Apesar da crise financeira que atingiu as empresas de ônibus, o transporte público de Belo Horizonte seguirá com os mesmos horários habituais e preços de passagens. Depois de reunião com o prefeito Alexandre Kalil (PSD) na sede da prefeitura da capital, os empresários garantiram que não colocarão em prática a “operação de guerra” anunciada pela entidade na semana passada, em virtude do alto reajuste do óleo diesel divulgado pela Petrobras.
reduzir ao máximo as viagens para diminuir o gasto com combustível, que teve aumento de 24,9%. O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) alega que gasta mensalmente R$ 64 milhões com salários de funcionários e combustíveis e que, diante do reajuste, não teria como continuar praticando o serviço com qualidade.
A operação consistia em Hoje, as empresas empregam cerca de 8,5 mil funcionários - dos quais 5 mil motoristas - em toda a capital mineira. O faturamento mensal varia em torno de R$ 58 milhões e R$ 62 milhões, conforme as viações. As empresas, então, anunciaram colapso no sistema.
'Situação gravíssima'
Kalil reconheceu o panorama difícil, mas não propôs nenhuma solução prática depois do encontro com os empresários do setor. “Não há operação de guerra em Belo Horizonte. Vamos continuar a negociação, a fazer contas, mas o importante para a população é de que tivemos garantias de que não haverá operação de guerra”, afirmou o prefeito.
"A gente sabe da situação gravíssima que nós nos encontramos. Temos consciência do caos que vai se transformar o transporte público do Brasil se isso não for enfrentado com coragem e trabalho. Faremos o que tem de ser feito", complementou.
As tarifas de ônibus não são reajustadas desde 2018. Em janeiro, a PBH conseguiu o desbloqueio de R$ 4,3 milhões retidos na Justiça para o custeio de despesas com a folha salarial e diesel, mas o dinheiro já foi gasto para custear despesas a folha salarial, segundo os empresários.
“Não estou fazendo referência aos pneus, peças, lubrificantes e renovação de frota. Estamos falando apenas do que arrecadamos com passagem, que é em torno de R$ 60 milhões. O quantitativo de passageiros se mantém estável, com 920 mil passageiros por dia. Mas, se deixamos de pagar o diesel ou mãos de obra, não temos como realizar o serviço”, afirma o presidente do Setra-BH, Raul Lycurgo Leite.
“Somos prestadores de serviço público e todas nossas contas estão abertas para a BHTrans e para a prefeitura. Qualquer demanda eles podem ter livre acesso à documentação e também à questão da bilhetagem, que é automática”, complementa.
O sindicato disse ter encaminhado ofício à Câmara Municipal e ao Ministério Público de Minas Gerais para relatar a situação complicada do transporte da capital. Nesta quarta-feira (16/3), uma assembleia está prevista para analisar a gravidade do problema.
Sugestão e ameaça
A proposta do Setra-BH é que seja criado um subsídio do poder público para viabilizar receita extra, evitando que os usuários arquem com os custos. Os recursos poderiam vir de outras atividades, como publicidade nos ônibus e nas estações. Segundo Lycurgo, a prática já ocorre em Brasília, São Paulo, Vitória e em outras cidades.
Ele diz que, se não houver solução, será necessário que vários ônibus parem de rodar em horários com pouco movimento de passageiros.
“Para não atingir a população, vamos dar um prazo para pensar nosso plano. Pensamos na manutenção das viagens nos horários de pico e em reduções em outros horários com menor movimentação", inicia o presidente do sindicato.
"Isso seria para economizar o insumo, que não conseguimos arrecadar das passagens. Continuamos a discussão com a prefeitura em relação à situação preocupante. Temos 34 empresas, mas a qualquer momento uma ou outra pode colapsar”, finaliza Raul Lycurgo.