Na data em que se celebra o Dia Mundial da Água, um levantamento da The Nature Conservancy Brasil chamam a atenção para uma tragédia ambiental com consequências diretas para a disponibilidade hídrica no país. De 1988 a 2017, segundo o estudo, a perda da vegetação nativa em bacias localizadas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil chegou a 22,9 mil quilômetros quadrados, com potencial para acentuar as crises hídricas nos reservatórios que fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Essa perda, somada a efeitos de longo prazo na mudança e uso do solo, pode ter agravado as recentes temporadas de escassez que afetaram essas áreas. Outros fatores incluem fenômenos climáticos, aumento da demanda nos diferentes usos da água, crescimento populacional e gestão focada em obras de infraestrutura cinza – compostas apenas de intervenções de engenharia civil baseada essencialmente em concreto.
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“Ao analisarmos os desafios da disponibilidade hídrica e adaptação às mudanças climáticas, precisamos pensar além de soluções focadas em obras de infraestrutura cinza. A conservação de bacias hidrográficas é indispensável para garantir o suprimento de água no longo prazo, com qualidade e em quantidade para seus diferentes usos, como nas atividades agropecuárias e industriais, navegação e transporte, geração de energia elétrica e, principalmente, o abastecimento humano”, afirma.
Salvando as águas do Serro
“A água é o mais rico mineral produzido em terras mineiras”, diz a educadora, artesã e ativista ambiental, Helena Flavia Marinho de Lima. Moradora de São Gonçalo do Rio das Pedras, região do Serro, é uma das responsáveis pelo projeto “Salvando as águas do Serro”, cujo propósito é mobilizar as comunidades locais e chamar a atenção para “essa riqueza natural e seu potencial no desenvolvimento sustentável”.
Helena Lima considera mais que urgente mudar a cultura no estado, acostumado com abundância de nascentes, rios e aquíferos, de que o ciclo da água (chuva, evaporação, nuvens e chuvas) é eterno. “Vivemos uma corrida no sentido de grandes grupos privatizarem a água para garantir seus lucros e empreendimentos.”
É preciso, destaca a ativista, garantir sustentabilidade para a vida no presente e para as futuras gerações. “Garanto protegendo nascentes, deixando em pé serras e montanhas. Se tirarmos o cerrado, matas e serras, estaremos desertificando. Não há sustentabilidade sem garantia de água paras a comunidades de determinado território.”