NOSSA MISSÃO, QUE SEMPRE FOI REALIZAR SONHOS E FORMAR CONQUISTAS". 
 


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