Após o anúncio da Copasa, ontem (8/3), de que haverá rodízio no fornecimento de água em alguns bairros de BH e cidades da Região Metropolitana, comerciantes e moradores de Venda Nova veem com preocupação a possibilidade de desabastecimento. Os bairros afetados são de Belo Horizonte, Betim, Contagem, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. O abastecimento será suspenso após três dias de fornecimento e retomado após 24 horas.
As manobras ocorrerão às 22h e serão desfeitas no dia seguinte às 22h. Segundo a Copasa, nenhum bairro ficará sem água por mais de um dia, como vinha acontecendo nos últimos dias, devido à baixa pressão na tubulação.
O forte calor e a falta de reservatórios maiores para guardar o líquido em dias que não receberão água encanada fazem com que as pessoas improvisem, com o armazenamento em vasilhas e até piscinas plásticas. Em restaurantes, lava-jatos e pet shops, a preocupação é ainda maior, devido ao grande consumo do produto no verão.
Bárbara Beatriz Avelar Castilho, de 34 anos, gerente do restaurante Rancho do Leo, na Avenida Vilarinho, disse que não sabia do anúncio da Copasa. "Nós dependemos essencialmente da água para nossas atividades. Limpeza em geral do ambiente, manutenção de vasilha, preparo dos alimentos. Não temos reservatório. Não estamos preparados para isso. Se faltar por dois dias, vai afetar muito. Na verdade, nem os proprietários estavam sabendo desse rodízio. Vou ter que repassar a eles para que possamos ver quais medidas serão tomadas."
O gerente de pet shop Adênis de Souza Fagundes, de 32 anos, do Bairro Mantiqueira, também disse estar preocupado com o anúncio, principalmente por ser um período de forte calor, quando o aumento de banhos e tosas em pequenos animais aumenta em 40%.
"Na empresa, nós temos caixa d'água que consegue abastecer a gente por um dia, talvez dois. Se passar disso, prejudicará com certeza. Mesmo porque é uma atividade em que precisamos estar sempre fazendo limpeza, higienização. Nesse período de calor, aumenta a demanda de banho e de tosa. No frio, as pessoas esperam um pouco mais, porque pelo é proteção. No verão, além dos clientes padrão, aumenta a demanda por volta de 40%. Não recebemos qualquer comunicado por parte da Copasa. Fiquei sabendo nos grupos em redes sociais, de familiares e amigos."
A maior preocupação da atendente Ariana Pereira Maia, de 31 anos, moradora do Bairro Maria Helena, é com as crianças. "Estou achando complicado, trabalho fora, chego em e casa tenho duas crianças para cuidar, roupa para lavar, fazer comida. Uma das crianças ainda usa fralda. Tem que dar banho toda hora, lavar fraldas. O mais novo ainda vai fazer 2 anos. Tem que dar banho para não desidratar, não tenho reservatório, se faltar não tenho previsão. Acho que vou encher uma piscininha infantil para garantir."
A vendedora autônoma Amanda Pereira de Andrade, de 22, reside no Bairro Europa. "Por enquanto, não faltou água. Estamos evitando gastar, procurando economizar para não faltar. Assim que soube do anúncio do rodízio, procurei encher a caixa d'água para garantir quando não houver fornecimento."
A vendedora Lucimar da Silva Reis, de 40, mora no Bairro Jardim Europa. "Pagamos nossas contas em dia e não podemos ficar dois, três dias da semana sem água. Nesse calor, o consumo é bem maior. Moramos eu e minha filha. Para prevenir, enchi vasilhas e uma bacia, porque não tenho caixa d'água em casa."
Lavador de carros de um lava-jato no Bairro São João Batista, Cristiano Rodrigues, de 29, contou que a solução é "uma ducha rápida e a alternativa é pegar outros serviços, como troca de baterias. Não temos caixa d'água, portanto, no dia em que não houver abastecimento, não poderemos pegar serviço de lavagem de carro."
Até 20 de março
Segundo a Copasa, essa medida acontecerá até 20 de março, quando a previsão da estrutura temporária da adutora, que se rompeu sobre o Rio Paraopeba, estará concluída no Sistema Serra Azul, para normalizar o abastecimento.
De acordo com o diretor-presidente da Copasa, Carlos Eduardo Castro, desde o dia 1º, data em que a adutora se rompeu na travessia do Rio Paraopeba, o déficit de 15% da produção tem dificultado que a água chegue em partes da região metropolitana mais altas e distantes do reservatório.
Na avaliação da companhia, com essa estratégia de rodízio, a água chegará com segurança às casas das famílias mais afetadas, principalmente as que residem em áreas de maior vulnerabilidade social. A estimativa é de que para cada região de rodízio sejam impactadas cerca de 500 mil pessoas.
A empresa informou ainda que estão sendo executadas duas obras de grande porte, manobras na rede de distribuição e fornecimento de 100 caminhões-pipa para priorizar os serviços essenciais, como escolas, hospitais e asilos, como forma de mitigar o problema.
Confira quais áreas ficarão sem água no período:
Dias 12 e 16 de março
Bairros São Benedito, Santa Clara e São Cosme, em Santa Luzia; Venda Nova e Landi, em Belo Horizonte; Centro, Santa Helena e Estância do Hibisco, em Contagem; Imbiruçu, São Luiz e Petrolândia, em Betim; e Justinópolis, em Ribeirão das Neves.
Hoje e dias 13 e 17 de março
Bairros Cabral e Nacional, em Contagem; Lagoa Santa, Vespasiano e São José da Lapa.
Amanhã e dias 14 e 18 de março
Bairros Barreiro, Betânia e Buritis, em Belo Horizonte; Riacho das Pedras, Eldorado, Cidade Industrial e Industrial, em Contagem.
Dias 11, 15 e 19 de março
Bairros Alípio de Melo, Caiçara e Ouro Preto, em Belo Horizonte; e Água Branca e Ressaca, em Contagem; Centro, Angola, Ouro Negro, Montreal, Petrópolis e PTB, em Betim.