A Rota das Doceiras ficará mais perto para quem quer conhecer a tradição da produção de doces e quitandas e poder saborear as iguarias mineiras feitas pelos moradores do Distrito de Lapinha, em Lagoa Santa, a 35 quilômetros de Belo Horizonte.
Leia Mais
Minas Gerais é o estado com mais desastres naturais nos últimos 10 anosSuspeitas de raiva humana acendem alerta em MinasAtingidos pela tragédia de Mariana 'estreiam' em Corte no Reino UnidoParis é logo ali: Torre Eiffel em Lagoa Santa divide redes sociaisBarroso concede liminar contra proibição de cobrança de passaporte vacinalFilhotes de gatos são salvos por bombeiros dentro de tubulaçãoDefesa Civil emite alerta de chuva até a manhã de sexta (8) em BHFamílias ligadas ao turismo receberão auxílio emergencial, em CapitólioUm pedaço do vilarejo poderá ser apreciado na primeira feira da Rota das Doceiras, que vai acontecer neste sábado (9/4), das 8h às 16h, na recém revitalizada Praça Doutor Lund, Centro.
As 12 doceiras atuantes no distrito vão comercializar uma variedade de doces que, desde 2017, através do Conselho Municipal de Cultura e Patrimônio Histórico, tem o registro da prática de produção de doces e quitandas da Lapinha como Patrimônio Imaterial do município.
Junto com as 12 expositoras, no local vai ser montada uma cozinha rural que remete à vida do campo e promove um espaço para as pessoas tirarem fotos do cenário e levarem de recordação da primeira feira.
De acordo com a coordenadora do Receptivo Turístico da Lapinha, subordinado à Secretaria de Cultura e Turismo de Lagoa Santa, Marta Soares, a prática de produção dos doces passou por gerações.
O início da técnica remete ao século 18, por meio das jovens solteiras que no processo de preparação para o casamento aprenderam com as freiras dos conventos e, a partir dali, ensinaram às escravizadas que trabalhavam nas fazendas.
O início da técnica remete ao século 18, por meio das jovens solteiras que no processo de preparação para o casamento aprenderam com as freiras dos conventos e, a partir dali, ensinaram às escravizadas que trabalhavam nas fazendas.
A escolha do local se deu como forma de facilitar o acesso das pessoas a conhecer os produtos e sentirem vontade de conhecer o vilarejo que ficou fechado para visitação devido à pandemia da COVID-19.
“A feira da Rota das Doceiras faz parte da retomada das atividades econômicas do distrito e é uma entrega de um projeto aprovado pela Lei Aldir Blanc”.
Sabores e memórias da Lapinha
Marta Soares conta que a Rota das Doceiras é uma iniciativa que visa promover a ampliação da economia local ,que está em uma região onde estão o Parque Estadual do Sumidouro, a Gruta da Lapinha e o Museu Arqueológico da Lapinha.
Com isso, foi organizado um roteiro turístico, com o mapeamento dos domicílios de diversos produtores locais. Nesse roteiro é possível visitar as casas, conhecer os quintais de onde saem as frutas dos doces, das geleias e dos licores, acompanhar e conhecer um pouco mais a respeito da produção de doces, quitandas e artesanatos da região da Lapinha.
“O projeto Rota das Doceiras surgiu da necessidade de proteger o patrimônio por meio do turismo gastronômico e de experiência. Vimos que podíamos oferecer ao turista que visita a Gruta da Lapinha também conhecer a rota dos doces”, afirma Marta Soares, que também é moradora do distrito e aprendeu com a mãe o gosto pela gastronomia local.
A coordenadora do Receptivo Turístico da Lapinha conta que um de seus trabalhos tem como objetivo desenvolver projetos que promovam o local de forma a orientar os empreendedores do turismo de experiências a pensarem em suas práticas e identificarem formas de incrementar os negócios, transformando os serviços em experiências memoráveis para o visitante.
“É fazê-lo se sentir em casa, apreciar uma mesa de café colonial mineiro, visitar a horta cultivada pela família e sair dali com o coração envolvido na memória afetiva”.
Tradição e renda
Dentro da família de Sebastiana Lourdes, conhecida como dona Fiota, tudo começou quando os sogros trabalhavam na fazenda Samambaia, pioneira na fabricação e comercialização de goiabadas na região.
Dona Fiota, de 63 anos, conta que para completar a renda da família os sogros vendiam doces caseiros e rosquinhas para os operários que trabalhavam no asfaltamento da estrada até a Gruta da Lapinha.
“Durante esse período, eu e meu esposo aprendemos as receitas e ficamos por mais de 20 anos trabalhando juntos”.
A mais experiente atuante em vida da Rota das Doceiras, Laurinda Augusta, conhecida como dona Lôra, de 86, conta que o fazer dos doces foi aprendido ainda criança, quando era preciso subir em um banquinho para poder observar a tia preparando os bolos, biscoitos e sobremesas.
Com 40 anos de experiência em comercializar os sabores da família, dona Lôra conta que a vitalidade vem justamente da tradição que envolve a transmissão dos saberes tradicionais da família.
“Vou poder levar para a feira no Centro de Lagoa Santa um pouco da tradição que aprendi com a minha tia. Meu carro chefe será o doce de pau de mamão, mas levarei também para a feira o doce de limão recheado com doce de leite, doce de abóbora com coco, doce de laranja da terra e o doce de pequi com leite”.
Protegido pelo estado
A diretora de Turismo e Cultura conta que o atual registro da prática de produção de doces e quitandas da Lapinha como Patrimônio Imaterial do município ainda não está de acordo com as exigências do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) para ter o reconhecimento em nível estadual.
Para obter o registro estadual com o propósito de aumentar a pontuação do ICMS Cultural, a diretora de Turismo e Cultura de Lagoa Santa está trabalhando um dossiê que vai registrar todo o método de fazer e toda história centenária dos doces da Lapinha.