Moradores de Mariana, na Região Central de Minas Gerais, amargam longas filas de espera na unidade de atendimento do Departamento de Trânsito (Detran) da cidade. A espera por atendimento de vistoria veicular tem chegado a dois meses o que tem deixado moradores revoltados com a demora.
"Cheguei às 4h da madrugada para tentar ser atendido a partir das 14 horas, quando achei que ia ser atendido, simplesmente o agente da vistoria disse que não tinha mais senha" conta o mecânico, José Claudino, que tenta há dois meses uma vistoria no carro que comprou para que o trâmite da transferência de propriedade seja realizado.
Outro morador, Eduardo Henrique, conta que durante os 40 dias que tem ido à unidade de atendimento do Detran de Mariana nunca recebeu senha, nem um agendamento eletrônico e que o atendimento é feito por ordem de chegada.
Na última tentativa feita pelo morador, na quinta-feira (31/3), ele conta que os agentes estavam distribuindo apenas 15 senhas por dia. “Fui várias vezes lá, as pessoas estão deixando o carro dormir por dois dias na fila. Não tenho condições de deixar meu carro lá porque uso para trabalhar, nesse dia devia ter em média uns 30 carros na fila”.
A unidade de atendimento do Detran de Mariana, fica próxima à Rodoviária da cidade e, segundo o morador, a fila formada em busca de atendimento tem causado dificuldades de entrada e saída dos ônibus que usam o terminal.
O que a Polícia Civil diz
De acordo com o delegado da Delegacia Regional da Polícia Civil de Mariana, Cristiano Castelucci Arantes, a demora no atendimento não tem relação com a greve da Polícia Civil. Segundo o delegado, o que impactou o serviço de vistoria nos últimos meses foi a retirada de um funcionário pela prefeitura.
“A Polícia Civil contava com dois vistoriadores, sendo um da Guarda Municipal cedido pela prefeitura de Mariana e outro vistoriador da Polícia Civil. Agora o setor de emplacamento e vistorias conta apenas com um vistoriador da Polícia Civil”.
Castelucci Arantes afirma que antes da saída do servidor da prefeitura eram feitos 40 atendimentos por dia e que as reclamações sobre as filas já aconteciam com dois vistoriadores. O delegado alega que outro motivo da grande espera é o aumento da demanda por atendimento que vem acontecendo.
“Há 10 anos a cidade contava com 12 mil veículos e hoje a frota são de 40 mil devido à expansão da mineração na cidade e o número de servidores da Polícia Civil permanece o mesmo. Não vejo uma movimentação do governo de Minas em enviar mais servidores para cá”.
Além da falta de servidores da Polícia Civil, o delegado conta que tanto o mobiliário como computadores estão velhos e estragados o que dificulta o atendimento. “Não temos servidores e nem equipamentos, mas reclamações têm muitas”.
Em resposta, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) - órgão responsável pelo Detran - disse à reportagem que os atendimentos na unidade de trânsito de Mariana estão ocorrendo e eventual demora no atendimento acontece em razão do aumento da demanda.
Com o objetivo de organizar a fila de espera e dar mais celeridade aos atendimentos, a PCMG estuda a implantação do sistema de agendamento eletrônico e que os casos excepcionais serão analisados pelo delegado responsável.
A PCMG não informou à reportagem quando o sistema de agendamento eletrônico será implantado e também não informou se colocará mais servidores da Polícia Civil com atribuições pertinentes ao licenciamento e vistoria de veículos.