O metrô de Belo Horizonte segue com o funcionamento reduzido nesta terça-feira (22/3). No segundo dia de greve dos metroviários, os trens funcionarão das 10h às 17h, ou seja, fora do horário de pico. Não há previsão, ainda, para o fim da paralisação.
A decisão da categoria descumpre a determinação da justiça, que prevê a escala mínima de 5h30 às 10h e das 16h30 às 20h.
O Sindicato dos Metroviários (Sindimetro) afirma que, embora em horário diferente, os trens estão funcionando por mais tempo do que o determinado legalmente. Um número maior de viagens, com intervalos menores entre os trens, também está sendo oferecido: o intervalo que, antes da greve, era de 20 minutos, passou para 15 minutos.
Uma nova assembleia foi marcada na tarde desta quarta-feira (23/3) para avaliar o movimento e discutir os rumos da greve. Até o momento, o Sindimetro estima que 95% dos funcionários aderiram à paralisação.
A categoria questiona a estabilidade dos empregos, após a transferência para empresas privadas no futuro, prevista no item 3 da Resolução CPPI nº 206, com normas para a privatização do metrô.
A resolução permite que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) faça a transferência dos funcionários para as empresas privadas que futuramente serão responsáveis pela administração do serviço. “A questão não é se vamos perder o emprego, mas quando”, pontuou a assessoria do Sindimetro.
O sindicato alega, ainda, que até o momento não foram procurados pelo governo para uma negociação. "A paralisação continua. E com adesão de quase 100% da categoria", enfatizou o presidente do Sindimetro, Romeu Machado.
O sindicato alega, ainda, que até o momento não foram procurados pelo governo para uma negociação. "A paralisação continua. E com adesão de quase 100% da categoria", enfatizou o presidente do Sindimetro, Romeu Machado.
“Me sinto prejudicada, mas a greve deve acontecer sim”
Na plataforma da estação São Gabriel, na Avenida Cristiano Machado, região Nordeste da capital, Alessandra Moura aguarda a chegada do trem. Como tantos outros usuários, sua rotina foi prejudicada com a paralisação.
Ciente do motivo da greve, Alessandra, no entanto, não é contra o movimento do sindicato. “São trabalhadores”, afirma. “Concordo plenamente com a paralisação, a greve tem que ser feita sim. Mas os trens poderiam rodar das 7h às 17h”.
Por trabalhar no bairro Calafate, parte Oeste da cidade, pega o metrô todos os dias. “Quando entra em greve eu preciso usar dois ônibus para ir e dois para vir, são R$18 por dia. É muito caro e os ônibus estão sempre lotados”, comenta Alessandra. De trem, ela gasta R$13,70 em passagens.
CBTU
Em nota publicada após os metroviários chegarem a um consenso sobre a breve, na quarta-feira (16/3), a CBTU declarou que está tomando as medidas legais cabíveis para tentar barrar a paralisação.
"A CBTU se antecipou à tomada das medidas administrativas e judiciais cabíveis na tentativa de garantir a continuidade e qualidade na prestação dos serviços públicos de transporte de passageiros sobre trilhos na cidade", diz a entidade.
Os sindicalistas devem se reunir em frente à sede da CBTU, no Bairrro Floresta, região Leste de BH, para protestar. O ato será na manhã desta terça-feira.
Reforço nos ônibus
Com a paralisação, o transporte coletivo de Belo Horizonte foi reforçado na tarde de ontem. O aumento da frota foi uma solicitação da BHtrans, que enviou um ofício ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH).
O reforço, entretanto, deve ser disponibilizado somente nos horários de pico, pela manhã e no final da tarde.