Manifestantes das forças de segurança pública ignoraram decisão judicial e, durante protesto desta quarta-feira (9/3), em Belo Horizonte, explodiram diversas bombas. O grupo foi às ruas para reivindicar recomposição salarial às perdas causadas pela inflação. A marcha, iniciada na Praça da Estação, no Centro, seguiu rumo à Praça da Liberdade, na Savassi.
Laura França, repórter da "TV Band Minas" precisou ser socorrida após um artefato disparar perto dela na Praça da Estação. Por volta das 14h, conforme apurou o Estado de Minas, outra explosão atingiu, de raspão, um profissional de imprensa que estava na Praça da Liberdade, local da segunda etapa do ato.
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Na Praça da Liberdade, durante os discursos contrários às bombas, houve quem citasse o caso de Laura França para expor aos colegas os riscos dos explosivos. A decisão que veta as bombas foi expedida ontem (8), pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Em fevereiro, às vésperas do primeiro ato da categoria, o Palácio Tiradentes conseguiu medida cautelar semelhante — e, apesar da ordem, a reportagem do EM flagrou diversos agentes portando armas de fogo.
A paralisação das tropas, iniciada há duas semanas, foi deflagrada para cobrar, do governador Romeu Zema (Novo), a recomposição inflacionária aos salários da categoria. Nem mesmo a oferta de 10,06% de aumento, feita pelo Executivo estadual quatro dias após o começo da greve branca e estendida a todos os servidores, foi suficiente para recrudescer o movimento.
Nesta quarta, parte da multidão que seguiu à Praça da Liberdade cogitou acampar no espaço. Outros, defendiam a ida à Cidade Administrativa. No fim das contas, os manifestantes decidiram ir à Praça Sete, no Centro, para interromper o trânsito. Apesar disso, parte dos participantes pretende continuar a pressão na sede da administração estadual.
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) prometeu apurar "as condutas de servidores que contrariam determinação judicial ou recomendações do Ministério Público de Minas Gerais".
Tropas cobram cumprimento de acordo de 2019
Os manifestantes pedem a reposição salarial em três parcelas - uma de 13% e duas de 12%. O acordo foi fechado em 2019. A primeira fatia do reajuste foi paga em julho de 2020; as outras duas, previstas para setembro do ano passado e setembro deste ano, porém, acabaram vetadas por Zema.
O reajuste às forças de segurança, dividido nas tais três parcelas, constava em projeto de lei (PL) aprovado pelos deputados estaduais em 2020. Uma emenda que estendeu o reajuste a todo o funcionalismo, no entanto, fez o governador vetar a concessão das duas parcelas barradas.
" governo que se preza tem que honrar a palavra. Mais ainda, o que assina em documento. Romeu Zema, neste momento, não tem diálogo ou palavra. A cada dia, ele cria uma desculpa diferente para não cumprir o acordo", disse o deputado estadual Sargento Rodrigues (PTB), uma das vozes das polícias na Assembleia Legislativa.
Rodrigues afirmou que a paralisação dos manifestantes só vai terminar quando Zema enviar, ao Parlamento, proposta para resgatar os termos do pacto firmado em 2019. Ele garantiu que não haverá recuo. "Estamos mexendo, aqui, com pessoas acostumadas ao embate e ao enfrentamento", assinalou.
Zema é lembrado em caixão
Este foi o terceiro ato público dos policiais desde que resolveram ir às ruas cobrar o reajuste. "Governador Romeu Zema, os policiais civis merecem respeito! Exigimos o pagamento da recomposição das perdas inflacionárias já!", dizia um dos cartazes espalhados pela Praça da Estação.
O chefe do poder Executivo, aliás, teve um boneco colocado dentro de um caixão.
Polícias instauram BO para apurar arremessos de bombas
Procurada pelo Estado de Minas, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) afirmou que fez boletim de ocorrência para deixar a Polícia Civil formalmente ciente do caso.
"As corregedorias das instituições também atuam para a identificação das autorias", garantiu a corporação militar.
Joaquim Francisco Neto e Silva, chefe dos policiais civis, por sua vez, afirmou que a entidade adotou medidas para apurar "autoria, materialidade e circunstâncias" do arremesso do explosivo que atingiu a repórter da Bandeirantes.
Nota da Band Minas sobre danos a repóter em protesto
A repórter Laura França, da TV Band Minas, teve de ser socorrida após uma bomba estourar do lado da profissional durante a cobertura da manifestação das forças de segurança pública na praça da Estação, em Belo Horizonte. Segundo relato de profissionais da imprensa presentes no protesto, apesar do pedido dos organizadores para os manifestantes não soltarem bombas, os agentes da segurança pública presentes no protesto ignoram o comando e continuam a explodir os artefatos durante o trajeto. Além das bombas, vários policiais, contrariando decisão da Justiça, protestam armados.A Band repudia a atitude dos manifestantes e cobra da Polícia Militar o acompanhamento do protesto, garantindo a segurança dos envolvidos, inclusive dos profissionais da imprensa. A emissora também exige responsabilidade das categorias envolvidas no ato e solicita o acompanhamento do caso pelo governo de Minas, pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Nota do governo mineiro a respeito dos explosivos
A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) esclarece que serão apuradas todas as condutas de servidores que contrariam determinação judicial ou recomendações do Ministério Público de Minas Gerais no tocante à paralisação de atividades ou no que diz respeito a comportamentos inadequados e inaceitáveis durante as manifestações das forças de segurança, realizadas em Belo Horizonte.
A Sejusp ressalta que não compactua com desvios de condutas de servidores públicos, que devem ser os primeiros a prezar e zelar pela segurança do cidadão mineiro. Na manhã desta quarta-feira (9/3) uma repórter que fazia a cobertura da manifestação, na Praça da Estação, teve que ser socorrida e encaminhada ao hospital depois de um artefato explosivo estourar no seu entorno.