Aos olhos estáticos de Carlitos, a cidade é o palco com milhares de personagens, ações e destinos. Cada pessoa tem sua dinâmica: uns vão, outros voltam, param, respiram, seguem seu curso. “Sou espectador de um grande espetáculo de arte em movimento”, conta José Carlos Gomes, de 45 anos, professor de arte cênica e, dependendo da inspiração, pronto para se transformar no imperador Júlio César, em celestial arcanjo ou no Carlitos imortalizado por Charles Chaplin.
Numa das entradas do Mercado Central, na esquina da Avenida Augusto de Lima com a Rua Curitiba, a artista de rua Shirley Climene Bráulio atrai os olhares com sua Charlotte, a “camponesa francesa” vestida de verde dos pés à cabeça, com rosto pintado na mesma cor e carregando um cestinho de vime. Quem faz um elogio ou oferece uma contribuição vê a estátua viva girando o corpo, e é imediatamente convidado a retirar uma mensagem da caixa.
Minutos de fascinação