Os metroviários de Belo Horizonte optaram pela manutenção da greve da categoria em assembleia no fim da tarde desta quarta-feira (23/3), na Praça da Estação. O movimento teve início na última segunda-feira (21/3) e prejudica em torno de 70 mil passageiros que dependem do transporte, de acordo com levantamento da Companhia Brasileira de Trens Urbanos.
Dessa forma, os funcionários continuarão trabalhando em escala reduzida – das 10h às 17h –, desconsiderando ordem judicial que obrigava o transporte a funcionar nos horários de pico: entre 8h30 às 12h e 16h30 às 20h.
O presidente do Sindicato dos Metroviários de Belo Horizonte (Sindimetro), Romeu José Machado, afirmou que o governo federal não sinalizou um possível entendimento com os trabalhadores. “Não houve nenhuma movimentação por parte do governo para querer retomar as negociações ou possibilidade de abrir uma negociação. O governo não diz nada. Diante disso, a greve será mantida por tempo indeterminado.”
Ele diz que o movimento teve boa aceitação entre os funcionários. “Temos 95% de adesão da categoria. A gente entende que manter a greve é uma decisão difícil para a gente, porque sabemos os transtornos que isso causa à população. Mas o fato de o governo não querer sentar com os representantes dos sindicatos não dá outra alternativa senão manter o movimento.”
A greve questiona a estabilidade dos empregos após a transferência para empresas privadas no futuro, prevista no item 3 da Resolução CPPI nº 206, com normas para a privatização do metrô. Hoje, a CBTU conta com mais de 1,5 mil funcionários ativos.
A resolução permite que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) faça a transferência dos funcionários para as empresas privadas que futuramente serão responsáveis pela administração do serviço.
Na semana passada, a Justiça havia determinado multa diária de R$ 30 mil para o Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro-MG) caso a ordem fosse descumprida. A CBTU acionou o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para aumentar a medida administrativa, mas não obteve sucesso.
Em sua justificativa, o desembargador César Pereira da Silva Machado Júnior afirmou que ainda é cedo para a aplicação da multa, tendo em vista que há tempo satisfatório para o recurso apresentado pelos metroviários: “Tendo em vista que está em curso a fluência do prazo da defesa, concedido na referida decisão, não se revela razoável, neste momento, a efetivação de atos processuais de cunho executórios, cujas providências desafiam momento oportuno”.
Romeu diz que os trabalhadores estão se esforçando para que os trens estejam funcionando por mais tempo, com número maior de viagens, para não prejudicar a população. Segundo ele, a categoria está trabalhando com efetivo acima dos 30%.
Ele diz que o Sindimetro vai recorrer da liminar obtida pela CBTU: “A CBTU entrou com pedido de ampliação da multa, passando para R$ 100 mil e pedindo para ele já ser aplicada, mas hoje saiu decisão negando o pedido. Estamos no prazo para fazer nossa defesa e vamos fazer a manifestação. Nossa greve é legal, pois os empregos estão sendo ameaçados”.