Em meio à dificuldade de locomoção em Belo Horizonte, Michel Bruno desafia os gargalos da mobilidade urbana com uma cadeira de rodas motorizada. O homem de 38 anos foi visto pela reportagem do Estado de Minas na manhã de ontem transitando entre carros e motos na Avenida dos Andradas, próximo ao Parque Municipal.
Michel explica que precisa fazer o trajeto entre o Bairro Taquaril, Região Leste da capital, e o Centro e se cansou de esperar pelo transporte coletivo. Segundo ele, os ônibus da cidade não apresentam boas condições para transportar pessoas com deficiência.
“Foi uma invenção que me deu uma autonomia muito radical. A maioria dos ônibus com elevador não tem manutenção, porque, infelizmente, a prefeitura e mesmo os proprietários não têm benefício em dar manutenção na estrutura na parte de deficiência”, afirma.
O percurso entre o bairro em que vive e a região central da cidade tem cerca de 8 quilômetros de extensão e, de acordo com o Google Maps, leva pelo menos cerca de 40 a 45 minutos para ser concluído por meio do transporte público. Em sua cadeira com motor elétrico, Michel Bruno afirma que consegue fazer sua rota em cerca de 20 minutos.
Procurada pela reportagem, a BHTrans diz que não há problemas em circular pelas ruas da cidade em uma cadeira de rodas motorizada.
A autarquia explica, no entanto, que o Código de Trânsito Brasileiro prevê que é preciso que a cadeira se enquadre na categoria de um ciclomotor: um veículo de duas ou três rodas, provido de um motor cuja cilindrada não exceda a 50 centímetros cúbicos e a velocidade máxima não ultrapasse os 50 quilômetros por hora.
Em nota, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Urbanos de Belo Horizonte (Setra-BH) acrescenta que todos os 2398 ônibus que circulam na capital têm elevadores para pessoas com deficiência e que a manutenção do sistema é feita diariamente.