Diretores, policiais penais e advogados do presídio de Varginha, no Sul de Minas, são alvos de operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A ação combate a prática de crimes de corrupção passiva, receptação e embaraço de investigações. Cerca de 20 mandados judiciais foram cumpridos na manhã desta segunda-feira (14/03).
A operação “Penitência”, como foi batizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – GAECO, possui apoio da Polícia Civil. O Ministério Público de Minas Gerais cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, cinco de prisão preventiva e um de prisão temporária contra diretores, policiais penais, advogados e empresário.
As investigações apontaram que policiais penais cobravam propinas dos presos para os mais diversos fins, dentre eles transferências ou permanência na unidade local (onde o regime semiaberto é domiciliar), obtenção de trabalho externo ou interno e outros confortos. O esquema estaria acontecendo desde 2016.
“Já se sabia, desde logo, a existência desse esquema. Foi apurado durante investigação, que os presos eram cientes que isso acontecia há muito tempo. E falam isso abertamente: que para obter trabalho externo, eles têm que pagar e para obter transferência, eles têm que pagar. Esses negociadores pegavam esse dinheiro e encaminhavam para os líderes do esquema, os servidores públicos”, explicou Igor Serrano Silva, chefe do Gaeco de Varginha, durante coletiva de imprensa.
Entre policiais penais, um empresário e advogados da cidade participavam do esquema. “Na verdade, o empresário, o que foi apurado é que ele tinha um elo com os responsáveis do presídio. Foi escolhido por ser de confiança desses responsáveis do esquema”, afirmou o promotor de Justiça Daniel Ribeiro Costa.
O Gaeco explicou que as prisões preventivas foram necessárias para que os suspeitos não atrapalhem as investigações, sendo que um deles já tinha o mandado de prisão em aberto e estaria foragido.
“É importante ressaltar que um dos motivos da prisão preventiva foi que durante as investigações eles estavam destruindo as provas e se comunicando para combinarem as versões. Uma vez que eles já estavam interferindo negativamente nas investigações”, ressaltou o chefe do Gaeco.
“Inclusive nas versões dos presos. Havia uma interferência na prova que estava sendo colhida’, completou o promotor.
Ainda de acordo com o Gaeco, os policiais penais foram ouvidos e encaminhados para a cidade de Matozinhos. O advogado segue para Uberlândia.
Defesa
O diretor geral do presídio de Varginha, Welton Donizete Benedito, o diretor adjunto, Rodolfo Correa Bandeira, e o coordenador geral, Edson Eleutério, foram presos durante a operação.
“Nossos Constituintes, Welton, Rodolfo e Edson, presos, preventivamente, nesta data, negam a prática de quaisquer ilícitos, sendo que, após tomarem conhecimento de todo o processo, apresentarão suas defesas e provas de suas inocências”, afirma o advogado Juliano Comunian.
O advogado preso na operação é Fábio Gama. Os outros advogados envolvidos apenas tiveram mandados de busca e apreensão. Ele chegou a atuar na defesa do goleiro Bruno Fernandes, acusado de matar Eliza Samudio, quando esteve preso em Varginha. Em 2018, Bruno perdeu o direito do regime semiaberto depois de cometer uma falta grave. O caso foi publicado pela TV Alterosa Sul de Minas, na qual o goleiro é flagrado em um bar na companhia de mulheres e com uma lata de cerveja em cima da mesa.
O Estado de Minas entrou em contato com o escritório do advogado e, por telefone, foi informado que no momento não serão dadas decçarações. “Ainda não temos detalhes dos autos para dar uma resposta”, informou o escritório.