Ouro Preto – O primeiro “brado retumbante” ecoou em Ouro Preto, na Região Central de Minas, cinco meses antes de dom Pedro I (1798-1834) proclamar a Independência do Brasil às margens do Rio Ipiranga, em São Paulo (SP).
Em 9 de abril de 1822, data que completa hoje 200 anos e terá comemoração cívica na cidade, o então príncipe regente do Reino Unido do Brasil anunciou ao povo de Vila Rica “que os laços do despotismo não prevaleceriam sobre os anseios de liberdade e independência”.
“Estamos celebrando o bicentenário do juramento de dom Pedro I ao povo de Ouro Preto”, diz o prefeito do primeiro município brasileiro a ser reconhecido como patrimônio mundial, Angelo Oswaldo.
Pesquisador da história local, integrante do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele destaca que o príncipe regente e futuro imperador do Brasil foi recebido festivamente, rendendo homenagem a Vila Rica (antigo nome de Ouro Preto), da sacada do Palácio dos Governadores, “e ganhando apoio para a jornada rumo à proclamação do dia 7 de setembro”.
Pesquisador da história local, integrante do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele destaca que o príncipe regente e futuro imperador do Brasil foi recebido festivamente, rendendo homenagem a Vila Rica (antigo nome de Ouro Preto), da sacada do Palácio dos Governadores, “e ganhando apoio para a jornada rumo à proclamação do dia 7 de setembro”.
A celebração do bicentenário da Proclamação de Vila Rica e o início das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, ocorrida em 7 de setembro de 1822, será hoje, às 10h, no adro do Palácio dos Governadores, atual Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, que fica na Praça Tiradentes, no Centro Histórico.
A promoção do evento é da Prefeitura de Ouro Preto, com apoio da Escola de Minas da Ufop. Na solenidade, estará presente o príncipe Dom João de Orleans e Bragança, conhecido como Dom Joãozinho, tetraneto de Dom Pedro I.
CADEIRA HISTÓRICA
Na sacada do antigo Palácio dos Governadores, construção de meados do século 18, Dom Pedro I fez seu discurso à população de Vila Rica, então capital da província de Minas. Nesse prédio ocupado pelo Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas, equipamento cultural temporariamente fechado à visitação, há um busto em bronze do príncipe, que fez parte das comemorações dos 150 anos da Independência, o sesquicentenário, em 1972.
Na solenidade em Ouro Preto, os convidados poderão ver uma peça histórica importante. Trata-se da cadeira na qual o príncipe regente se sentou durante cerimônia em Cachoeira do Campo (atual distrito), na viagem de 1822 a Vila Rica. Em 1881, ao visitar Cachoeira do Campo, dom Pedro II (1825-1891) também se sentou nessa cadeira.
Tombado como patrimônio cultural do município de Ouro Preto, o móvel se encontra sob a guarda da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, sede paroquial de Cachoeira do Campo. Especialmente trazida para a solenidade deste sábado, a cadeira é destinada ao príncipe Dom João de Orleans e Bragança.
COMPROMISSO
“Na sua segunda viagem a Minas, Dom Pedro I permaneceu durante muito tempo e visitou vários lugares. “A vinda dele funcionou como um termômetro. Ele queria sentir o ‘calor’ da população em Vila Rica, São João del-Rei e outros núcleos, pois estava descontente com a corte portuguesa que o queria de volta a Lisboa”, explica o professor.
No célebre 9 de abril de 1822, destaca Bohrer, “o príncipe regente firmou um compromisso constitucional, mostrando que queria governar com a Constituição, com os deputados eleitos”, e afirmando que o governo de Portugal era despótico, uma característica dos soberanos absolutistas. “Portanto, a viagem a Minas foi para sentir os ânimos e fazer um pronunciamento antidespótico, para se mostrar um possível monarca das luzes, sem a opressão do passado português”.