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Estado de Minas DESASTRES NATURAIS

Minas Gerais é o estado com mais desastres naturais nos últimos 10 anos

Levantamento da CNM mostra que Minas lidera o ranking entre os estados, com 8.095 ocorrências; Bahia aparece na sequência, com 5.441


07/04/2022 13:04 - atualizado 07/04/2022 15:14

BR262
Rodovia BR-262, que liga Minas e Espírito Santo, em fevereiro de 2022, com trechos desabando barreiras e buracos após as chuvas de janeiro (foto: Mateus Parreiras/EM/DA Press)
Minas Gerais lidera o ranking de desastres naturais entre todas as 27 unidades federativas do Brasil nos últimos 10 anos, de acordo com estudo feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e divulgado nesta quinta-feira (7/4). Ao todo, foram 8.095 registros no estado de 2013 até 2022.
 
A CNM definiu como desastres naturais ocorrências por: estiagem ou seca (41,3%); doenças infecciosas virais, como o coronavírus (27,6%); chuvas (8,3%); enxurradas (4,2%); vendavais (3,2%); inundações (3,2%); incêndios florestais em parques (2,1%); alagamentos (2,2%); incêndios florestais em áreas não protegidas (1,7%); chuvas de granizo (1,4%); deslizamentos (1,3%); e demais, não especificados (3,4%).

Número de ocorrências
Número de ocorrências (foto: Soraia Piva/EM/DA Press)
O segundo colocado no ranking é a Bahia, que está relativamente distante de Minas Gerais. O estado baiano teve 5.441 desastres naturais nos últimos 10 anos, enquanto a Paraíba fecha o "pódio" dos desastres neste recorte temporal, com total de 4.407.

Presidente da CNM, Paulo Ziulkoski não elege outro motivo para o grande número em Minas e demais estados. Para ele, é claro que a intervenção humana interfere na maioria dos desastres.
 
"Atribuo isso tudo a uma questão da natureza, mas muito provocada pela intervenção humana. Lógico que pode ter um componente, no caso de chuvas de Minas mesmo, Petrópolis recentemente, Rio Grande do Sul com a seca, que acabam se aprofundando quanto ao clima, mas é uma consequência da forma como a economia está andando, é toda produção, ocupação do solo, gestão ambiental em seu conjunto. Nestes casos, há também os aglomerados urbanos, que são as cidades. Se olhar por cima, no caso de chuva, não tem mais nem infiltração, não tem mais onde infiltrar a água, o que acaba por levar a alguns desastres", afirmou, ao Estado de Minas

O pico de desastres naturais em um ano é justamente do líder Minas, no ano passado. Em 2021, o território mineiro registrou 2.436 ocorrências, segundo a CNM. Minas Gerais também tem a segunda posição no número de desastres em um ano, com 2.348 em 2020. O terceiro maior número pertence à Bahia, com 1.210 registros também no ano retrasado.

A CNM se baseou no total de decretos municipais expedidos pelas prefeituras entre 2013 e 2022. Todos os estados brasileiros tiveram, pelo menos, um desastre natural ao ano nos últimos 10 anos.

Com os números divulgados, nota-se que Minas Gerais tem mais da metade - 54% - dos decretos relativos a desastres ambientais no país nos últimos 10 anos. Quanto às regiões, contudo, o Nordeste lidera, com 46,8% dos decretos, seguido de Sudeste - região de Minas -, com 22,6% e Sul, com 16,1%.

Mais de um Brasil afetado


A CNM também levantou o número de pessoas afetadas pelos desastres naturais no período determinado - 1 de janeiro de 2013 e 5 abril de 2022. Ao todo, foram 347.441.381 cidadãos impactados no país nos últimos 10 anos.

O número equivale a mais de um Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país conta com cerca de 214,4 milhões de pessoas.

Número de pessoas afetadas entre 2013 e 2022
Número de pessoas afetadas (foto: Soraia Piva/EM/DA Press)
O ano em que as pessoas foram mais afetadas por desastres naturais foi em 2020. Ao todo, 83.073.219 brasileiros foram impactados por algum desastre naquele ano, marcado pelo início da pandemia da COVID-19 - o que ajuda a explicar o alto número.

"Passou a representar 27,6% do total (53.960 decretações) entre 2013 e 2022, correspondendo a 14.896 decretações que foram registradas a partir da necessidade de expedição dos decretos de calamidade sanitária pelos Entes municipais. Portanto, excepcionalmente nos anos recentes, a evolução dos dados são sensíveis à evolução da pandemia", diz trecho do documento da CNM.
 
Paulo Ziulkoski tem uma opinião de que a tendência para os próximos anos é de piora. O presidente da CNM considera que há pouco avanço histórico, uma repetição de eventos em determinados locais, e pouca ação.
 
"Eu, particularmente, tenho um pensamento que a situação só tende a piorar, nada acontece. Sou mais pessimista, infelizmente, gostaria de não ser. Há muita pouca coisa feita, tem mais coisa de quem faz o estrago do que a mitigação dele. No Brasil, são 360 milhões de pessoas afetadas, é muito lamentável, muito triste. Mas alguém, talvez, com a repercussão, possa olhar mais, para ver se a sociedade acorda um pouco, pois não diria que é culpa somente do governo, é um conjunto, todo mundo está nele, iniciativa privada e poder público", diz.

Também pesa no bolso


Os desastres naturais também pesaram no bolso do brasileiro nos últimos 10 anos. Segundo a CNM, o prejuízo econômico total foi de mais de 341,3 milhões de reais. Ele é dividido da seguinte maneira: R$ 44.614.059.301 do setor público e R$ 296.696.648.245 do setor privado.

A quantidade de danos materiais também foi contabilizada, com total de 5.235.050 obras ou edificações públicas ou privadas destruídas. Eles são tipificados entre: unidades habitacionais, instalações públicas de saúde, educação, de uso comunitário, prestadoras de serviços e de infraestrutura que foram danificadas e ou destruídas.


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