Recebido por manifestantes em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, o governador Romeu Zema (Novo) classificou, nesta quinta-feira (24/3), como “estranho” o ato liderado pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE).
A categoria cobra a implementação do piso salarial nacional. Alguns poucos representantes das forças de segurança também passaram pela manifestação.
Sem usar diretamente o termo “político”, o governador citou o ano eleitoral e disse que o protesto por reajuste é “bandeira de sindicalistas e alguns deputados” para aproveitarem o período.
“Porque quem não pagava o salário em dia, quem não pagava décimo terceiro salário, quem não oferecia plano de saúde, pois não pagava hospitais, clínicas e laboratórios, era o governo passado. Agora quem tá pagando em dia e quem tá dando aumento é o meu governo. Então, é estranho”, comentou.
Os profissionais da educação estão em greve desde o dia 8 de março. “Essa pauta é urgente”, afirmou a diretora do Sind-UTE Maria Catarina do Vale. Devido ao período eleitoral, qualquer reajuste só pode ser concedido até 180 dias antes das eleições.
A categoria reivindica os 33,24% do piso nacional anunciado em janeiro pelo Ministério da Educação. “Só recebemos o piso em 2016. O governo Zema insiste em dizer que já paga além do piso. A nossa luta é essa, o piso atualizado de R$ 3.845”, cobrou.
Cataria ainda criticou o projeto de recomposição em tramitação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
“Não aceitamos porque dentro deste projeto ele simplesmente acaba com a carreira que nós custamos em reconstituir em 2016. Ele dá 10,06% e tira 11,36% que ganhamos em 2016”.
Recomposição salarial
A proposta do governo foi aprovada em primeiro turno nessa quarta-feira (23/3) e prevê a recomposição para todo o funcionalismo público do estado. O Projeto de Lei 3.568/22 volta às comissões antes da votação em segundo turno. Nesta fase, os deputados poderão apresentar emendas.
Entretanto, o governador refutou qualquer prosta que amplie o índice ou desconfigure o texto já aprovado. “Como eu já disse, eu obedeço a lei. E a lei está muito clara. Num estado como Minas Gerais, onde a folha de pagamento está acima do limite prudencial, ou seja, o estado ainda gasta com a folha de pagamento mais do que a lei de responsabilidade fiscal determina, eu não vou cometer ilegalidade”, reafirmou.
Zema voltou a dizer que o estado pode dar um reajuste geral para todas as categorias, limitado à inflação do ano anterior. “Sou um governador que estou fazendo o certo, então eu vetarei qualquer coisa que venha a onerar o estado além daquilo que a lei determina”, assegurou. Ele diz que manterá a trajetória de “disciplina com os gastos”.
“Quando nós assumimos o estado, a folha de pagamento consumia 67% da receita. Já caímos para 49%, e precisa cair mais um pouco para ficarmos enquadrados”, declarou.
Citando medidas como redução de secretarias, folha de pagamento e benefícios em dia, como décimo terceiro e férias-prêmio, afirmou que quer “valorizar o servidor público”.
“Não serei irresponsável, como já tivemos governos no passado, que dão reajuste e depois não pagam. Eu vou fazer o que é certo. Durante mais de 30 anos no setor privado, eu nunca atrasei uma folha de pagamento e não vou fazer isso no estado”, garantiu.
Zema manteve a declaração de que “prefere fazer o certo e não ser eleito”. A afirmação foi feita durante o auge da grave das forças de segurança.
“Na minha opinião, voto é consequência, não é objetivo”, afirmou. O projeto encaminhado à assembleia visa conter a paralisação que já dura mais de um mês. Entretanto, a categoria não se sente contemplada.
Os profissionais querem que o governo cumpra o acordo de 2019, que previa o reajuste salarial de 41% até 2021. Desse montante, somente 13% foram efetuados.
Lançamento Sebraetec
O governador de Minas Romeu Zema (Novo) esteve em Divinópolis para o lançamento do Sebraetec – Mutirão de produtividade. O programa é uma iniciativa do Sebrae Minas com o governo do estado, em parceria com entidades locais.
O programa vai oferecer consultorias para micro e pequenas empresas (MPE) do setor de fundição e da moda de 10 municípios do Centro-Oeste.
O programa vai oferecer consultorias para micro e pequenas empresas (MPE) do setor de fundição e da moda de 10 municípios do Centro-Oeste.
O "Mutirão de Produtividade" é realizado em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Sindicato da Indústria do Vestuário de Divinópolis (Sinvesd), Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais e Associação das Indústrias Metalúrgicas de Cláudio (Asimec).
*Amanda Quintiliano - Especial para o EM